Queixas contra a meretriz Joaquina
Diversos
moradores da Rua General Osório, quadra entre Conde d’Eu [Avenida Bento
Gonçalves] e General Argolo, queixaram-se, dia 13 de outubro de 1887, da
meretriz Joaquina Merencia da Silva, pelo seu péssimo comportamento.
Joaquina era
acusada de perturbar o sossego público e insultar a vizinhança.
Convidada a
comparecer na Secretaria de polícia, bem como os queixosos, Joaquina justificou-se
dos motivos das denúncias e foi mandada embora.
Meretrizes
liberam o vocabulário
À 1 hora da
noite do dia 14 de dezembro de 1887, algumas meretrizes moradoras à Rua
Voluntários, entre as ruas Imperador [Felix da Cunha] e Gonçalves Chaves,
travaram-se de razões.
Como de costume,
disse o jornalista, veio à frente o seu vocabulário de palavras obscenas, não
sendo sequer respeitadas as famílias que tinham a infelicidade de residirem
próximas às casas das tais cortesãs.
O Sr. Moncorvo
Júnior, subdelegado de polícia do 2º distrito que por ali passava na ocasião em
que a contenda era mais calorosa, pôs termo à mesma mandando conduzir as
contendoras para o palacete do Braga [Cadeia].
Porta
arrombada
Na manhã de 23
de dezembro de 1887, foi encontrada arrombada a porta de uma casa situada à Rua
Santo Antônio [Senador Mendonça] quadra entre as ruas São Miguel [15 de
Novembro] e Andrade Neves, na qual, segundo o jornal Diário de Pelotas, habitava uma dessas mulheres que constituíam o
demi-monde.
Apareceram
completamente desordenados vários móveis da casa, com indícios de terem sido
revistados. Ignorava “por enquanto”, se houve roubo, em consequência de
achar-se no Rio Grande a moradora da casa, única pessoa que poderia saber se
faltava ou não alguma coisa.
Filho de meretriz rapta filha de
alfaiate
Dia 7 de janeiro
de 1888 segundo o jornal Rio-Grandense,
às 20h 30, Otacílio de tal, filho de
uma meretriz conhecida por Bahiana,
dirigiu-se de carro, acompanhado de duas mulheres, à casa do Sr. Jacob Bohn,
estabelecido com alfaiataria à Rua São Miguel [atual 15 de Novembro].
Ali chegando,
Otacílio escondeu-se em uma sapataria próxima, enquanto as duas “megeras”
penetravam na casa do Sr. Bohn, saindo logo após, apressadamente, em companhia
de uma filha, menor de idade, do alfaiate.
Reunidos, embarcaram
novamente no carro que os aguardava e que partiu à desfilada pela Rua São
Miguel, ignorado o destino que tomara.
O Sr. Bohn e sua
família estavam jantando quando se deu o fato.
O Sr.
subdelegado do 2º distrito, Sr. Moncorvo Júnior, logo que teve conhecimento do
ocorrido e, a pedido do pai da raptada, saiu em perseguição aos fugitivos.
Depois de
minuciosas investigações, o subdelegado Moncorvo Júnior conseguiu descobrir os
fugitivos em uma casa localizada na Várzea.
O raptor
chamava-se Otacílio da Costa Freire e a raptada, que era maior de 17 anos,
chamava-se Marieta.
Aquela
autoridade mandou “depositar” Marieta em uma casa de família, sendo Otacílio
conduzido para o quartel da polícia, onde ficou detido.
Marieta, no dia
seguinte, depois de examinada e verificado não ter havido “violência alguma
contra o seu pudor”, foi entregue ao pai, Sr. Bohn, que declarou opor-se ao
casamento de Marieta com Otacílio, “visto a desigualdade de condições existente
entre ambos”.
Sendo o raptor
considerado vagabundo, o Sr. Moncorvo Júnior deu-lhe o prazo de três dias para
retirar-se desta cidade.
Mas,
contrariando a determinação do Sr. subdelegado Moncorvo, no dia seguinte, às 17
horas, casou-se a menor Marieta Bohn com seu noivo, o filho da meretriz,
Otacílio da Costa Freire preso na cadeia civil e posto em liberdade à hora de
ir à igreja “cumprir os votos que prometera àquela que subtraíra de casa de
seus pais”.
Segundo o
jornalista, teve, pois, um fecho moral o ato irrefletido dos dois moços. “Hoje
pertencem a comunhão da família e nada mais há que se lhes diga sobre a
leviandade que a inexperiência lhes fez praticar”.
Marieta Bohn
trocara a religião de seus pais pela “nossa”, disse o jornalista, para realizar
o matrimônio.
Dali em diante,
a sociedade tinha a esperar dela uma esposa fiel e uma exemplar mãe de família.
Espancamento da meretriz Sofia
Aos dezessete
dias do mês de janeiro de 1888, por volta das 6 horas da manhã, os indivíduos
Serafim Duarte e Joaquim Amaro Cardoso, este proprietário de uma bodega ou café
situado na Rua General Osório, armados de facão e cacete espancaram, covarde e
brutalmente, a meretriz de nome Sofia, deixando-a sem sentidos e em deplorável
estado.
A infeliz vítima
da sanha feroz dos covardes agressores apresentava diversas contusões no corpo,
um ferimento na cabeça e uma luxação no braço direito.
Ao tomar
conhecimento do fato, compareceu no local do crime o Sr. Moncorvo Júnior
acompanhado do médico Dr. Raimundo Vieira, que prestou os primeiros socorros à
vítima.
O Subdelegado
mandou conduzi-la em seguida para a Santa Casa, onde procederam ao auto de
corpo de delito.
O indivíduo
Duarte, após ter cometido o crime, conseguiu evadir-se, e não foi possível
capturá-lo apesar dos esforços empregados para aquele fim.
Joaquim Cardoso
foi preso e recolhido à cadeia civil.
Uma bodega de menos
Aos 3 dias do mês de fevereiro de 1888, o Rio-Grandense noticiava que o Sr. major Delegado de polícia, atendendo as reclamações dos moradores da Rua São Domingos [atual Benjamim Constant], imediações do porto da cidade, mandou fechar a bodega que ali existia.
Aos 3 dias do mês de fevereiro de 1888, o Rio-Grandense noticiava que o Sr. major Delegado de polícia, atendendo as reclamações dos moradores da Rua São Domingos [atual Benjamim Constant], imediações do porto da cidade, mandou fechar a bodega que ali existia.
Aquela bodega
era um foco de desordens e o ponto de reunião de mulheres da vida airada
[prostitutas], marinheiros e vagabundos que se entregavam constantemente a
prática de ações que “a moral reprova”.
Continua...
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Extraído do livro, ainda inédito, A princesa do vício e do pecado
Fonte de pesquisa:
Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Postagem: Bruna Detoni
Seleção de imagem:
Janaína Vergas Rangel
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
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