sexta-feira, 2 de setembro de 2016

No cabaré do Biriba


         Entre os diversos cabarés que Pelotas conheceu dentre as décadas de 10 e 30, um deles frequentou, por diversas vezes as páginas policiais naquele período: o célebre cabaré do Biriba, localizado à Rua Tiradentes nº 14, próximo ao pontilhão.

Josephine Baker

  
       A grande atração deste cabaré era a mulher Alayde Goulart da Silva, uma parda simpática e que dançava tal qual a famosa bailarina Josephine Baker [Saint Louis, USA, 1906 – Paris, França, 1975] tida como a primeira grande estrela negra das artes cênicas, sendo Alayde, por isto, considerada a “étoile” do petit-cabaret do Biriba, instalado sem conforto nem higiene, segundo a imprensa, nas proximidades do pontilhão da Rua Tiradentes.
         Alayde, dentre as demais estrelas da casa, era a que mais admiradores tinha no “desordenado antro noturno”, motivo pelo qual ela desfrutava a admiração e atenções do Jorge, “robusto” carneador da charqueada São Gonçalo e do pescador Isidro Miranda.
         Na noite do dia 4 de abril de 1928, os dois rivais se encontraram no local de apresentação de sua idolatrada e se digladiaram pela posse do amor de Alayde.
         Da luta renhida, o pescador Isidro teve o braço direito cortado por um golpe de adaga que Jorge lhe desferira, fugindo em seguida.
         Benedicto Braga,cidadão que atende pelo alcunha de Biriba e o diretor-proprietário do minúsculo Folies Bergères, avisou a polícia e enviou o ferido para a Santa Casa, onde ficou recolhido.
         Na delegacia de polícia, o Sr. capitão Orestes da Fonseca, no dia seguinte, escutou o “Biriba” e a “fascinante” Alayde Goulart da Silva.

Os bambas promovem algazarra no cabaré do Biriba

         Dia 17 de fevereiro de 1930, à noite, deu-se forte algazarra no cabaré do Biriba, próximo ao pontilhão da Rua Tiradentes.
         Chamada a Guarda Civil, esta conduziu para as grades do 2º posto, os seguintes turbulentos: Mário Maciel, João da Cruz Freitas, Maria Cândida Teixeira, José Aram, Maria Souza, Casemira Gouvêa, Alaíde Silva, Antônio Alves, Julieta dos Santos, João Francisco de Moraes e Maximiano Britto.

Cena de sangue no “Cabaré do Biriba”

         Na conhecida “espelunca” situada à Rua Tiradentes nº 14, denominada “Cabaré do Biriba”, deu-se, na madrugada do dia 3 de dezembro de 1930, por um mal entendido, uma cena de sangue, saindo ferido um soldado do 2º batalhão do 9º R.I., aqui sediado.
         Cerca da 1h30, Waldemar  Silva, de 20 anos, solteiro, praça daquela unidade do exército, foi ao “Cabaré do Biriba” e, como encontrasse a porta fechada, bateu fortemente.
         Biriba, dono do estabelecimento, supondo que a casa estivesse sendo assaltada por gatunos, deu um tiro de revólver, em direção à porta, ferindo o visitante.
         Com o estampido, compareceu a polícia, prendendo Benedicto e fazendo com que o soldado fosse conduzido à Santa casa de Misericórdia, para ser medicado.
         A polícia abriu inquérito a respeito do caso.

Desordem no cabaré

         Uma formidável desordem, praticada por Adebar Farias Pinto, dia 15 de novembro de 1931, à noite, no “Cabaré do Biriba”, à Rua Tiradentes, custou-lhe nada mais, nada menos do que ser engavetado numa das celas do 2º posto.


Josephine Baker 

6 comentários:

  1. Extraordinária pesquisa, adorei amigo e colega, parabéns! abraço

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  2. Gostei do texto. Encontre seu texto, por estar procurando alguma foto da Baoate Mil e Uma Noites, que era do Badia. Se vc sabe alguma coisa sobre esta extinta casa noturna, poderia me informar.

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    1. Boa tarde Sr. Estevão, sou neto do Badih e gostaria de saber mais informações do 1001 noite, tenho algumas fotos desta época. Sou de Pelotas mas, moro fora a muuuitos anos, pesquisando, encontrei esse blog caso tenham mais informações meu WhatsApp é 11 99303-7001.

      Abraço. Ronaldo Alves

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  3. Meu caro Estevão, foto do Mil e Uma..., (que era do Badia),por enquanto não consegui, embora ainda não tenha até então tratado daquele período em meus dois trabalhos: "A princesa do vício e do pecado", ainda não editados. Caso apareça algo te viso. Abraço.

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    1. Caro Sr. Monquelat, sou neto do Badih Simões David, tenho algumas imagens desta época do 1001 noite e tenho interesse em resgatar estes fragmentos da nossa história. Caso tenha interesse, meu WhatsApp é 11 99303-7001. Abraço Ronaldo Alves

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  4. Prezado, tens registros sobre o cabaré Balalaika ou Balalaica, que me parece era na Santos Dumont esquina Floriano, num sobrado de cimento penteado.

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