(parte
2 e final)
Os primeiros indícios
do apelido “xavante”, e a origem deste
Em matéria veiculada pelo jornal A Opinião Pública, de 27 de outubro de 1950, é provável que tenha
sido, onde, por primeira vez tenha surgido a palavra xavante, na imprensa,
relacionando-a ao torcedor rubro-negro.
O conteúdo daquela reportagem versava sobre o último
encontro que ocorreria pelo campeonato pelotense de futebol, entre as equipes
do G. E. Brasil e a do E. C. Pelotas – “os tradicionais adversários de todos os
tempos” - que se realizaria no gramado da “Baixada”.
Embora a partida não tivesse caráter decisivo, tendo em
vista que o time rubro-negro jogaria o Bra-Pel já ostentando as faixas de
tri-campeão, como sempre acontecia, este encontro polarizava o mundo esportivo
da cidade.
Os dois times, segundo o colunista esportivo, desfrutavam
excelente forma e estavam em condições de proporcionar ao público uma jornada
das mais interessantes e emocionantes.
O mais interessante, porém, é a foto que ilustra a matéria:
vê-se em primeira plana, na arquibancada do estádio, uma torcedora do clube
rubro-negro, vestindo a camisa de seu time, tendo um cocar sobre a cabeça.
Na legenda da referida foto, lê-se que: “O torcedor do
Brasil é o mais alegre e entusiasmado. Pelo seu clube ele é capaz de tudo.
Brinca como ninguém, vaia sem propriedade e grita de doer os pulmões”.
A frase final, que fazemos questão de ressaltar em negrito,
acreditamos ser o registro de nascimento do uso da palavra xavante associada ao
torcedor do Grêmio Esportivo Brasil: “E
QUANDO É PRECISO, VESTE-SE DE XAVANTE LEGÍTIMO”.
Dia 30 de outubro, ainda de 1950, o jornal A Opinião Pública, jornal responsável e,
certamente, a quem se deve o apelido de xavante ao torcedor rubro-negro,
estampava em suas páginas um flagrante da passeata do Grêmio Esportivo Brasil, ocorrida na noite de 29, com a
chamada de “Comemoração dos xavantes. A passeata de ontem à noite”.
Neste registro, feito por A Opinião Pública, lê-se também que durante o trajeto percorrido
pelo magnífico carro alegórico alusivo ao grande feito [conquista do
tricampeonato citadino] e com interessante homenagem aos outros clubes de
Pelotas, a massa popular vivava seu quadro, exaltando àqueles que objetivaram a
extraordinária vitória.
A primeira charge em
que aparece a figura do índio representando o Grêmio Esportivo Brasil, e o
autor desta
Quinta-feira,
8 de maio de 1952, é a data que acreditamos tenha surgido a primeira charge em
que o rubro-negro é representado por um indígena.
Esta charge, de autoria do Aldyr Garcia Schlee, traz além da
assinatura, que é a letra A
circundando o nome Schlee , o ano: 52.
No desenho, ou charge, lê-se que “Amabilidade não faz mal a ninguém”; trata-se de uma ironia do
autor, pois de um lado está a figura de um aristocrata, vestindo traje de gala,
cartola e com um charuto na boca, apertando a mão direita do seu adversário,
enquanto que na mão esquerda, nas costas, está um tacape, uma banana de
dinamite acesa e uma arma no bolso do paletó. Esta é a forma que o chargista
representou o time áureo-cerúleo.
Já o clube rubro-negro, está representado por um avantajado
indígena, de tanga, olhar desconfiado, também com a mão esquerda voltada às
costas, tendo nesta mão uma quantidade de flechas, arco e uma machadinha.
Abaixo dessas figuras, há a seguinte legenda: “Alô! Que
feliz encontro!”.
A matéria indagava sobre quem seria o vencedor do clássico
Bra-Pel, que ocorreria naquele domingo, 11 de maio de 1952, se os “xavantes”,
para seus torcedores fazerem aqueles carnavais, que costumavam fazer, deixando
muita gente “boa de cabeça inchada”. Ou
os áureo-cerúleos seriam os vencedores daquela magna jornada?
O resultado daquele clássico foi publicado no A Opinião Pública, de segunda-feira, dia
12, tendo em destaque o “Categórico triunfo rubro-negro por 3 x 0”.
Seara e Mortozinha, haviam marcado os golos do primeiro
tempo, e Joãozinho consolidara a “vitória xavante” (sic) marcando aos 5 minutos
do segundo tempo, o terceiro golo.
Ilustrando aquela notícia, vê-se novamente em ação o
chargista Aldyr Schlee, que através de um desenho mostra ao leitor o tempo de
marcação de cada golo, o autor e a movimentação do goleiro adversário tentando
defender seu posto.
Em resumo: é ao jornal A
Opinião Pública a quem devemos a
origem do apelido desde a publicação da foto com a torcedora rubro-negra, 27 de
outubro de 1950, consolidando-se tal, ainda pelo mesmo jornal, a partir do ano
de 1954, onde as chamadas se referiam aos “xavantes” e não mais rubro-negros ou
Grêmio Esportivo Brasil, não havendo distinções entre o clube, o time ou
torcedores. E, bem assim, podemos atribuir a Aldyr Schlee a criação do índio
xavante como representação do time rubro-negro.
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Fontes de pesquisa: Bibliotheca Pública
Pelotense-CDOV e acervo particular de
Douglas Almeida.Postagem e tratamento
de imagem: Bruna Detoni.Revisão do texto: Jonas
Tenfen