quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Alguns aspectos históricos sobre o porto de Pelotas (3)


                                                                                     A.F.Monquelat

Ruptura de um caixão de concreto

         Ao final da tarde do dia 11 de março de 1936 um dos caixões de concreto com os quais estava sendo construído o cais desta cidade sofreu uma ruptura .
         Em face desse acidente, foi por água abaixo grande parte do aterro que estava sendo feito, em uma largura de 40 metros, mais ou menos, entre o antigo e o novo cais.
         As causas que determinaram a ruptura do caixão de concreto, segundo o engenheiro Sommeregger, sob cuja direção estavam as obras, somente seriam possíveis conhecer quando fosse retirado completamente o aterro e examinado o caixão, assim como o lastro sobre o qual este repousava.
         Entretanto, uma das causas poderia ter sido o próprio lastro onde estavam assentados os referidos caixões.
         Esse lastro era feito de pedra bruta, numa altura de dois a dois e meio metros, sendo possível que, ao receber o peso do aterro, o caixão rompesse em virtude da diferença de compressão.
         Segundo informações dadas pelo engenheiro responsável, as obras ofereciam a máxima garantia, porquanto as suas bases foram calculadas pelos próprios engenheiros da Diretoria de Obras Públicas do Estado, portanto não haveria razões para modificar o traçado das obras. Elas seriam executadas de acordo com o projeto original
         Acrescentou o engenheiro Sommeregger que acidentes daquela natureza eram comuns em obras hidráulicas de grande porte, citando a seguir acidentes de maiores proporções ocorridos nas obras do porto de Paranaguá e Ilha das Cobras.
         No dia seguinte ao acidente, foram iniciadas as obras de construção do novo caixão de concreto, que deveria substituir o que fora inutilizado..
        O ritmo dos trabalhos de dragagem, como todos os demais trabalhos continuavam normalmente, não tendo sofrido interrupção alguma.
         O caixão que iria ser substituído media 20 metros de comprimento.
         Os prejuízos causados pelo acidente foram calculados entre trinta e quarenta contos de réis.
         Dentro de 30 dias, mais ou menos, estariam concluídos e entregues à atracação de navios os primeiros 80 metros de cais, partindo da Estação Fluvial.
         Concluía a reportagem que, baseados nas informações prestadas pelo engenheiro Sommeregger sobre a solidez do novo cais de Pelotas, as obras estavam sendo fiscalizadas por competentes engenheiros do Estado.

Os vapores do Lloyd Nacional não escalariam mais no porto de Pelotas

         Em face da notícia divulgada dia 17 de junho de 1936, pela manhã, de que o Lloyd Nacional suspendera escala de seus vapores pelo porto de Pelotas, a reportagem de A Opinião Pública procurou ouvir a respeito o Sr. José Aníbal Madureira da Costa, agente daquela companhia nesta cidade.
         O Sr. Madureira, na ocasião, declarou ter recebido um telegrama, dando-lhe aquela notícia, mas que havia telegrafado para o Rio de Janeiro querendo saber as causas que provocaram aquela decisão.
         O Sr. José Costa solicitou também, à diretoria do Lloyd Nacional, fazer escalar no porto de Pelotas, aquela semana, conforme já fora anunciado, o Aratimbó, que estava atracado no porto da capital do Estado, e que por Pelotas deveria passar dia 19 daquele mês, pois já havia muita carga designada para o referido vapor conduzir aos portos do norte.

         O Sr. Costa lamentou à reportagem a medida tomada pela sua representada.
         Por outro lado, informava também o jornal, que essa deliberação já era esperada, pelo que se ouvia dos comandantes e demais pessoal de bordo dos navios do Lloyd Nacional, justificando-se que, pela sua navegação a motor, era impossível continuar a atracarem em Pelotas, visto o novo porto ter estreitado o canal São Gonçalo.
         Além disso, segundo informações obtidas pela reportagem, esses navios durante o tempo que permaneciam no porto de Pelotas, despendiam uma despesa expressiva.



Lloyd autoriza o vapor Aratimbó aportar em Pelotas

         Como já havia muita carga destinada aos portos do Norte do país, e para ser transportada pelo Aratimbó, que por aqui deveria passar dia 19 de junho de 1936, foi telegrafado à agência, no Rio de Janeiro, pedindo não tornar efetiva a resolução dos vapores do Lloyd de não mais atracarem no porto de Pelotas, quanto àquele vapor, nessa viagem.
         Dia 18 de junho, foi divulgado que o Aratimbó, oriundo de Porto Alegre, receberia carga, já depositada no porto de Pelotas.
         Quanto à continuidade da navegação dos vapores do Lloyd Nacional, neste porto, estavam sendo tomadas as providências que fizessem com que a companhia desistisse daquela decisão, que tantos prejuízos causariam ao comércio exportador da praça de Pelotas.

A chegada, a saída e a possível causa dos “Aras” não mais atracarem no porto de Pelotas

         Conforme noticiado fora, o Aratimbó atracou no porto de Pelotas, fazendo assim, conforme resolução do proprietário, sua última viagem a Pelotas.
         Como até aquele momento ninguém sabia, nem mesmo o agente do Lloyd nesta cidade, Sr. José Aníbal Madureira, a causa principal da resolução dessa medida que tão grande surpresa causara ao comércio exportador local, esteve a bordo do Aratimbó horas depois de sua atracação, alguns jornalistas da imprensa pelotense, conversando com o comandante do navio, Sr. Jorge Nobre, que disse a eles nada saber de positivo, ignorando por completo o motivo pelo qual o Lloyd Nacional tomara aquela medida de suspender a navegação, não só  Aratimbó, mas de todos os “Aras” daquela companhia no porto de Pelotas.
                                                                 
                                                                                                                                                                                                               Continua...
 

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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Revisão do texto: Jonas Tenfen      
Foto:  Acervo digital do autor.       
Seleção de imagem: Janaína Vergas Rangel        

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