Com a chamada de “Inaugurado Em Pelotas O Mais Luxuoso E
Moderno Hotel Do Interior do R.G.S.”, foi divulgada pela imprensa de Pelotas a
inauguração do Rex Hotel que, segundo os jornais locais, viera para suprir uma
grande lacuna na “Princesa do Sul”.
Pelotas, acompanhando o rápido desenvolvimento do Estado,
por onde, segundo a imprensa da época, o progresso caminhava a passos gigantes,
se renovava e se projetava no cenário como um dos municípios mais dinâmicos e
adiantados, revestindo-se de matizes novas, mais positivas e mais atraentes.
Não somente pelo seu crescente índice demográfico e seu grandioso parque
industrial e comercial, como também por outra série de fatores determinantes na
sua evolução, que a colocavam nessa posição privilegiada, tornando-a ponto
obrigatório de convergência de caravanas culturais e econômicas, que vinham
conhecer “este aprazível recanto do pampa”.
A cidade, entretanto, vinha se ressentindo da séria
deficiência da sua rede hoteleira que não conseguia alojar condignamente os
muitos forasteiros que aqui aportavam.
Não há muito, quando da disputa do Grande Prêmio Princesa do
Sul e, posteriormente, por ocasião da realização do Congresso Estadual de
Orizicultura, ocorrido nos dias 27 e 28 de fevereiro do ano de 1953, se viu
constrangida pelo fato de muitos participantes ficarem mal acomodados tais as
deficiências que foram notadas no comércio hoteleiro da cidade. Não poucas
vezes, importantes conclaves nacionais deixaram de se realizar em Pelotas,
devido ao sério problema de hotéis.
Não restava a menor dúvida, diziam os jornalistas, que o
forasteiro media o nível cultural e o progresso de uma cidade pela maneira como
era recebido e tratado, sendo o hotel quase como um cartão de visita para
aqueles que viajam. Nele, estava de certa forma impressa a maneira de viver de
um povo. Quem viaja, seja a negócios ou turismo, deve ser bem recebido. O resto
era de menor importância, porque ninguém deixa o conforto de sua casa e o
convívio de seus familiares para ser maltratado em uma hospedagem eventual.
A “Princesa do Sul” desde aquele dia, 26 de março de 1953,
já podia dizer que contava com um estabelecimento no gênero que muito a
qualificava, pois fora inaugurado “o luxuoso e moderníssimo” Rex Hotel, bem no
centro da cidade, à Praça Coronel Pedro Osório esquina Marechal Floriano.
O Rex Hotel estava instalado em edifício próprio, de cinco
andares, o qual fora construído para o fim a que estaria servindo. Fora
construtora do prédio a firma Ernesto Woebecke S.A. de Porto Alegre, sob a
orientação do engenheiro civil Dr. Ary Pavão.
Os proprietários do Rex
Hotel
O Rex Hotel, que fora construído pela firma Ernesto Woebecke
S. A. no curto espaço de 12 meses, era de propriedade dos Srs. Dr. José
Tavares, Osvaldo Fonseca e Dr. Solon Fonseca, os quais foram merecedores de
aplausos por parte de diversos segmentos da sociedade pelotense.
O ato de inauguração
Exatamente às 17 horas daquela quinta-feira, dia 26 de março
de 1953, perante autoridades locais, representantes da imprensa e inúmeras
outras pessoas especialmente convidadas, o Sr. Frederico Franck, funcionário da
Prefeitura, representando o Sr. prefeito municipal, à convite dos proprietários
do estabelecimento cortou a fita simbólica, sob “ruidosa salva de palmas”,
inaugurando, assim, o “mais aparelhado e moderno hotel do interior do Rio
Grande do Sul” – Rex Hotel.
Em seguida, tendo a frente os proprietário do Rex e as
principais autoridades, os presentes dirigiram-se ao bar do primeiro pavimento,
onde foram servidos champanhe e doces. Falando nessa ocasião o Dr. Maximiano
Pombo Cirne em nome da firma Rex Hotel Ltda..
Logo depois, os presentes, incluindo a imprensa, percorreram
as “luxuosas dependências” do Rex Hotel, acompanhados do engenheiro civil Dr.
Ary Pavão que, dentre outros dados, disse estar o hotel em condições de
acomodar cem hóspedes em modernos apartamentos dotados de água quente e fria,
excelente mobiliário e fina rouparia. O Dr. José Tavares, na ocasião, disse aos
presentes que em cada apartamento encontrava-se instalado um telefone para
servir os hóspedes.
O Rex Hotel dispunha ainda de um bar americano, onde seriam
servidas as mais finas bebidas, para maior conforto dos seus clientes.
As primeiras impressões
depois da inauguração
A imprensa ouviu alguns turistas uruguaios dos vinte e cinco
chegados no dia seguinte ao da inauguração do Rex e que ali se hospedaram,
sendo que foram unânimes em “exaltar a maneira cavalheiresca” com que foram
tratados pela direção e funcionários do Rex dizendo ao se retirarem, que quando
do regresso a Montevideo seriam os propagandistas da “fidalguia do povo de
Pelotas”.
Sobre a cidade, disseram os turistas uruguaios que não
imaginavam que Pelotas fosse a cidade que era, com “arranha-céus” e um comércio
digno de menção, demonstrando em tudo a onda de desenvolvimento econômico que
sacudia esta parte do Rio Grande do Sul.
A inauguração do Rex
Hotel sob outros pontos de vista
A inauguração do Rex Hotel, que passaria a funcionar nos
altos de A Principal, segundo o
jornal A Alvorada preencheria uma
lacuna, muito embora ficassem faltando hotéis modestos e decentes para sanar a
falta de acomodações, principalmente, quando havia afluência de colonos para a
cidade, como acontecia durante os carnavais.
Já, segundo um leitor, de um dos jornais da cidade, a falta
de hotéis era tamanha, que a inauguração de um hotel apenas não seria
preenchida, ainda mais por um hotel sem
refeições.
Sobre a loja A Principal
Não era nossa intenção inicial tratar da loja A Principal,
entretanto, para que o leitor não parta do pressuposto que a instalação desta
loja se deu juntamente com a inauguração do Rex Hotel, é importante salientar
que tal não ocorreu, pois a loja A Principal, seria inaugurada, segundo jornais
da época, nos primeiros dias de setembro de 1939.
O luxuoso magazine, que ocuparia o novo prédio à Praça
Coronel Pedro Osório, esquina da Rua Marechal Floriano, era iniciativa dos Srs.
A. N. Carvalho & Cia., que pretendiam dotar Pelotas de um estabelecimento
modelar.
A
inauguração de A Principal
Dia 2
de setembro de 1939, às 16 horas, a atenção da cidade voltava-se para a
cerimônia de abertura da casa A Principal.
Antes da inauguração, o povo que se aglomerava à frente do
central Edifício Fonseca ficou “deslumbrado ante a arte ultramoderna e de
requintada distinção” do vitrinista Francisco Conceição, que nos 11 mostradores
externos, exibiu parte dos finos artigos de moda para homens e mulheres,
destacando-se as confecções de Guaspari, de Porto Alegre.
Com o interior do novo estabelecimento repleto de
representantes das autoridades, associações, jornais e famílias foi procedido o
ato inaugural pelos Srs. Antônio Nunes Carvalho e seu filho Francisco Carvalho,
componentes da firma, os quais rodeado dos seus auxiliares mais próximos,
incumbiram o Sr. Nelson Ferraz Vianna, vice-presidente da Associação Comercial
para cortar as fitas das cores nacionais que separavam a loja das demais secções.
Rex Hotel - 2015 |
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Fonte de consulta:
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas Tenfen
Foto: A.F. Monquelat
Fantástico. Parabéns para quem esta resgatando essas noticias. Quem passa hoje pelo Rex Hotel não faz ideia da bela historia que ele esconde.
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