(parte 4)
As festas para o
feriado de Tiradentes
Em sessão de 12 de abril de 1898, realizada pelo Club
Cyclista, pela diretoria e demais membros, ficou resolvido e projetado para que
o referido clube solenizasse com brilhantismo e imponência o feriado nacional
de 21 do mês de abril.
Assim é, tanto que já ficou eleito o comitê, que distribuiu
cinco comissões, para a organização de atraentes corridas no Prado Pelotense e
festa no Parque Souza Soares.
O programa, confeccionado com “gosto e capricho”, constaria
de seis páreos, havendo um excepcionalmente interessante: uma completa novidade
no esporte velocipédico, que, até então não constava que em parte alguma
tivesse havido semelhante experiência, completamente original.
O Bazar Musical, os Srs. Daniel Wiering, Willi Spanier,
todos importadores de afamadas marcas de bicicletas, a Companhia de Bondes, a
Banda do Clube Caixeral, o Sr. Elie Bloch e o ciclista Sr. Myrtil Franck, além
“gentilíssimas senhoritas de nossa sociedade”, ofereceram àquela atraente
festa, dando “mimosos e valiosos” prêmios aos vencedores das corridas.
O Sr. Elie Bloch cedeu ao Club determinado número de
convites com direito a arquibancada especial, ficando a distribuição destes a
cargo da comissão para esse fim nomeada, composta dos ciclistas Srs. Heráclito
Brusque, Carino de Souza e Fritz Boyunga.
Que seria uma festa deslumbrante, dizia o jornalista do A Opinião Pública, estava certo, pois
reinava já intenso entusiasmo entre os “bravos ciclistas”.
De tal modo que o Club Cyclista, em cujo seio, contava “já
com galantes e gentis meninas, importantes cavalheiros e alegres jovens”,
proporcionaria uma festa belíssima, organizada pela “primeira vez entre nós”.
Relação dos prêmios a
serem ofertados e demais disposições
As Comissões reunidas, dia 14 de abril de 1898, para a
organização das corridas de bicyclettes no Prado Pelotense, resolveram suprimir
a festa projetada no Parque Pelotense, considerando o pouco tempo disponível,
depois de terminadas aquelas corridas.
Às comissões foram oferecidos pelos comerciantes Srs.
Gotiwald, um valioso relógio; pelo Sr. Francisco Meira, “um tandem” de bronze,
montado por dois ciclistas, objeto de decoração de escritório; pelo Sr. Elie
Bloch, um caro alfinete de gravata; pelo Bazar Musical, uma preciosa lanterna
americana para ciclista; pela Companhia de Bonds, um objeto de arte e de alto
preço; pelo Sr. Daniel Wiering, um precioso boné de seda; idêntica oferta pelo
Sr. Willi Spanier; um objeto apropriado pelo amador Sr. Myrtil Franck; e,
finalmente, pelo Club Cyclista, uma artística medalha de prata, trabalho de
esmerado gosto, para o vencedor do páreo, onde estava inscrito “Club Cyclista,
de 1.000 metros”.
A comissão encarregada dos convites estava preparando o
programa.
Na mesma reunião, ficou decidido que todos os amadores inscritos
se reuniriam naquele dia para o sorteio
dos lugares e mais disposições, a fim de se publicar os programas.
A festa na coluna do
Vitú e outros comentários
Vitú, em sua
coluna de 20 de abril de 1898, anunciava para o dia seguinte, no Prado, pela 1ª
vez nesta cidade, uma imponente festa velocipédica.
O programa, segundo o jornalista, era tão atraente que ele
receava que o anfiteatro do Prado não comportasse a gente que a ele deveria
afluir.
A programação da festa
No dia 21 de abril, escolhido pelo Club Cyclista, ocorreu
evento “tão bem organizado quão espontaneamente acolhido pelos apreciadores
deste belo gênero de esporte, hoje no apogeu do mundo elegante e civilizado”.
Faltando local apropriado, sem máquinas especiais para
corridas, a despeito do pouco exercício dos corredores, o Club Cyclista
proporcionaria aos seus convidados e ao
público um belo divertimento, “hoje favorito e apreciadíssimo nas mais populosas capitais do mundo”.
Os atrativos para o grande dia: ao meio-dia, em ponto,
estariam todos reunidos em frente ao Lyceu Rio-Grandense e aí formariam, sairiam
em marcha que desfilaria pelas Ruas 15 de Novembro e Marechal Floriano, em
direção ao Prado, conforme determinara a comissão para esse fim eleita e sob as
imediatas ordens do presidente do clube, auxiliado pela comissão da marcha e
comissários do clube, Srs. Heráclito Brusque, Lúcio Lopes Sobrinho e Carino de
Souza.
Chegados ao Prado e incorporados aos corredores, fariam em
volta da pista o passeio que precederia ao primeiro páreo, prolongando assim a
“geral ansiedade que forçosamente reinaria entre todos os espectadores de tão
original e atraente festa”.
Terminada a última corrida e dado o descanso necessário aos
participantes desta, formaria novamente o clube, percorrendo com os vencedores
à frente, outra vez, a circunferência do Prado, partindo em seguida para a
cidade, onde, após curto passeio, dispersaria.
A imprensa recebera um “delicado convite, acompanhando o
programa das corridas, impresso em papel chinês, verdadeiro mimo e novidade”.
Ao coronel Sampaio, comandante do 29º batalhão de
infantaria, e sua oficialidade e famílias, foi dirigido pela comissão atencioso
ofício, convidando-os a comparecerem às corridas
Aos presidentes dos Club Caixeiral, Club de Regatas e das
sociedades de tiro ao alvo e de ginástica, também foram enviados ofícios, “bem
como convites às distintas famílias de nossa elite”.
As bandas musicais do Club Caixeiral e do 29º batalhão de
infantaria haviam se oferecido para dar maior brilho às corridas inaugurais do
clube.
No Prado, estaria uma comissão, composta dos Srs. Dr.
Ildefonso Simões Lopes, Dr. Luiz Sandalio Leivas e João Sattamini Filho, para a
recepção dos convidados.
A exposição dos prêmios, aos vencedores, continuaria até a
véspera do evento, na vitrina da Joven
España [alfaiataria], do Sr. Rafael Bassols.
O Sr. Bassols ofertara um precioso par de abotoaduras para
punhos, ao vencedor do páreo “perde-ganha”.
Na ocasião da entrada do clube na pista do Prado, o amador
Sr. José Brisolara da Silva tiraria uma fotografia extra-rápida.
Constava que do Rio Grande viriam muitas pessoas para
assistir a festa ciclista de Pelotas, que com tantos atrativos, seria
“concorridíssima e bela”.
Atendendo ao extraordinário entusiasmo que se notava na
cidade, seria de inteira justiça que a classe comercial atendesse ao pedido que
o Club Cyclista lhe dirigia, por intermédio da imprensa, para fechar o
expediente de suas casas às 10 horas da manhã.
Segue...
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Fontes: acervo da
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Tratamento de imagens:
Bruna Detoni
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