sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Barros, o Mulato, e a Frente Negra Pelotense




                                                           “Os homens são superiores uns aos outros não                                                       pelas raças, mas pela instrução e pela cultura”.
                                      Rodolfo Xavier

        

         Em 26 de março de 1933, o jornal Alvorada em artigo denominado Centros de Cultura, assinado por Rodolfo Xavier, apelava aos intelectuais negros, “pois que aqui os há e competentíssimos”, para a fundação de um Centro de Cultura igual “aos da Frente Negra de São Paulo, abstraindo discussões de raças e de preconceitos”, tendo em vista exclusivamente o levantamento moral e intelectual da “raça” por meio de reuniões e preleções, de aulas noturnas e tudo quanto pudesse cultivar a inteligência da mocidade negra.
         A ideia prosperou, e, nos primeiros dias do mês de setembro daquele ano, a imprensa de Pelotas divulgava o seguinte comunicado da nova entidade criada na cidade: “Temos a honra e a mais grata satisfação de levar ao conhecimento de V.S. que fundamos nesta cidade uma congregação educacional a qual se destina a espalhar pelo povo etiópico pelotense, a luz da instrução, cooperando assim para debelar o flagelo do analfabetismo e implantando entre o nosso povo a crença de que a nossa Pátria só será poderosa pela cultura de seus filhos.
         Dado o nosso amplo programa, a nossa entidade, restritamente educacional, denomina-se Frente Negra Pelotense, e terá como dever: incentivar com vigor a campanha pró-alfabetização, instrução e educação, especialmente dos filhos da raça.
         Pela Frente Negra Pelotense: o secretário geral Humberto de Freitas”.
         É importante destacar que, na época, o analfabetismo entre os brasileiros era de 70 por cento, e o Brasil apresentava o maior coeficiente de analfabetos na América do Sul.
         Dia 27 de dezembro de 1933, o Diário Liberal noticiava que se realizara com todo o brilho, no dia 25 daquele mês, na sede provisória situada à Rua General Argolo nº 415, a Assembleia Geral da associação Frente Negra Pelotense.
         Os trabalhos foram assistidos por grande número de associados e pessoas interessadas, transcorrendo durante todo o tempo que durou a assembleia, no maior entusiasmo.
         Além de serem discutidos os Estatutos, “que provocaram acalorados debates” foram, também, ventilados vários assuntos de interesse da entidade.
         A Frente Negra Pelotense recebeu dos organizadores do 1º Congresso Afro-Brasileiro o seguinte telegrama: “Afro-Brasileiro agradece apoio, solidários espera representante”.
         E assim, aos 4 dias do mês de novembro de 1934, o pintor pelotense Miguel Barros, “[...] jovem artista, que por mais de uma vez  já revelara a Pelotas as suas excelentes aptidões através de magníficos trabalhos, vai a Recife expor uma bela coleção de telas, aproveitando a instalação do congresso Afro-Brasileiro a ser ali realizado”.
         Prosseguindo, diz ainda a notícia que certamente Miguel Barros obteria, na capital pernambucana, o êxito a que fazia jus por seus reconhecidos méritos.


Miguel Barros em Pernambuco

         O texto de Miguel Barros, o Mulato, que ora divulgamos, na íntegra, foi publicado no Diário de Pernambuco de 20 de junho de 1935:
         “É verdadeiramente contristador que assistamos hoje aos ataques depreciativos, que de várias partes têm surgido, contra as organizações negras.
         A campanha anti-frentenegrina é dirigida por Gustavo Barroso.
         Conforme proclamações feitas pela Frente Negra, não possui o caráter de combatividade racial que querem nos emprestar.
         Nossa campanha de educação e unificação visa, conforme se deduz, elevar o nível do negro até agora num plano de inferioridade.
         O preconceito do qual se dizem tantos prós e contras é uma questão única, que só pode ser falada por aqueles que realmente o sentem com todas suas restrições humilhantes.
         As acusações de que as organizações negras surgiram após ordens de Moscou, é uma prova de desconhecimento completo de muitos acontecimentos de após abolição que se realizaram no intuito de restringir o mais possível o pensamento de inferioridade que sobre o negro fazia: consideração que a abolição positivamente não acabou.
         Que escritores de mentalidades evoluídas afirmassem elogiosamente o serviço prestado pelo preto, é bem certo, mas não impediu isto que se tirasse da mente brasileira as teorias de Gobineau.
         Se não existem associações com o nome de Frentes é uma questão somente de rótulo, pois existem os clubes italianos, sírios, portugueses, alemães, etc., onde se fazem as apologias a raça que pertencem, procurando conservar tradições, propagar sistemas de governo e tudo lhes dizer respeito, e nem por isso a unidade nacional foi abalada.
         Porque, e então, que quando os negros, que atualmente são os mais nítidos brasileiros, procuram congregar e elevarem-se intelectualmente contribuindo pelo progresso brasileiro, surgem comentários ridículos, cheios de inverdades, procurando caracterizar o movimento diferentemente do que ele realmente é.
         Ao comparecer eu ao Congresso Afro-brasileiro, e informado disso Gustavo Barroso, mas, creio, sem saber o motivo porque lá estive, deu-me credenciais de agente comunista.
         Não sabia certamente que representava a Frente Negra Pelotense.
         Que ela, apesar de ter sido fundada em 1933, foi composta também com os remanescentes de duas anteriores associações negras que lá já existiam, e não por ordens de Moscou, mas pela necessidade sentida pelo elemento de cor, diminuído em sua condição de brasileiro.
         A primeira campanha foi a do ‘Centro Monteiro Lopes’ que nasceu quando na Câmara pretendiam esbulhar o mandato daquele deputado pernambucano, eleito.
         A organização reergueu-se com a denominação de ‘São José do Patrocínio’ em 1920, quando por inauguração do primeiro teatro local, não se permitiram a entrada de negros na plateia.
         Desde lá, vinham os pretos tratando da organização para a sua defesa intelectual e moral que permitiria diminuir com o enlevamento, o preconceito que sobre nós é atirado.
         Com o ressurgimento destas duas iniciativas, por gente moça e mentalidades maduras, já treinadas nas campanhas anteriores, levantou-se a Frente Negra Pelotense.
         Sentindo sempre as investidas impatrióticas dos preconceituosos foi que a F.N. Pelotense se organizou e tivemos a par de tantos outros casos, no mesmo teatro 13 anos após a sua fundação, a negação do proprietário, quanto a apresentação em seu palco de um conjunto teatral composto de elementos de cor de Pelotas.
         O contrato estava quase feito, quando o proprietário soube que os artistas eram negros, o qual com o orgulho ofendido disse apontando para as galerias: ‘Negros só lá para cima’.
         Outro proprietário de uma empresa exclusiva de filmes, interrogado por que não permitia negros em seu cinema de luxo, disse que a plateia  preferia ter a seu lado uma meretriz branca a um negro ou negra, e se os permitissem ficaria com o cinema vazio.
         Foi também no início da F. N. P. que tivemos notícias particulares  e pela imprensa, do que ocorreu em São Leopoldo, centro colonial alemão, onde o integralismo tem um dos seus baluartes nos Pampas. Por ocasião da inauguração da praça central, o prefeito proibiu ‘negros e meretrizes sentarem nos bancos da referida praça’.
         Em São Paulo, no começo de 1930, a proibição a entrada de negros em uma casa de diversões, permitiu que se levantassem mais uma vez os pretos, o que culminou nos 20 mil frentenegrinos da F. N. Brasileira.
         Lá, também, sobressaindo da quantidade dos fatos preconceituosos, foi que em uma cidade do interior, uma devota lembrando-se do cortejo de certa procissão, uma criança negra vestida de anjo, juntamente com outras meninas brancas, assim trajadas, o fez; mas, o pároco, indignado disse: ‘onde você viu anjo preto?’ os de cor, revoltados, espancaram o padre e a procissão não chegou a realizar-se.
         Em todo o Brasil são notórios os casos como o de Pernambuco, em Garanhuns, onde o colégio das freiras não aceitou uma criança de cor, para seus bancos escolares. Isto não ocorre somente hoje, sempre o foi, e para remontar a alguns anos, veja-se na Lanzeta de Agostinho Bezerra, em dois de seus números, fevereiro e março de 1913, o protesto lançado por aquela revista contra idêntica proibição, feita naquela época, pelo colégio das freiras, São José, que ontem como hoje se desculpou com: ‘buscam poupar humilhações a crianças de cor, aos atritos que podem ocasionar entre as meninas de espírito ainda em formação, que convivem sob o mesmo teto.
         Em Pernambuco nota-se certa amenidade relativamente com o Sul, mas não quer isto dizer, que o preconceito não exista e que, além das proibições escolares, da não aceitação de empregados de cor para caixeiros de lojas, dos anúncios, como no resto do país, nas seções populares de ‘precisa-se de uma empregada branca, ou oferece-se ao comércio, um rapaz branco, etc.’.
         Os fatos antigos não deixaram de ser repetidos, e os letreiros, garrafais, de uma barbearia de Recife antigo: ‘brancos todos, pardos alguns e negros nenhum’, parece que ainda é a sintetização da consciência brasileira.
         E houve um filósofo negro, desconhecido, que deixou um provérbio, perfeitamente real: ‘quando o branco come com o preto, a comida é do preto’, é o que ele sempre repetia quando via algum de seus patrícios na intimidade de um branco interesseiro.
         Não impede a amenidade relativa do preconceito em Pernambuco, que aqui também existam sociedades bailantes de negros e mulatos, onde o ‘branco’, da mesma condição social, não vai porque não quer.
         O preto viveu, e vive isolado, e a única representação que possuía eram as sociedades carnavalescas, única forma de associação que, sozinho, pôde compreender após o cativeiro, e que as F. N. querem o equilíbrio, com a criação de suas entidades de educação, de elevantamento moral, físico, intelectual e para a cordialidade nivelada racial.
         Há poucos dias, um diário carioca noticiava que, no Senado, havia um movimento para supressão dos homens de cor, que lá trabalhassem.
         O senador Cunha Neto, indignado, disse que o movimento não lhe constava existir, mas, caso houvesse, estaria pronto a defender os interesses dos ofendidos, mesmo porque no Brasil não existiam brancos.
         Isto é mais uma prova a todos os que protestam contra as F.N., desmentindo suas palavras; pois mesmo que o fato relatado não existisse, como poderia ter sido tornado público, se ‘realmente’ não houvesse falado a respeito?
         Porque seriam mais uma vez diminuídos em seus direitos de cidadãos, apesar de comentarem a insistência do preconceito entre nós?
         Nada disse de sua forma interior, da maneira última com que o negro é visto e sentido, e o deixo a sinceridade de cada um.
         E, apesar de todos estes comentários, todos os homens de cor, que se prezam e não renegam sua epiderme, por outros desprezadas, unem-se nas F. N. e trabalham por suas grandezas, moral e intelectual, como contribuição ao progresso brasileiro”.




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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Revisão do texto: Jonas Tenfen

Tratamento de imagem: Bruna Detoni

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

No mundo dos cortiços, (becos e corredores) de Pelotas (2)


                                                                                                         

                                                                                                          A.F.Monquelat



         Dando continuidade ao nosso trabalho sobre o mundo dos cortiços, e a origem de grande parte de seus moradores, destacamos aqui a matéria veiculada no Correio Mercantil de 17 de janeiro de 1888, sob o título de Assuntos do dia, na qual era dito que: “Contra a nossa expectativa e contra todas as convenções estabelecidas, têm dado nestes últimos dias algumas fugas de contratados dos estabelecimentos industriais desta cidade”.
         Um destes estabelecimentos, dizia o jornalista, o do Sr. Brutus Almeida, sem dúvida o mais importante em seu gênero, era o que por esse lado tinha sofrido maiores consequências e prejuízos, perdendo em menos de cinco dias vinte trabalhadores libertados “recentemente sob condição de serviços”.
         Este fato, além de outras fatais consequências, produzia sérios embaraços na marcha do trabalho e poderia ocasionar a paralisação do serviço industrial.
         Por mais abolicionista que fosse não poderia por forma alguma suportar em silêncio essa violação de contratos realizados em boa fé e sob a garantia de homens de confiança, dizia o redator do Correio Mercantil.
         Ainda sobre aquelas fugas voltava o Correio Mercantil, no dia 18 de janeiro de 1888, a informar que no dia anterior, “foram presos por particulares e polícias da Costa [do Arroio] e conduzidos para o estabelecimento industrial do Sr. Brutus Almeida, sete contratados do mesmo, dali fugidos”.
         E quanto ao 13 de maio de 1888 em Pelotas?
         Quanto ao 13 de maio, o jornal A Pátria, de 18 de maio de 1888, informava que o Centro Etiópico resolvera adiar para o dia 3 de junho, “quando termina a safra”, os festejos que estavam anunciados para o dia 27 de maio.
         O motivo de semelhante resolução claramente se depreendia do fato dos charqueadores terem nomeado uma comissão, entre si, e mandarem entender-se com o presidente do Clube Abolicionista, o Sr. Dr. Canabarro, afim de que ele, junto ao seu colega do Clube Etiópico, transferisse os seus festejos para um dos primeiros dias do mês de junho, visto estar acertado que os trabalhos das charqueadas findariam dia 31 daquele mês.
         No caso de os festejos populares ocorressem antes, contribuiriam muito em prejuízo dos fazendeiros da província e dos proprietários dos estabelecimentos industriais, pois as tropas em marcha à Tablada, que chegariam nos últimos dias daquele mês de maio, não poderiam ser disputadas e compradas se os charqueadores não contassem com braços para o serviço manual, porque, era de presumir que os 2.600 ex-escravos que iriam festejar “a aurora de sua liberdade”, não o fariam em menos tempo do que dois ou três dias.
         A partir da abolição, alguns órgãos de imprensa passaram a tratar, em especial aos ex-escravos como vagabundos e, para eles, chamarem a atenção das autoridades, como se pode ver pela notícia divulgada no jornal A Pátria, de 11 de junho de 1888, que fora informado “por pessoa fidedigna”, de que todas as noites reunia-se um número avultado de “homens de cor” na casa da Rua Santa Cruz, antiga moradia do Sr. tenente-coronel Brutus de Almeida, “atualmente desocupada”.
         Segundo o jornalista, esses indivíduos, sem eira nem beira, ali se reuniam e dali saíam, à noite, para praticarem todo o tipo de “roubos e tropelias”.
         Para tal fato, chamava o jornal a atenção da polícia.
         Enquanto isso, o major delegado de polícia ordenava “a muitos dos vagabundos” encontrados nos cortiços da cidade, que tirassem caderneta na câmara municipal e procurassem ocupação.
         Dia 14 de junho, voltava o jornal A Pátria a divulgar outra Revista nos casebres pelo Sr. delegado de polícia que, acompanhado do subdelegado de polícia do 1º distrito Sr. Pedro Batista Filho, do suplente Sr. Vicente José Ribeiro, comandante de polícia particular, escrivão e seis praças, continuando assim a percorrer os cortiços e casebres desta cidade no intuito de obrigar aos seus “inocentes” habitantes a munirem-se da respectiva caderneta e procurarem ocupação séria.
         O jornalista, para melhor informar aos leitores, acompanhou de perto as diligências.
         Notou ele que muitos “indivíduos vadios” possuíam a caderneta para “mais facilmente iludir a autoridade”, porquanto nelas nada continha por escrito que provasse o lugar onde trabalhavam e ao serviço de quem.
         A estes, advertiu a autoridade que, se fossem outra vez encontrados sem as declarações legais em suas cadernetas, teriam a correção conveniente.
         Outros, e nestes muitas libertas, disseram que em nada se ocupavam, pelo que foram imediatamente presas.
         Era incrível, dizia o jornalista, a quantidade de pessoas que moravam em “apertados e mefíticos [que tem cheiro repugnante, pestilento] corredores”, ainda divididos estes em seis e mais quartos. E acrescentava: “A imundície e a doença tem ali o seu império”.
         Merecia todos os louvores o Sr. delegado de polícia pela solicitude e energia que vinha praticando no empenho “de livrar a sociedade da ação dos vagabundos”.
         Ora, agora nos indagamos: terminada a safra das charqueadas, que outro destino teriam aqueles ex-escravos, que apenas conheciam outra atividade daquele mundo, despreparados e jogados ao abandono como ficaram, senão a de virem para a cidade?
         E a caçada aos “vagabundos” continuava, pois, dia 8 de julho de 1889, foram presas, e recolhidas ao xadrez da cadeia civil, “diversas mulheres de cor”, que, exercendo a profissão de criadas de servir, encontravam-se na vadiação há muito tempo e foram, pela polícia, encontradas em bailes públicos e orgias pela rua.
         Dia 10, foram as referidas mulheres, soltas e “entregues a diversos alugadores de seus serviços”, com a condição retornarem para a prisão se “voltarem à vidinha regalada”.
         Segundo o jornalista do Correio Mercantil, a polícia jurara não consentir na vagabundagem “que assolava a cidade”.


Esta imagem é meramente ilustrativa e não se trata de algum cortiço na cidade de Pelotas.


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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Revisão do texto: Jonas Tenfen       

sábado, 13 de agosto de 2016

No mundo dos cortiços, (becos e corredores) de Pelotas (1)

pelotasdeontem.blogspot.com.br

                                                                                                         
                                                                                                    A.F.Monquelat
                          


         Chamasse-se beco, corredor ou cortiço eram nestes insalubres recintos que iríamos encontrar, como moradores, as camadas mais pobres da população de uma cidade.
         Os habitantes destes locais, quase sem exceção, eram  alforriados, ex-escravos, contratados, operários, pobres, imigrantes, prostitutas e demais representantes das camadas sociais populares.
         Em Pelotas, o número destas habitações foi bastante expressivo, principalmente depois do 13 de maio de 1888.



         Embora estes locais fossem alvos de constantes inspecções, justificadas como necessárias por questões de higiene, a partir do 13 de maio de 1888, as visitas tinham uma outra finalidade: tentar evitar a “vagabundagem”. Com tal propósito, o Sr. Major Joaquim Alves de Macedo, delegado de polícia de Pelotas, auxiliado pelos Srs. Subdelegados  do 1º e 2º distritos e soldados da seção, deram início a visita nos cortiços, becos, corredores e demais habitações [das camadas pobres] da cidade onde “moram indivíduos empregados como criados de servir, afim de verificar qual deles não tinham ainda cadernetas” [espécie de carteira de trabalho da época].
         As referidas autoridades veriam quais os criados que não tinham emprego e as razões por que os haviam perdido, com o propósito de, “com a pena disciplinar de prisão por alguns dias, obrigar a todos ao trabalho”.
         Não tinha a imprensa senão palavras de louvor para semelhante deliberação da polícia, dizia o redator do jornal Correio Mercantil de 9 de junho de 1888, pois, daquela maneira, “poder-se-ia coibir a vadiação e forçar a empregarem-se dezenas de criaturas que vivem exclusivamente da ladroeira ou da mais desbragada prostituição”.
         No dia seguinte, continuou o major Macedo a visitar os diversos cortiços, becos e corredores existentes na cidade, “com o fim de obrigar ao trabalho aos vagabundos que neles se acoitam, e fiscalizar o serviço dos criados já munidos de cadernetas”.
         Inspeccionou também alguns casebres da parte oeste e depois os de algumas ruas da Várzea.
         Foram presos, na ocasião, por não terem ocupação “9 mulheres de cor, e uma branca”, que faltara com o respeito ao Sr. delegado de polícia, e bem assim “um preto ainda moço”, que era conhecido como ratoneiro [gatuno, larápio] e fora encontrado no dolce far niente [agradável ociosidade], em companhia de “uma preta”, na Várzea.
         Alertava o jornalista, para conhecimento dos interessados, de que a posse pura e simples de caderneta não excluía a prisão por suspeita de vagabundagem, porque muitos indivíduos havia que, acossados pela autoridade, foram matricular-se na câmara municipal como criados ou peões, sem terem efetivamente ocupação alguma.
         O que a muitos poderia parecer excesso de zelo da polícia, em referência aos indivíduos de profissão desconhecida, não era “nada mais do que uma salutaríssima providência para garantir a paz, a moralidade e os direitos da sociedade pelotense”.
         Dentro de pouco tempo, concluía o jornalista, os próprios favorecidos com a lei libertadora [Lei Áurea] seriam os primeiros a reconhecer a exatidão das suas palavras.
         E quem eram essas “dezenas de criaturas” as quais o jornalista se referia, para descobrirmos é preciso retroceder ao ano de 1884, ano do tão decantado abolicionismo pelotense, outro dos mitos que parte da historiografia pelotense criou:
         Dizendo tratar-se de um nobre procedimento, o jornal A Discussão de 29 de março de 1884 noticiava que os “distintos cidadãos” Srs. Francisco A. Gomes da Costa e Jacintho Lopes acabavam de praticar um ato magnânimo, “libertando todos os seus escravos” (grifos nossos).
         O Sr. Gomes da Costa concedera liberdade a 48 escravos, sendo 36 com a “condição de o servirem por 5 anos”.
         O Sr. Jacinto Lopes manumitira [alforriara] igualmente 60 escravos, com a “condição de o servirem por 5 anos”.
         O jornal louvava o procedimento daqueles ilustres cavalheiros que concorriam para a redenção de tantos infelizes, “presos pelas cadeias da escravidão, dando o primeiro passo para que Pelotas, dentro em breve tempo, seja a primeira cidade da província seguir o glorioso exemplo do Ceará”.
         Foram dezenas e dezenas as manifestações de “alforria” em troca de serviços, até por dez anos, divulgados como atos de “generosidade” pela imprensa pelotense, sem contar os de compras de escravos para obtenção de louvores e títulos, como este anúncio bastante esclarecedor publicado em julho de 1884: “Atenção – Quem tiver e quiser vender cincoenta escravos, preferindo-se velhos e adoentados, pela modicidade no preço, dirija-se a M. Filho, na rua Gonçalves Chaves, que saberá quem pretende [comprá-los]”.
         É fácil entender o motivo de tal interesse por “certos titulares das últimas fornadas”, que deixavam bastante visível os artifícios usados “para empolgar honrarias e louvaminhas”, assim que os libertasse.
         Aos 17 de maio de 1887, algumas pessoas interessadas na libertação dos contratados, “lembravam” ao Centro Abolicionista e aos “ilustres cavalheiros” que faziam parte daquela instituição, e em especial ao Sr. barão de São Luiz, para o fato de ainda estarem prestando serviços diversos libertos, cujo contrato de locação fora de dois anos.
         Estava prestes a completar 3 anos e não constava que tivesse dado por expirado um só prazo de locação de serviços.
         Ainda mais: alguns proprietários de escravos, que na época [1884] contrataram por instrumento público os serviços dos escravos, como era notório e fora bastante divulgado pela imprensa, não haviam vacilado em dá-los neste ano [1887] à matrícula [como escravos], sem “lembrarem-se de que cometiam um crime previsto pela lei ... o DE REDUZIR À ESCRAVIDÃO PESSOA LIVRE”.
         Lembravam também, aos “ilustres” membros do CENTRO ABOLICIONISTA, que era uma questão de honra não consentir que fossem burlados por pessoas de má fé, os esforços dispendidos em prol da liberdade dos escravos.
         Por isso, e por sentirem-se vexados perante o espetáculo repugnante que, “ainda há dias”, presenciara a população da cidade, de ver “transitar pelas ruas de Pelotas, acompanhado de um capitão de mato, um pobre preto amarrado brutalmente, sob o pretexto de ser escravo fugido, sendo que tal escravo era um dos libertos de 1884”.
         O jornal Rio-Grandense, de 6 de janeiro de 1888, sob o título de “Frutos da escravidão”, noticiava que no dia anterior [5.1.1888], apresentara-se ao Sr. major delegado de polícia, Sr. Serafim Alves, o preto Benedito, declarando ser contratado do Sr. Paulino T. Da Costa Leite, e haver sido surrado por um empregado da charqueada do Sr. Paulino.
         Benedito trazia ao pescoço uma grossa argola com um espigão de ferro, que foi mandada tirar pelo Sr. major delegado, a quem “ o infeliz contratado” se apresentara.
         Constava ao jornalista que Benedito iria intentar ação contra o charqueador, por ter a seu favor o art. 8 nº3 do Dec. Nº 9602 de 12 de junho de 1886.
         O Sr. Serafim Antônio Alves, aos 16 de janeiro de 1888, pelas páginas do jornal Rio-Grandense,  como “abolicionista convicto e sincero” que dizia ser, respondendo à redação do jornal A Pátria, que acusara os abolicionistas da cidade pelas fugas dos contratados, que a cada dia que passava eram mais elevadas, dizia não ser exagerada a proteção que dispensava aos libertos contratados, quando estes se lhes apresentavam seviciados e de ferros aos pés e pescoço, como “há poucos dias” acontecera com dois do Sr. Paulino Teixeira da Costa Leite, (que a Pátria tão abolicionista como diz ser, não quis dar notícia)”.
         Os contratados eram pessoas livres e não podiam ser castigados da forma que estavam sendo em algums das charqueadas da cidade.
         Noticiava o jornal Rio-Grandense, de 14 de fevereiro de 1888, que a gargalheira  continuava em ação, pois dia 12 daquele mês se apresentara ao Sr. subdelegado do 2º distrito o crioulo Manoel que declarou ser contratado do Sr. Antenor S. Barbosa e ter abandonado a charqueada daquele senhor em consequência dos maus tratos que ali recebia.
         Manoel trazia ao pescoço um enorme ferro em forma de cruz, que imediatamente foimandado tirar por aquela autoridade.
         Quando deixaria Pelotas de presenciar “essas cenas que nos envergonham e aviltam?”, indagava o jornalista.



                                                                                              Continua...
        
        
        

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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV

Revisão do texto: Jonas Tenfen       

quarta-feira, 10 de agosto de 2016


Se Pelotas não criou o charque, o charque e a escravidão inventaram Pelotas (parte 5 e última)



                                                                                                          A.F. Monquelat


É ainda no arroio Santa Bárbara, terras de Mariana Eufrásia da Silveira, que vamos encontrar a charqueada e olaria do tenente Balthazar Gomes Vianna, casado com Joana Margarida Pires da Silveira que, quando de seu casamento, recebeu como dote de seus sogros, o capitão-mor Francisco Pires Cazado e Mariana Eufrásia da Silveira, uma pequena porção de terreno sobre a margem do arroio Santa Bárbara, onde, ¨em 1799, se estabeleceu com Fábrica de charquear, casas de vivenda formada de tijolos e cobertas com telhas, e pátio cercado por muros¨.

Planta de Pelotas
Tal terreno, segundo o próprio Balthazar Gomes Vianna, estava localizado ¨no centro da data de que o dito Capitão-mor se achava de posse há mais de trinta anos¨.

Em nosso livro O Povoamento de Pelotas, ainda inédito, dizemos a certa altura do capítulo Pelotas, Terra de Esbulhos e Querelas que: ¨Entendendo estar ‘no legítimo domínio, pacífica posse e desfrute de uma pequena porção de terreno sobre a margem do Arroio de Santa Bárbara, no qual desde esse tempo [l799] se acha estabelecido [...], e há três anos [desde l8l2] com sua Fábrica de Olaria, em efetivo exercício’ resolveu ampliar suas instalações; e, para tal, deu início à edificação de ‘um pequeno galpão para uso e cômodo de sua Olaria, [bem como] um muro do pátio e cozinha da casa de vivenda’, quando, judicialmente, por Embargo proposto pelo Capitão Ignacio Antonio da Silveira, teve suspensas suas obras, e o que mais é, até [foi impedido de continuar] na tirada de barro, que sempre fez e estava fazendo, desde o estabelecimento da referida Olaria’ [...]”.

O Auto de Embargo:

         ¨[...], sendo aí o Juiz Vintenário do sobredito Distrito, Luiz Querino da Costa, junto comigo Escrivão da Vara do Alcaide da sobredita Vila, para efeito de darmos cumprimento ao Mandado de Embargo junto, passado a requerimento do Capitão Ignacio Antonio da Silveira e sua mulher, fomos em casa onde vive o mesmo Tenente Balthazar Gomes Vianna, para efeito de lhe  embargarmos, como com efeito embargamos, um galpão mencionado no requerimento junto dos Suplicantes; cujo galpão se acha levantado sobre pequenos  sítios e encaibrados com caibros finos, defronte de outro galpão já levantado, junto de um poço de tirar barro, tendo o sobredito galpão sessenta palmos, para mais, de comprido. E trinta, com pouca diferença, de largura nas cabeças. E assim mais embargamos ao Suplicado Tenente Balthazar Gomes Vianna, uma obra de muro, pegada com a casa do Suplicado nos pequenos fundos, do qual muro tem levantada e coberta de telha, uma metade de cozinha e forno, e outra metade estando somente encaibrada e enripada, e o sobredito muro por acabar, com cinco palmos, ou pouca diferença, de altura, e dezoito pelos lados ou bandas.
         E passando o dito Juiz, junto comigo Escrivão, ao lugar onde o Suplicado Tenente Balthazar Gomes Vianna tirava barro, perto do sobredito galpão mencionado, achamos três poços, a saber: um maior, com oito palmos de profundidade e cem de fundo, pouco mais ou menos, e outros trinta e tantos de profundidade; e outro do sobredito tamanho, pouco mais ou menos. E para constar, [...].”.

As terras de Mariana Eufrásia da Silveira

         “[...]: E revendo os mesmos, neles a folha três se acha o teor de Petição que a Suplicante requer na sua retro, que é da forma seguinte: Diz Dona Mariana Eufrásia da Silveira, que ela se acha há vinte e três para vinte e quatro anos, de posse pacífica de uma pequena data de terras entre o Arroio de Santa Bárbara e o Rio de Mirim, a qual povoou e cultivou até o presente, sem impedimento algum de seus vizinhos: e porque quer tirar um legítimo Título e para o qual lhe é necessário medir-se; portanto, Pede a Vossa Mercê Senhor Juiz Ordinário, Seja Servido mandar se citem os Éreos  Confinantes, lhes assinalando Vossa Mercê, o dia em que se devem achar para assistir a mesma medição, e receberá Mercê = Proceda-se a Medição requerida, e nomeio para Piloto, Bento Ribeiro, e para Ajudante da Corda, Ricardo Lopes. E nomeio o dia dez do corrente, que citadas as partes passe Mandado = Vianna, Cidadão pela Lei e Juiz Ordinário, com Alçada do Cível e Crime neste Continente & Mando a qualquer Oficial de Justiça, ou Vintena, que visto este meu Mandado, indo por mim assinado, que em seu cumprimento notifiquem ao Capitão José de Aguiar Peixoto e José Gonçalves Calheca e sua mulher para o dia dez na Fazenda de Santa Bárbara. Sete de dezembro de mil oitocentos e quatro. Eu, Policarpo de Freitas Noronha, Tabelião Público do Judicial e Notas neste Continente &.- Certifico que notifiquei ao Capitão José Thomaz da Silva, a Miguel da Cunha, ao Capitão José de Aguiar Peixoto e sua mulher, e ao Procurador de José Gonçalves Calheca, para a presente Medição. E dou fé, Antônio de Santa Bárbara, sete de dezembro de mil oitocentos e quatro”.

O juramento do piloto: “Aos dez dias do mês de dezembro  de mil oitocentos e quatro, nesta paragem denominada o Arroio Santa Bárbara, Termo da Vila do Rio Grande de São Pedro, aonde foi vindo o Juiz Ordinário João Rodrigues Vianna, comigo Tabelião de Seu Cargo, abaixo nomeado, sendo aí presente o Piloto demarcador, Bento Ribeiro, a quem o dito Juiz deferiu o juramento dos Santos Evangelhos, em um Livro deles, em que pôs sua mão direita, pelo dito Juiz, lhe encarregou, que debaixo do juramento que havia prestado, sem dolo ou malícia, amor e ódio, medissem e demarcassem os Campos da Autora, Dona Mariana Eufrásia da Silveira, viúva do falecido Capitão-mor Francisco Pires Cazado, e recebido por ele, o dito juramento, assim o prometeu fazer. E de como assim o disse, assinou o juramento com o dito Juiz. Eu Policarpo de Freitas Noronha, Tabelião, que o escrevi. Vianna = Bento Ribeiro da Fonseca. Nada mais se continha no teor da referida Petição, despacho, Mandado, fé de citação e juramento insertos nos ditos Autos. Depois do que, se via o Termo de pró-notificação e avaliação da agulha, que havia de servir para a soltura do reino, em que declarou o Piloto nomeado, estar a dita Agulha pronta para a mencionada soltura dos ditos reinos. Vindo-se logo também o Termo que prestou o Piloto Bento Ribeiro, de ter a corda com que se havia de fazer a medição, cincoenta e seis braças de comprido, e estas de dez palmos craveiros, bem capaz para a medição. Depois do que, se via o Auto da Medição, feito e lavrado no dia dez do mês de dezembro de mil oitocentos e quatro, na passagem denominada Costa do Arroio de Santa Bárbara, Termo da Vila do Rio Grande de São Pedro do Sul, sendo presentes o Juiz Ordinário, Tabelião do seu Cargo, Piloto  e o Ajudante da Corda, se deu princípio a medição no lugar de um marco, que tem na ponta do dito Campo, que divide os da Autora e dos Confinantes José de Aguiar Peixoto e sua mulher e José Gonçalves da Silveira Calheca, onde o dito Juiz mandou apregoar em alta e inteligível voz, por três vezes, se havia alguma pessoa ou pessoas; que tivessem  o que dizer à presente medição, viesse com Embargos no Termo da Lei. O que sendo feito, deu o Porteiro sua fé, não haver quem se opusesse à dita medição. A vista do que, se principiou a medição desde o marco que se achava encostado a outro marco, donde seguindo o rumo de Nordeste-sueste para o seu comprimento, teve início a dita medição de um marco que se achava encostado a um capão, que divide o dito Éreo José de Aguiar Peixoto. Dali, o rumo de Sueste corrente em meio de uma lomba, se buscou um marco debaixo, ao que não houve oposição alguma. Cujo marco de pedra, de duas faces em um quatro, tem a marca da Autora na margem, estando ao pé de outro marco do Confinante Peixoto. E seguindo o mesmo rumo de Sueste, se mediram quatrocentas braças, aonde se fincou um marco de pedra a outro de pau, que ali se achava caído, sendo este, judicial. Cujo pétreo marco era claro, chato e de quatro faces. E na parte do Sul, se riscou à margem a marca da Autora, tudo debaixo do pregão, cujo primeiro apareceu logo o Ereo José de Aguiar Peixoto, que pediu vista do dito marco, que lhe foi concedida sem suspensão do dito, que ficou fincado e servindo de divisa. E dali, seguindo a dita medição em rumo de Sueste, se mediu novecentas e quatro braças até findar uma Costa da restinga na Costa do Rio de São Gonçalo de Mirim, aonde se fincou um marco de pedra chata, de duas faces. E da parte Sul [ilegível] marca a margem, aonde se findou a dita medição no comprimento, cujo marco se fincou ao pé de outro marco de pau, ali juntamente colocado.
 
            Sendo apregoado pelo Porteiro, logo saiu Miguel Pereira, que pediu vista, sem suspensão da medição. E dali, procurando o segundo marco fincado na frente, e comprimento ao rumo do Sul corrente, se mediu oitocentas e quarenta braças até findar na Costa do dito Arroio de Santa Bárbara, aonde findou a medição de largura. Declarando o dito Piloto que o dito Campo tem a figura triangular, oblíqua angular, que vai dividindo pela frente Noroeste-sueste, com os marcos do dito José de Aguiar Peixoto e José Gonçalves da Silveira Calheca, e tem no seu comprimento mil trezentas e quatro braças desde o dito marco do Capão, até a Costa do Rio de São Gonçalo, e na largura oitocentas e quarenta braças na largura maior, que vai dividindo o dito Campo pela parte do Leste e Rio de São Gonçalo, que vai dando volta para o Sul, que voltando o dito Rio de São Gonçalo e de Santa Bárbara, que dividindo pelo Oeste, que vai seguindo o dito Rio por detrás da casa do Capitão Ignacio Antonio da Silveira, que vai findar no dito marco do mesmo Capão. Nada mais contém a descrição da referida medição, que me foi apontada pela mesma Suplicante”.

As charqueadas do arroio Pelotas

         Já outros charqueadores instalados às margens do arroio Pelotas devem tê-lo feito por volta de finais do século XVIII início do XIX, em áreas anteriormente pertencentes aos dateiros.

         Admitindo que José Pinto Martins aqui tenha chegado por volta de 1790, é possível que a instalação de sua primeira charqueada, às margens do arroio Pelotas, tenha acontecido em alguma daquelas datas na condição de arrendatário da área necessária para tal atividade.

         Quanto à ordem de instalação das charqueadas no arroio Pelotas, até então, não sabemos; porém, que às margens do arroio Pelotas os primeiros a ali estarem foram os colonos oriundos de Maldonado, é fato, hoje, incontestável.

                  

REFERÊNCIAS:

ARRIADA, Eduardo. Pelotas – Gênese e desenvolvimento urbano (1780 – 1835). Pelotas: Armazém Literário, 1991.

GUTIERRES, Ester J. B. Negros, charqueadas e olarias: um estudo sobre o espaço pelotense. 2ª ed. Pelotas. Editora da UFPel, 2001.

LOPES NETO, João Simões. Apontamentos referentes à história de Pelotas e de outros dois municípios da Zona Sul: São Lourenço e Canguçu. Edição organizada por Mario Osorio Magalhães. Pelotas: Armazém Literário, 1994.

__________. “Revista do 1° centenário de Pelotas”, n° 1 a 8, Pelotas, 1911/1912.

MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. Desfazendo mitos: notas à história do Continente de São Pedro. Pelotas, RS: Editora Livraria Mundial. 2012(a).

__________. “João Cardoso: dos Contos Gauchesco para a História”. In: RUBIRA, Luís (Org.). Almanaque do Bicentenário de Pelotas vol. 1, Santa Maria/RS: Gráfica e Editora Palloti, 2012(b). p. 241 – 263.

__________. O processo de urbanização de Pelotas e a Fazendo do Arroio Moreira. Pelotas: Editora da UFPel, 2010(a).

__________. O desbravamento do Sul e a ocupação castelhana. Pelotas: Editora da UFPel, 2010(b).

__________. O povoamento de Pelotas. Vol I e II. (inédito).

__________. Apontamentos para uma história do charque no Continente de São Pedro do Sul. (inédito).

MOREIRA, Ângelo Pires. Pelotas na tarca do tempo: primeiros tempos e freguesia. 1° vol. Pelotas: s/ed. 1988.

SILVA, Antonio de Moraes. Diccionario da língua portuguesa. 8ª ed. Revista e melhorada, vol. 1 e II, Rio de Janeiro: Empresa litteraria Fluminense, 1889/91.


Textos Manuscritos:

DOCUMENTAÇÃO do Processo de Antônio Francisco dos Anjos, para autorização de contratos para arrendamentos de terras em Pelotas no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1816/17.

                  . Do Processo de Litígio entre Baltasar Gomes Viana versus Inácio Antônio da Silveira, por terras no arroio Santa Bárbara no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1816.


                  . Do Processo de Litígio entre Gonçalo José de Oliveira e Silva versus Mariana Eufrásia da Silveira, por terras no arroio Santa Bárbara no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1815/16.


                  . Do Processo de Litígio entre Mariana Eufrásia da Silveira versus Inácio Antônio da Silveira, por terras no Distrito de Pelotas na Comarca do Rio Grande de São Pedro. 1813/19.
 
                  . Do Processo de Litígio entre Mariana Eufrásia da Silveira versus José Tomás da Silva, Miguel da Cunha Pereira e Inácio Antônio da Silveira, por terras no arroio Santa Bárbara no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1809/15.
 

REQUERIMENTO de Antônio Francisco dos Anjos, solicitando confirmação da carta de sesmaria das terras localizada no rio São Gonçalo no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1819.


                  . Do padre Pedro Pires da Silveira à rainha [D. Maria I], solicitando confirmação da carta de sesmaria das terras que comprou do tenente Manoel Carvalho de Souza no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1780/81.

 
Revisão do texto: Jonas Tenfen