O
surgimento formal do Club Cyclista
Aos 14 dias do mês de novembro de 1897,
a diretoria provisória do Club Cyclista convidava a todos os já sócios, e
também a todos aqueles que já possuíam ou tencionavam adquirir bicyclettes,
para se reunirem naquele mesmo dia, domingo, às 9 horas, na loja Ao Amazonas, à
Rua 15 de Novembro.
Nesta reunião, seriam apresentados os
Estatutos, e eleita a diretoria efetiva; por isso, rogavam o comparecimento de
todos os ciclistas.
Transferência
de passeio ao Retiro
Aos 26 dias do mês de
dezembro de 1897, o “Club Cyclista Pelotense” avisava aos Srs. sócios que, em
vista do mau tempo, ficava transferido o projetado passeio de exercício ao
Retiro.
A nota divulgada estava assinada pelo
secretário F. Boyunga.
Aos “Cyclistas”
Os Srs. Cupertino & C. informavam
aos ciclistas, via imprensa, que se encarregavam de todo e qualquer conserto em
bicyclettes, e que poderiam ser procurados, para tal, à Rua General Argolo nº
39.
O
crescimento do uso de bicicletas
Segundo o Diário Popular de 1º de janeiro de 1898, para que se tivesse uma
ideia do desenvolvimento do ciclismo no Brasil, “nestes últimos tempos”,
bastaria ver o consumo extraordinário que estava tendo as bicyclettes.
As grandes remessas chegavam quase que
diariamente à capital federal (Rio de Janeiro), e ainda há 14 dias recebera a
Casa Mitchel, de lá, 150 bicicletas da marca Cleveland, vendendo-as, todas, em
menos de seis dias.
A propósito, informava o jornal: para o
Bazar Musical (Pelotas) estavam já em viagem bicyclettes dos mais afamados fabricantes.
O
ciclismo no final do século XIX
Parecia não haver dúvida que o
ciclismo, naquele final de século, firmaria a sua indispensabilidade como o
melhor meio de condução e como o mais belo esporte.
Em Pelotas, via-se já grande número de
biciclistas, que deixavam, à tarde, os seus trabalhos e percorriam as ruas e
arrabaldes da cidade; prosseguindo, dizia o jornalista em 27 de janeiro de
1898: faltava ainda ver, pelo fim da tarde, graciosas senhoras entregues àquele
belo divertimento higiênico e civilizado, como já acontecia em outras cidades
do Brasil.
Brevemente, talvez nos primeiros dias
do mês seguinte, as encontrássemos, em suas máquinas, formosas e encantadoras.
Das fábricas de bicicletas conhecidas,
uma que se destacara na fabricação “desse delicado aparelho” fora a The Monarch
Cycle Mfg, C., de Chicago, cuja fábrica, situada às ruas Lake Halsted e Fueton,
em Chicago, continha 215.000 pés quadrados de espaço, cinco acres e produzia
500 bicicletas por dia.
A história da bicicleta Monarch despertava
interesse. Era uma história de êxitos, informava o jornalista.
Em 1891, The Monarch Cycle era um
infante recém-nascido, ainda que robusto.
Nesse ano, a fábrica empregara 35
operários e fabricara 150 bicicletas somente.
No curto espaço de tempo, a experiência
de 1891 dera certo e a fábrica crescera e se multiplicara centenas de vezes.
No ano que passara, ano de 1897, os 35
operários e as 150 bicicletas foram aumentadas a 1.500 operários e 50.000
bicicletas de primeira ordem, as quais se venderam em todos os “países
civilizados” do mundo.
Agora, no entanto,
dizia o jornalista que estavam tendo maior procura as máquinas francesas e alemãs, que, em coisa alguma eram inferiores
às americanas, sendo muitas as opiniões favoráveis àquelas, principalmente das
marcas Clement e Française, que se encontravam à venda
no Bazar Musical.
Bicyclettes
em oferta
O Sr, Willi Spanier
anunciava à venda, pelo diminuto preço de 450$, as excelentes bicyclettes Columbia, modelo Hartford.
Essas máquinas, que reuniam em si a superioridade do fabrico e a
elegância, vinham merecendo a geral aceitação em Buenos Aires, Montevidéu e
Porto Alegre, segundo o anúncio publicado em 28 de janeiro de 1898.
Inauguração
de um velódromo em Porto Alegre
A 30 de janeiro de 1898, em Porto Alegre, inaugurou-se o
velódromo da União Velocipédica, no prado Independência, com a presença de mais
de 200 ciclistas.
Os
ciclistas foram ou não ao Capão do Leão?
Sob
o título de “Cyclismo”, o Diário Popular
de 15 de fevereiro de 1898 noticiava que dois valentes ciclistas foram,
domingo, dia 13 de fevereiro, em 1 hora e 20 minutos, da Praça da República
[atual Pedro Osório] ao Capão do Leão.
Apesar do mau caminho, fizeram o
passeio em tão diminuto tempo.
As máquinas,
que nada haviam sofrido, eram das marcas La Française e Naumann, uma das quais
fora adquirida no Bazar Musical.
Ao que o jornalista Vitú, em sua coluna do dia seguinte ao
divulgado pelo Diário Popular, disse
que: “O D. Petósca [referência
irônica ao Diário Popular], de ontem,
empurrou nos seus diminutos leitores mais uma peta [lorota, mentira].
E essa para reclame [propaganda]... talvez em troca de alguns saquitos de confete..
Imaginem que ele noticiou terem ido
daqui ao Capão do Leão, em uma hora e 20 minutos, em suas máquinas, dois
ciclistas.
Quem poderia engolir semelhante mentira?
Eu não me admiraria muito se dois
ciclistas fossem a um lugar tão distante como o Capão do Leão numa hora ou até
em menos.
O que eu não acredito e ninguém deve
acreditar é que o caso se desse com o Capão do Leão, cuja estrada, como todas
as do município, é uma sucessão de buracos e de sangas, numa das quais não pôde
passar, há 3 ou 4 dias, um carro, que daqui seguira, tirado [puxado] por três
cavalos.
O autor da tremenda peta que vá dormir
com os defuntos!
E, se quiser me abichornar, que cite os
nomes dos ciclistas que fizeram o celebrado tour
de force.
Cite, se é capaz!”.
Voltando a ironizar a “notícia”, Vitú, o colunista de A Opinião Pública, em 17 de fevereiro de
1898, dizia em seu espaço diário que os dois fantásticos ciclistas que foram ao
Capão do Leão em 1 hora e 20 minutos, segundo noticiara o matutino instalado na
mesma rua, constava que iriam em breve fazer “uma viagem ciclópica... as gafas [bordas]
da lua, até onde levariam, em triunfo, o número do pêtas-monstro [exemplar do Diário Popular] que se ocupara daquela
sua excursão de estreia...
Segue...
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Fontes: acervo da
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Tratamento de imagens:
Bruna Detoni
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