Ciclismo:
um esporte da elite pelotense ( parte 6 e última)
A.F.
Monquelat
A
prova de resistência organizada pelo Club Cyclista
Dia 4 de setembro de 1898, realizou-se a corrida sur roule organizada pelo Club Cyclista
para prova de resistência dos campeões da velocipedia pelotense.
Dos dez corredores inscritos, dois, Thaok e Boreas, não
compareceram.
Os oito restantes, às 9 horas em ponto, estavam alinhados no
largo do Mercado, em frente ao Lyceu [Escola de Agronomia Eliseu Maciel], e
partiram pela Rua 15 de Novembro em direção ao porto da cidade, a fim de
percorrer, no trajeto indicado, a distância de 12 km (duas léguas) fixada para
esta prova.
Apesar da hora matinal, muita gente se reuniu no ponto de
partida e no de chegada, com o propósito de apreciar a corrida.
Numerosos ciclistas também estiveram no local de partida e
acompanharam, em parte, o percurso dos corredores.
Às 9h27, chegava ao término da corrida o primeiro campeão,
Aventureiro (Sr. Hermmann von Huelsen Filho), montando a sua bicyclette
Hartford, norte americana, da fábrica Colúmbia, de que eram representantes, em
Pelotas, os Srs. José Carneiro & C., instalados à Rua Marechal Floriano nº
51.
Ao vencedor, coube o primeiro prêmio: uma medalha de ouro.
Cinco minutos depois, chegava o segundo colocado, que foi
Veloz (Sr. Justino Franco), em máquina Gritzner; e, logo em seguida, Rocambole
(Sr. Lourival Pinheiro), pedalando a sua Naumann (agentes nesta cidade os Srs. Gottwald
& C.).
Couberam, portanto, a Veloz e Rocambole os prêmios de 2º e
3º lugar na corrida, sendo àquele medalha de prata e a este menção honrosa.
Tupy, montando bicyclette Brennabor (alemã, agente em
Pelotas o Sr. Daniel Wiering), fez uma excelente corrida, mas fora prejudicado,
já próximo à chegada, na Praça da República [Praça Coronel Pedro Osório], pela
ruptura de um pneumático, acidente que o pôs fora de combate.
Os outros competidores foram: Vampa, em máquina Sypsia;
Aramis, Brennabor; Trapy, Concordia; e Favorito, em sua Clement (depósito no
Bazar Musical).
Foram juízes da corrida os Srs. Dr. José Brusque, Pompílio
Oliveira e Vasco Fagundes.
No dia 7 de setembro, o Club Cyclista faria um passeio
oficial ao Parque Pelotense, onde haveria festejos promovidos pela direção do
estabelecimento, e, nessa ocasião, seriam entregues os prêmios aos vencedores
da corrida.
Outras notícias
Constava que o Club Cyclista promoveria, dentro de pouco
tempo, uma diversão no Parque Pelotense ou no Prado com o propósito de reverter
a renda em benefício da Santa Casa.
A datada entrega dos prêmios foi transferida do dia 7 para o
dia 20 de setembro (feriado estadual, aniversário da revolução de 35), conforme
informação dada pelo secretário do Club, Sr. Myrtil Franck.
A entrega dos prêmios
A imprensa local anunciava que o Club Cyclista faria, dia 20
de setembro, no Parque Pelotense, a entrega dos prêmios aos vencedores da sua
corrida sur roule, ocorrida no dia 4
daquele mês de setembro.
O Club Cyclista partiria às 13 horas, em passeio oficial, da
frente do Lyceu, em direção ao Parque.
No Parque Pelotense
O Club Cyclista fez a entrega, aos Srs. Hermann von Huelsen
Filho, Franco Souza Júnior e Lourival Pinheiro, das medalhas de ouro, prata e
menção honrosa, respectivamente.
Em lugar previamente determinado, realizou-se a entrega,
fazendo uso da palavra o presidente do clube, Sr. tenente João Simões Lopes
Neto.
Após o ato da entrega dos prêmios, foi servida uma mesa de
doces e líquidos, sendo trocadas diversas saudações e também pronunciado um
discurso o Sr. Mário Artagão.
Da cidade, partiu para o Parque Pelotense uma coluna de 78
ciclistas, indo “vistosamente enfeitadas” as máquinas de algumas jovens.
Do Rio Grande, veio assistir à festa uma comissão de
ciclistas, a qual foi recebida por uma delegação do Club de Cyclistas.
Nova remessa de
bicicletas
Pelo jornal Correio
Mercantil do dia 4 de outubro de 1898, era comunicado que a casa Ed Le
Coultre & C. acabara de receber um variado sortimento de bicyclettes, de
várias marcas, tanto para passeio, como corrida e meio corrida, para homens,
senhoras e crianças.
Os irmãos Le Coultre, diretores da referida casa (Relojoaria
Suissa), andaram, na véspera, dia 3, circulando pelas ruas da cidade montando
uma tandem Ancora, fábrica alemã, muito famosa.
Uma pista de ciclismo
na Praça?
Era noticiado pela imprensa de Pelotas que o Club Cyclista
iria requerer à intendência municipal a concessão, por determinado tempo, da
Praça Henrique D’Ávila [Praça dos Enforcados], entre a Rua Paysandu [atual
Barão de Santa Tecla] e o Arroio Santa Bárbara [região hoje do Camelódromo],
para ali construir uma pista para o exercício dos seus associados,
comprometendo-se a dotar o local com benfeitorias.
Foi também divulgado que, pela intendência municipal de Rio
Grande, foi concedida, pelo prazo de 15 anos, a Praça sete de Setembro ao Club
Cyclista daquela cidade, que ali instalaria a pista para as suas corridas.
O cessionário se comprometia a embelezar, ajardinar e
conservar aquela praça, sob a imediata fiscalização do município.
A Praça Sete de Setembro, de Rio Grande, continuaria a
servir ao trânsito e uso público, exceção da parte ocupada pela pista.
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Fontes: acervo da
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Tratamento de imagens:
Bruna Detoni
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