As cenas do Bairro
Sujo: um policial é ferido na tasca maldita
Entra em cena novamente a tasca de
Antônio Fernandes, à Rua Tiradentes nº554, onde regularmente se desenrolavam as
cenas mais degradantes e imorais.
Naquele antro imundo, anti-higiênico, cheio de miasmas, de
uma atmosfera repugnante, naquele antro teria alguma cena de sangue, dentro em
breve, se a polícia não providenciasse alguma atitude, dizia o jornalista.
A polícia seria a única responsável, que as desordens
quotidianas se transformavam em crimes horripilantes.
A culpa recairia toda sobre ela. A ela cabia evitar o mal
que se propagava assustadoramente.
Ontem, 2 de agosto de 1916, ocorrera ali uma desordem que,
era uma bela promessa: Rosalino Jorge, ébrio e desordeiro conhecido, foi, como
de costume, à tasca de Fernandes e começou a beber em companhia de outros. Não
tardou o álcool a produzir os seus efeitos em Rosalino e seus camaradas.
Discutiram a valer. Da discussão, chegaram à via de fato. Houve punhais, facas
e revólveres arrancados. A confusão foi enorme. O guarda nº21, do 1º posto,
quis fazer cessar a desordem. Rosalino, não se conformando com a sua presença
ali, começou a ofendê-lo com palavras ásperas e chegando a dar-lhe um talho na
mão esquerda.
O guarda, sentindo-se ferido, apitou por socorro.
Compareceram dois companheiros que o auxiliaram a efetuar a prisão de Rosalino.
Este foi recolhido ao xadrez do 1º posto e, no dia seguinte,
seria posto de novo na rua e tornaria a frequentar a tasca imunda.
As cenas do Bairro Sujo: a tasca maldita é varejada pela polícia
Dia 5 de agosto de 1916, à noite, o
ajudante Abarahy, acompanhado de alguns guardas, deu uma batida nas bodegas do
Bairro Sujo.
A primeira a ser visitada foi a célebre tasca maldita de
Antônio Fernandes, à Rua Tiradentes nº554.
“Ora, até que enfim, vai começar a Inana”, concluía o
jornalista de O Rebate.
De novo a bodega do
Fernandes
Começaram de novo as badernas no Bairro
Sujo, à Rua Tiradentes, na bodega de Antônio Fernandes.
Um soldado da escolta que conduzia os presos de Canguçu para
esta cidade, dia 7 de setembro de 1916, às 22 horas, embriagou-se, promovendo
grossa “baderna” no local acima.
O soldado principiou por espancar a mulher Maria Marta,
sendo preso à ordem do Sr. Delegado de polícia, e entregue ao comandante da
escolta.
Medida louvável: saneamento da “Encrencópolis”
Sábado último [09.09.1916], pelas 23
horas, o Sr. tenente Luiz Felipe Abarahy, ajudante do 1º posto, acompanhado de
alguns guardas, deu uma batida na celebrizada bodega do português Antônio
Fernandes, na Encrencópolis,
efetuando a prisão dos indivíduos Gilbert Felix, Antônio Dias, Manoel Teixeira,
Fernando Pereira, Bernardino Carlos Pinto, Amaro Porto, Alípio Bandeira, José
Freitas, Arlindo Barbosa, Walter Rosa, Adolfo Freitas, Hermínio Rodrigues,
Manoel Gonçalves, Octavio Fagundes de Oliveira, José Gonçalves e das mulheres
Cândida Palácio, Máxima Maria da Silva, Honorina Machado e Ignez Ferreira da
Silva.
Toda essa assembleia,
que ali promovia desordens, foi recolhida ao 3º posto.
A polícia ordenou também o fechamento da pocilga.
Digno de aplausos era por certo essa medida, que de há muito
se tornava necessária, pois, como era sabido, a bodega de Antônio Fernandes era
ponto de terríveis desordeiros, que ali cometiam toda a sorte de tropelias, concluía
o jornalista do Opinião Pública.
Agressão à navalha no “bairro
sujo”
Ontem, 17 de novembro de 1916, às 21
horas, o indivíduo Antônio Fernandes, depois de beber demais, em uma tasca à
Rua Tiradentes nº554, encontrou-se com sua ex-amásia Joana Tertuliana Rodrigues
e, por motivos de ciúmes, teve com ela uma troca de palavras.
Fernandes, que é um indivíduo de maus instintos, puxou de
uma navalha, fazendo-lhe os seguintes ferimentos: um na cabeça, um no pescoço e
outro no ombro direito.
Comunicando o fato à polícia, esta compareceu ao local,
efetuando a prisão do agressor, que tinha a navalha oculta na botina e negou
ter sido o autor da façanha. A vítima medicou-se na Santa Casa.
Agressão à navalha
Esteve na redação de O
Rebate, dia 18 de novembro de 1916, o Sr. Antonio Fernandes, proprietário
da bodega sita à Rua Tiradentes nº554, e disse-lhes que não fora ele, e sim o
indivíduo Isac Mascarenhas, amante de Joana Tertuliana Rodrigues, que agredira
a navalha, a mesma mulher.
O fato, disse o referido senhor, passara-se na rua, e não
naquele estabelecimento.
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(*) Extraído do livro, ainda inédito, A
princesa do vício e do pecado
Revisão do texto: Jonas Tenfen
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