quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Cinema Apolo, Pelotas




         É provável que o Cinema Apolo tenha sido o primeiro dos cinemas construídos, em Pelotas, pela empresa Xavier & Santos.
         A iniciativa da empresa foi anunciada pela imprensa aos 25 dias do mês de fevereiro de 1925, sob o título de “Novo cinema”, onde era dito que na segunda-feira da próxima semana teria início a construção do novo cinema da empresa Xavier & Santos, o qual seria localizado à Rua Felix da Cunha, esquina Gomes Carneiro.
         A nova casa denominar-se-ia Cinema Apolo, devendo a obra terminar no mais breve prazo possível.
         Aos 4 dias de fevereiro daquele mesmo ano era dito já ter sido dado início, dia 2 daquele mês, a construção do novo cinema com  o qual a empresa Xavier & Santos dotaria a cidade, aumentando assim o seu raio de ação e oferecendo ao público mais uma confortável e elegante casa de diversões.
         A construção do novo cinema obedeceria a todos os requisitos da técnica moderna, não só quanto a arquitetura como à disposição para a comodidade do público.
         As obras seguiam com máxima atividade, tendo iniciado o assentamento dos tijolos para levantamento das paredes. O ato teve como padrinho o menino Homero Santos, filho mais moço do Sr. Francisco Santos, que colocou o primeiro tijolo. A empresa comemorou o acontecimento oferecendo grande quantidade de chope e outras bebidas a todos os operários, que eram em número de sessenta e dois.
         Em meados de maio de 1925 foi noticiado prosseguirem em ritmo acelerado as obras do novo cinema, já tendo começado a colocação das telhas e, adiantados como iam os trabalhos, era de se esperar que dentro de um mês ou pouco mais fosse inaugurado o “novo theatro”.






A inauguração
         Segundo os jornais do dia 15 de agosto de 1925, estava definitivamente assentada para o dia 4 de setembro a inauguração do “elegante Theatro Apolo”, que a empresa Xavier & Santos construíra à Rua Felix da Cunha, esquina Gomes Carneiro.
         O novo centro de diversões populares, que estava recebendo as últimas demãos, comportaria uma lotação de 1.250 cadeiras e 300 gerais.
A inauguração dar-se-ia às 20 horas do dia 4 de setembro de 1925, com um grandioso espetáculo, sendo executada a sinfonia Guarani pelas orquestras do novo theatro e do 7 de Abril, em conjunto.
Em seguida seriam exibidas magníficas fitas [filmes], sendo uma local, da Fábrica Guarany, a comédia Sunshine Radiomania e o soberbo drama em 7 partes Romance da floresta, interpretado pelo “simpático” Willians Desmond.
         No palco, seria apresentado o duo sertanejo os Rochinhas, em consagrados números de variedades.
         Para esse extraordinário espetáculo vigorariam os preços de 3$ e 1$500 gerais.
         O novo teatro correspondia a um belo melhoramento para a zona onde estava localizado, e para uma parte da população de Pelotas, que com maior facilidade poderia assistir aos espetáculos que a empresa Xavier & Santos costumava proporcionar.
         Além disso, o Apolo fora construído em condições de oferecer conforto e comodidade, quer na estação invernosa, quer no verão, ventilado como era por numerosas e amplas aberturas móveis.
         A plateia, dividida em 5 corredores, comportava 1.200 poltronas e a galeria, a entrada da sala, dava lugar à 250 pessoas.
         Dispunha ainda o Apolo de um magnífico palco e a cabine, destinada às projeções cinematográficas, era toda de cimento armado, oferecendo assim maior segurança em caso de qualquer sinistro.
         A fachada, que quando do ato de inauguração não estava concluída, era de estilo moderno; um elegante vestíbulo, gabinetes reservados para homens e mulheres, bilheterias e depósito, completavam as instalações do novo teatro.
         A iluminação era abundante e bem distribuída, tendo sido toda a instalação executada pelo Sr. Antenor de Barros Farias, hábil operador da empresa.
         A construção do Apolo foi executada pelos Srs. Xavir, Duarte & Companhia e a decoração pelo Sr. Cândido Bello, tendo sido confiado ao Sr. Alfredo Buchardi a confecção do pano de boca.
         Ao ato inaugural compareceu enorme multidão, que lotou a quadra inteira do teatro, achando-se também a vasta sala do Apolo repleta de espectadores. Deu início ao espetáculo uma grande orquestra, sob a regência do Sr. José Amor, que executou a sinfonia do Guarani, sob aplausos da vultosa assistência.          A seguir foram exibidas magníficas fitas, inclusive uma local, da Fábrica Guarany, de propriedade do Sr. Francisco Santos.    No palco apresentaram-se os artistas sertanejos Os Rochinhas, que foram bastante aplaudidos.

        

      
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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública de Pelotas/CDOV

Revisão do texto, tratamento de imagens e postagem: Bruna Detoni

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