... tinha sido
enfeitiçada por alguém que se interessava por separá-los, feitiço esse que
fizera o maior efeito, pois a cuja se
voltara inteiramente para o empregado do amante.
O infeliz, sem ânimo para reagir, duplamente enfeitiçado que
andava, não só pelo feitiço propriamente dito, como pelo feitiço verdadeiro,
que era o demônio da rapariga ter dado para andar triste, desajeitado, chegando
ao ponto de chorar.
Assim, foi ele consultar com a Constantina.
Constantina, que tanto era perita em unir quanto em desunir,
deu-lhe um excelente remédio, que o ingênuo ministraria à ingratona.
Foi tiro e queda. Ela brigou com o caixeiro [balconista] e
voltou novamente a amar o patrão.
A feiticeira contou o fato, ao jornalista, tão
despudoradamente, que ele achou que ela estivesse zombando dele.
Mudou ele, então, de assunto para não acabar estourando de
rir.
Perguntou a ela se era possível esconder a gravidez, ao que
Constantina em seguida respondeu:
- Sem dúvida alguma. Eu tenho um remédio que livrará a
menina de desgostos futuros, pelo ato que vai praticar.
E, a seguir, contou-lhe outra história:
- Há um homem, casado, que está de amores com uma moça
solteira. Ela está tomando o remédio de que lhe falo, e graças a ele ninguém
sabe disso.
- No caso de gravidez? – inquiriu o jornalista.
- Ah! Isto é outra coisa! Não tenha medo. Há também remédio
para o desmancho.
Dizendo isto, a Constantina, sempre risonha, sempre amável,
foi a outro compartimento da casa, de onde voltou com uma pequena garrafa.
- Aqui está o remédio. Faça com que a sua preferida tome
isto às colheres de sopa, pela manhã cedo e à noite.
Aconselhou ainda o meio que ele deveria usar para que o
remédio fosse tomado com toda a confiança, sugerindo um sem número de pretextos
e, por último, pôs-se inteiramente às ordens do “cliente”... para o resto.
Acreditava ele que o tal remédio fosse apenas um meio inocente, que a mandingueira usava
para enganar papalvos; mas, esperava o resultado da análise.
O resultado da
beberagem da Constantina
“Escola de Agronomia e Veterinária – Laboratório de Química
Nº 1802 Rs.
25.000
Recebi do jornal O Dia
300cc de um líquido de cor amarela para analisar.
Analisada resultou:
Álcool a 15º c. de temperatura... 32 c.
Cheiro muito forte de guaco.
Grande quantidade de açúcar redutor (talvez) mel.
Foram negativas as pesquisas de canela, cantáridas e alcalóides.
No fundo da pequena garrafa de Maag-Bitter, na qual nos foi
trazido o líquido, existia um pequeno depósito de areia vermelha e de um pó
escuro em mistura com detritos
vegetais.
A pesquisa de matérias minerais nesse pó revelou:
Ácido fosfórico, cal, traços de arsênico e de sódio.
A pequena quantidade do líquido restante não nos permite a
continuação da análise.
Luiz G. Gomes de Freitas”.
Em vista do resultado da análise, o jornal alertava que ficassem
os D. Juan cientes de que a Constantina, com um pouco de álcool, guaco, areia
de cemitério, arsênico e sódio, matérias que por certo ela não conhecia, e que
vieram na areia, consegue que as meninas perdessem a cabeça e acompanhassem
romanticamente, sem mais aquela, o namorado pouco escrupuloso e velhaco, que
deixara cair na gaveta da madraça uns cobres...
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Fonte de pesquisa:
Bibliotheca Pública de Pelotas/CDOV Revisão do texto: Jonas TenfenPostagem: Bruna Detoni
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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública de Pelotas/CDOV Revisão do texto: Jonas TenfenPostagem: Bruna Detoni
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