Ruptura de um caixão de
concreto
Ao final da tarde do dia 11 de março de 1936 um dos caixões
de concreto com os quais estava sendo construído o cais desta cidade sofreu uma
ruptura .
Em face desse acidente, foi por água abaixo grande parte do
aterro que estava sendo feito, em uma largura de 40 metros, mais ou menos,
entre o antigo e o novo cais.
As causas que determinaram a ruptura do caixão de concreto,
segundo o engenheiro Sommeregger, sob cuja direção estavam as obras, somente
seriam possíveis conhecer quando fosse retirado completamente o aterro e
examinado o caixão, assim como o lastro sobre o qual este repousava.
Entretanto, uma das causas poderia ter sido o próprio lastro
onde estavam assentados os referidos caixões.
Esse lastro era feito de pedra bruta, numa altura de dois a
dois e meio metros, sendo possível que, ao receber o peso do aterro, o caixão
rompesse em virtude da diferença de compressão.
Segundo informações dadas pelo engenheiro responsável, as
obras ofereciam a máxima garantia, porquanto as suas bases foram calculadas
pelos próprios engenheiros da Diretoria de Obras Públicas do Estado, portanto
não haveria razões para modificar o traçado das obras. Elas seriam executadas
de acordo com o projeto original
Acrescentou o engenheiro Sommeregger que acidentes daquela
natureza eram comuns em obras hidráulicas de grande porte, citando a seguir
acidentes de maiores proporções ocorridos nas obras do porto de Paranaguá e
Ilha das Cobras.
No dia seguinte ao acidente, foram iniciadas as obras de
construção do novo caixão de concreto, que deveria substituir o que fora
inutilizado..
O ritmo dos trabalhos de dragagem, como todos os demais
trabalhos continuavam normalmente, não tendo sofrido interrupção alguma.
O caixão que iria ser substituído media 20 metros de
comprimento.
Os prejuízos causados pelo acidente foram calculados entre
trinta e quarenta contos de réis.
Dentro
de 30 dias, mais ou menos, estariam concluídos e entregues à atracação de
navios os primeiros 80 metros de cais, partindo da Estação Fluvial.
Concluía a reportagem que, baseados nas informações
prestadas pelo engenheiro Sommeregger sobre a solidez do novo cais de Pelotas, as
obras estavam sendo fiscalizadas por competentes engenheiros do Estado.
Os vapores do Lloyd
Nacional não escalariam mais no porto de Pelotas
Em face da notícia divulgada dia 17 de junho de 1936, pela
manhã, de que o Lloyd Nacional suspendera escala de seus vapores pelo porto de
Pelotas, a reportagem de A Opinião
Pública procurou ouvir a respeito o Sr. José Aníbal Madureira da Costa,
agente daquela companhia nesta cidade.
O Sr. Madureira, na ocasião, declarou ter recebido um
telegrama, dando-lhe aquela notícia, mas que havia telegrafado para o Rio de Janeiro
querendo saber as causas que provocaram aquela decisão.
O Sr. José Costa solicitou também, à diretoria do Lloyd Nacional,
fazer escalar no porto de Pelotas, aquela semana, conforme já fora anunciado, o
Aratimbó, que estava atracado no porto da capital do Estado, e que por Pelotas
deveria passar dia 19 daquele mês, pois já havia muita carga designada para o
referido vapor conduzir aos portos do norte.
O Sr. Costa lamentou à reportagem a medida tomada pela sua
representada.
Por outro lado, informava também o jornal, que essa
deliberação já era esperada, pelo que se ouvia dos comandantes e demais pessoal
de bordo dos navios do Lloyd Nacional, justificando-se que, pela sua navegação
a motor, era impossível continuar a atracarem em Pelotas, visto o novo porto
ter estreitado o canal São Gonçalo.
Além disso, segundo informações obtidas pela reportagem,
esses navios durante o tempo que permaneciam no porto de Pelotas, despendiam
uma despesa expressiva.
Lloyd autoriza o vapor
Aratimbó aportar em Pelotas
Como já havia muita carga destinada aos portos do Norte do
país, e para ser transportada pelo Aratimbó, que por aqui deveria passar dia 19
de junho de 1936, foi telegrafado à agência, no Rio de Janeiro, pedindo não
tornar efetiva a resolução dos vapores do Lloyd de não mais atracarem no porto
de Pelotas, quanto àquele vapor, nessa viagem.
Dia 18 de junho, foi divulgado que o Aratimbó, oriundo de
Porto Alegre, receberia carga, já depositada no porto de Pelotas.
Quanto à continuidade da navegação dos vapores do Lloyd
Nacional, neste porto, estavam sendo tomadas as providências que fizessem com
que a companhia desistisse daquela decisão, que tantos prejuízos causariam ao
comércio exportador da praça de Pelotas.
A chegada, a saída e a
possível causa dos “Aras” não mais atracarem no porto de Pelotas
Conforme noticiado fora, o Aratimbó atracou no porto de
Pelotas, fazendo assim, conforme resolução do proprietário, sua última viagem a
Pelotas.
Como até aquele momento ninguém sabia, nem mesmo o agente do
Lloyd nesta cidade, Sr. José Aníbal Madureira, a causa principal da resolução
dessa medida que tão grande surpresa causara ao comércio exportador local,
esteve a bordo do Aratimbó horas depois de sua atracação, alguns jornalistas da
imprensa pelotense, conversando com o comandante do navio, Sr. Jorge Nobre, que
disse a eles nada saber de positivo, ignorando por completo o motivo pelo qual
o Lloyd Nacional tomara aquela medida de suspender a navegação, não só Aratimbó, mas de todos os “Aras” daquela
companhia no porto de Pelotas.
Continua...
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Fonte de pesquisa:
Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Foto: Acervo digital do autor.
Seleção de imagem:
Janaína Vergas Rangel
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