terça-feira, 14 de junho de 2016

Ciclismo: um esporte da elite pelotense

parte 5



Outras notícias sobre o ciclismo em Pelotas

         Na Livraria Americana, o redator do Correio Mercantil, dia 21 de abril de 1898, dizia ter visto um triciclo, a pedal, de fabricação alemã.
         Era de um só assento e as rodas eram revestidas de caoutchouc [borracha], mas não pneumáticas.
         Os Srs. Gottwald & C. eram os agentes, nesta cidade, das bicyclettes Naumann, e o Sr. Daniel Wiering, das Brennabor, ambas fábricas alemãs.
         O Bazar Musical anunciava ter máquinas [bicicletas] de várias fábricas francesas e americanas.
         Era informado ainda, pelo Correio Mercantil, que um conceituado comerciante desta cidade, trouxera da Europa “uma sólida” bicyclette inglesa, The New Rapid, na qual passeava e trabalhava diariamente.



A Praça da Matriz seria o local ideal

         O número de ciclistas existente em Pelotas já era considerável e ia aumentando a cada dia, era o que informava o Correio Mercantil.
         Em trabalho ou a passeio, era constante o trânsito de velocipedistas na Rua 15 de Novembro, que, das nossas ruas centrais, o melhor calçamento possuía não correndo assim tanto risco a integridade dos pneumáticos.
         Para evoluções e ensaios, era esse mesmo o local preferido, até pelos que iniciavam os exercícios de aprendizagem.
         Não sabia o jornalista, porém, como é que os ciclistas pelotenses não se lembravam de aproveitar, para tal fim, o vasto quadrilátero da Praça da Matriz [Praça José Bonifácio], lugar de pouco trânsito e cujo calçamento, ainda novo e feito a pedras miúdas, oferecia-se vantajosamente para um centro de operações do ciclismo, enquanto não se construía o projetado velódromo.

A festa do Club Cyclista

         O número de pessoas que compareceu à corrida inaugural do Club Cyclista, segundo a imprensa, foi extraordinário.
         As duas arquibancadas ficaram completamente lotadas, vendo-se nelas inúmeras senhoras; compacta multidão espalhava-se “pela pelouse”[gramado] e por todas as demais dependências do Prado, havendo ainda muitos carros cheios de espectadores no lugar apropriado.
         Nenhum incidente perturbou o bom andamento da diversão, que correu de princípio ao fim no meio das mais entusiásticas demonstrações de apreço do público.
         O resultado dos páreos foi o seguinte: 1º - Club Caixeiral, 600 metros. Prêmios: um tinteiro de bronze, oferta da Livraria Comercial, ao vencedor; um par de bonés de seda, oferta das casas Wiering e Spanier, ao segundo; menção honrosa ao terceiro e quarto. Vencedor: Tapy (bicyclette John’s Cycles); 2º - Rocambole (Clement). Correram também Eolo (Corona) e Pirá (Popular Star).
         Por entendermos desnecessária e de pouco interesse, deixamos aqui de divulgar o resultados dos outros páreos.
         Terminada a última corrida, na sala da diretoria do Prado, foram, pelo Club Cyclista, servidos aos seus convidados, corredores e demais, doces e líquidos, ocasião em que foram erguidos muitos brindes.
         Segui-se a distribuição dos prêmios aos vencedores, voltando depois todos os ciclistas, incorporados como tinha ido, para a cidade.
         Durante as corridas, tocaram as bandas de música do Club Caixeiral e a do 29º batalhão.
         O jogo da pule atingiu o valor de 2:325$000 (dois contos trezentos e vinte e cinco mil réis).

13 de maio, a festa que não aconteceu

         Anunciou o jornal A Opinião Pública, em sua edição de 9 de maio de 1898, que na sexta-feira, dia 13, festa nacional, haveria outra brilhante festa velocipédica, no Prado Pelotense.
         Fazia parte do programa, que depois o jornal divulgaria, um páreo entre o amador Sr. Ed Le Coultre e um afamado parelheiro [cavalo corredor].
         Para o dia 10 de maio, às 19 horas, estava convocada uma reunião do Club Cyclista.
         Tendo em vista a não publicação do programa anunciado pelo jornal ou qualquer outra notícia em órgão algum da imprensa sobre a “festa nacional”, podemos considerá-la como não ocorrida.

A eleição no Club Cyclista e seu resultado

         Aos 28 de julho de 1898, o Club Cyclista convocava para uma Assembleia Geral Ordinária, por ordem do Sr. presidente, os Srs. ciclistas em geral que se realizaria domingo, dia 31 de julho, às 11h30, no salão da Bibliotheca Pública Pelotense, a fim de elegerem a diretoria que administraria o Club, no período de 1898-1899, e tomarem conhecimento de outras exigências dos estatutos.
         Era pedido o comparecimento de todos, pois eram urgentes as deliberações a tomar.
         A convocação estava firmada pelo secretário do clube, Sr. F. G. Boyunga.

A diretoria eleita para o período 1898-1899

         Aos dois dias do mês de agosto de 1898, era divulgado o resultado da eleição ocorrida no dia 31 de julho.
         Presidente: Sr. João Simões Lopes Neto (reeleito); Secretário: Sr. Myrtil Frank; Tesoureiro: Dr. Joaquim Rasgado; Comissários: Sebastião Planela, Lúcio Lopes Sobrinho (reeleito), Juca Areas, Vasco Fagundes, Bento Dias e Adolfo C. Maia.


                                    
                                                          Segue...



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Fontes: acervo da Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas Tenfen
Tratamento de imagens: Bruna Detoni

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