Fundada em 1850, a famosa casa Scholberg teve como primeiro
proprietário o Sr. Vicin Laport; com a morte deste, passou a razão social a ser
Viúva Laport & Irmão.
Durante muitos anos a casa Scholberg foi dirigida pelo Sr.
Alexandre Gadret.
No decorrer dos anos de funcionamento da Scholberg
sucederam-se as firmas Scolberg & Gadet; Scholberg, Joucla & Silva e
Scholberg & Joucla.
No ano de 1882 a firma Scholberg & Gadet informava ao
público e comércio em geral que sua nova denominação social seria a de
Scholberg, Joucla & Silva, tal informação estava assinada pelos Srs.
Guilherme Scholberg, Leopoldo Joucla e Francisco Eurico da Silva.
Em novembro de 1888 era noticiado que no dia 17 daquele
mesmo mês estaria reabrindo para o público a grande e importante fábrica de
armas de fogo e instrumentos cirúrgicos dos Srs. Scholberg, Joucla e Silva, que
fora transferida para o novo prédio, situado à Rua Sete de Setembro esquina da
Andrade Neves.
Esse prédio, especialmente construído para o aludido fim,
constava de um andar térreo e outro superior para moradia da família de um dos
sócios da casa, o Sr. Leopoldo Joucla, e era um dos mais elegantes prédios de
Pelotas.
Em visita feita pelo redator do jornal Correio Mercantil,
sentiu-se este jornalista maravilhado com o bom gosto, o luxo e a riqueza não
só do sortimento como do preparo da casa.
Pelotas, disse o jornalista, não contava com outro
estabelecimento do mesmo gênero em tais condições e o público deveria
prestigiar quem por tão boa maneira pretendia servi-lo.
E, para melhor servi-los, Scholberg, Joucla & Silva
participavam ao público e a seus numerosos fregueses tanto desta cidade como de
toda a província, que se encontravam novamente no antigo local de seu
estabelecimento, agora dotado das grandes reformas que o desenvolvimento de seu
comércio exigia, com um esplêndido e variado sortimento dos artigos seguintes:
Armamento para caça, alvo e defesa, revólveres para bolso e coldre, armas
brancas, cutelaria fina, artigos de metal branco para montaria, artigos de
ferro e aço batidos, petrechos de caça, pesca e para viajantes, munições de
toda a classe, artigos de couro, talheres, aparelhos de metal fino para mesas e
adornos, instrumentos cirúrgicos, lâmpadas belgas sistema Gilles,
aperfeiçoadas.
Dispunham de uma bem montada oficina para qualquer conserto.
Galvanizavam qualquer objeto de metal já usado, com perfeição, e aceitavam
trabalhos de fundição em metal fino.
Encarregavam-se mediante módica comissão de mandar vir da
Europa ou Estados Unidos todo e qualquer artigo.
Pediam, pois, ao respeitável público honrarem-nos com sua
visita, certos de que ficariam convencidos que sua casa não temia concorrência
alguma de casas congêneres quer na qualidade ou variedade de seus artigos
especiais, como na modicidade de preços.
A casa Scholberg adquire a fábrica de armas A Estrela
Aos 12 de julho de 1900 era anunciado que os Srs. Prieu
& Dudouet haviam vendido aos Srs. Scholberg & Joucla a antiga fábrica
de armas A Estrela, da qual eram proprietários.
Aqueles senhores, um dos quais era o Sr. Romão Prieu,
fundador do estabelecimento, iriam voltar para a Europa.
A armaria e cutelaria da Estrela, localizada à Rua Andrade
Neves nº 150, era a fabricante das facas Prieu,
Pelotas e Estrela.
A morte do Sr. Leopoldo Joucla
Dia 24 de fevereiro de 1907, vítima de “cruel enfermidade”,
falecia nesta cidade o cidadão francês Leopoldo José Maria Joucla,negociante
desta praça, estabelecido à Rua Andrade Neves, esquina 7 de Setembro,com antiga
casa de armas e outros artigos, e cônsul honorário da França.
Contava o Sr. Joucla com 74 anos de idade e era casado, por
segunda vez, com a Sra. Esther Joucla, de cujo matrimônio houve uma filha, Sra.
Sarah Clementina, casada com o Sr. Gabriel Meyer.
De seu primeiro casamento havia um filho, o Sr. Lucien
Joucla, que era empregado na casa comercial de seu progenitor.
O seu enterramento efetuou-se dia 25, às 17 horas, saindo o féretro
da Rua Sete de Setembro nº 42.
Ao enterro, que foi muito concorrido, compareceram comissões
das sociedades de que o finado era membro.
A banda do Clube Caixeiral também compareceu, indo até o
cemitério tocando peças fúnebres.
O Sr. Joucla era sócio dos clubes Comercial, do Comércio,
Caixeiral, Bibliotheca Pública Pelotense e Union Française, que tiveram suas
bandeiras em funeral.
O corpo foi sepultado na catacumba nº 70 da Santa Casa,
quadro velho.
Nova inauguração da “Casa Scholberg”
No vasto prédio, à Rua 7 de Setembro, esquina da Andrade
Neves, onde estivera o Banco do Brasil, dar-se-ia, dia 3 de outubro de 1926, a
inauguração, ali, da antiga “Casa Scholberg”.
Durante os 76 anos de sua existência, completados naquele
ano, a casa Scholberg pela retidão de suas transações e pela superioridade dos
seus artigos, conquistara o apreço em geral, angariando imensa freguesia e
justo renome, não só no Estado como em todo o Brasil.
A tradicional marca “Coqueiro” com que eram distinguidos os
seus produtos de cutelaria, tornara-se o preferido em toda a parte.
Importante era também a seção de artigos de ferragens,
bazar, louças que de há muito incorporados à “Casa Scholberg”, os quais tinham
conquistado com facilidade, os mercados consumidores.
Dando uma prova da exuberância dos seus grandes e variados
estoques, a “Casa Scholberg” realizaria naquele dia e durante os próximos dois,
uma grande exposição.
Para a bonita disposição, que iria apresentar o vasto
mostruário da “Casa Scholberg” contribuíra, e muito, o gosto artístico do Sr.
Candido Abadie Neto, com prática em São Paulo e Rio de Janeiro.
O prédio para o qual se mudara a “Casa Scholberg”, a fim de
poder ser adaptado as necessidades desta, recebera importantes obras, que o
tornara um edifício à altura dos créditos da conhecida casa comercial.
Para que a tradição não sofresse solução de continuidade, à
esquina foi plantado majestoso coqueiro, emblema e divisa da “Casa Scholberg”.
No dia da inauguração, pela manhã, todos os funcionários da
empresa, rendendo um preito de gratidão à memória do Sr. Eugênio Belmondy, que
fora sócio da importante casa, iriam ao cemitério, em romaria, visitar o seu
túmulo e depositar flores.
Fonte de consulta:
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV e
acervos de A.F. Monquelat e Klécio Santos
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Tratamento de imagem:
Bruna Detoni
Comércio de primeira qualidade; a faca é relíquia, os artigos da loja ainda devem estar em uso pela cidade...
ResponderExcluirMais um texto importante para a memória pelotense. Sempre é bom ler.
ResponderExcluirAmigo, muito boa tarde, primeiro de tudo parabéns pelo Artigo. Porem, venho aqui a fim de esclarecer breves pontos: O Sr Vicent Laport era Gerente da casa, mas nao dono. Dono era o Sr Alexandre Gadet, residente no interior de Sao Paulo, com seu socio, Alfonso Scholberg da Belgica. A casa nunca se chamou Viuva Laport & Irmão, este era o nome que a Casa tinha no Rio de Janeiro, de sua antiga matriz, agora sim, a Casa Laport, fundada por A. Laport em 1822, a Armaria mais antiga do Brasil Livre. Finalmente, a socia em 1926 era a Sra Clementina Sneyders Scholberg, e o predio da 7 de Setembro tinha como gerente o Senhor Abadie. Nao existe nenhuma Maria Scholberg por nenhum dos papeis da Familia Scholberg na Bélgica. A Casa fechou suas portas em 1937. Assim como ocorre com a Laport, existe muita controversia nos papeis da Casa, por ser algo muito grande. Tenho os papeis originais da Casa junto a Junta Comercial de Liege, sendo os quatro periodos da casa: Scholberg & Gadet, Scholberg Joucla & Silva, Scholberg & Joucla e, finalmente, Scholberg & Cia, dos srs. Belmondy, Jaccottet, e da Sra Scholberg.
ResponderExcluirCaro Sr. anônimo, os dados apontados em nosso artigo sobre a Casa Scholberg foram, sem exceção, colhidos em matéria jornalísticas e especiais de época, principalmente em reportagem feita quando do 76º aniversário da Scholberg e, por jornalista presente ao evento, que colheu tais informações. Caso queira conferí-las, estão a sua disposição. Abraço.
ResponderExcluirSenhor Adão, parabéns pelo resgate histórico.
ResponderExcluirGostaria de saber mais sobre este Vicente Laport. Estou escrevendo sobre a história dos Laport, e o nome deste personagem NUNCA me apareceu em documentos, nem daqui nem da Bélgica. Para não cometer nenhuma gafe, onde encontro algo sólido (documentos) sobre ele?
Abraços
Sr. Fábio Costa, grato. Quanto ao Sr. Vicente Laport, que segundo a imprensa é quem dá origem a casa Scholberg, o exposto nos artigos sobre esta casa e no de Ramão Prieu é tudo o que consegui apurar, pelo menos nos jornais aqui de Pelotas, que começam a partir de meados da década de 70 do século XIX, lhe sugiro uma busca a partir dos anos de 1850, quando é criada a firma, na Biblioteca de Rio Grande, que os tem e estão em ótimo estado. Qualquer novidade ou nova informação que surja, lhe porei informado. Abraço.
ResponderExcluirAgradeço a atenção. Infelizmente estou longe do RS.
ExcluirDe qualquer forma obrigado.
Admiro estes utensílios pela sua perfeição e durabilidade. Estou falando das facas produzidas pela SCHOLBERG.
ResponderExcluirCaro, a Scholberg nunca produziu cutelaria. Eles importavam, majoritariamente, de duas firmas, a Delaire e a Ducret-Guyot. A Scholberg produzia armas.
ExcluirME OFERECERAM UMA PISTOLA DE OUVIDO MUITO ANTIGA, COM A MARCA SCHOLBERG&GADET. SE ALGUEM ME DE ALGUMA INFORMAÇÃO. GOSTARIA DE SABER SE E RARA E OQUE PODE VALER.
ResponderExcluirMárcio, não tenho a menor ideia sobre esse assunto. Te sugiro que procures na Internet, pois os itens da Scholberg são fáceis de encontrar à venda.
ResponderExcluirOs itens da Scholberg, originais, não são assim tão fáceis de se encontrar, Sr Adão.
ExcluirTive uma garrucha Scholberg & Joucla de cartucho (acho que cal. 20). Lembro que estava escrito na solista "Scholberg & Joucla btes. à Pelotas" Meu pai tem uma de antecarga ("de ouvido") que traz Scholberg na solista, mas não recordo se menciona Joucla.
ResponderExcluirSenhor Adão, esta faca exibida com a marca do Coqueiro não é original da firma Scholberg. É uma falsificação produzida em Rosário do Sul.
ResponderExcluirInclusive , lá "fabrica-se "várias marcas famosas a pedido do cliente...!
ExcluirSenhor Anônimo, tens como mostrar marcas originais das facas desta marca? O coqueiro é diferente ou não tem coqueiro. Pergunto porque muitos clientes me procuram atrás de informações sobre estas marcas antigas e de acordo com teu comentário sobre "facas de Rosário do Sul" percebi que tens conhecimento sobre este quesito. Obrigado. Muito bom o resgate histórico Sr. Adão, curto muito este tipo de informação. Grato.
ResponderExcluirCavalheiros! Preciso da ajuda dos senhores para descobrir o ANO DE FABRICAÇÃO de uma arma, fabricada por esta casa. Possuo um REVOLVER 38, 6 TIROS, SCHOLBERG & JOUCLA, A PELOTAS, possui a "★" e a letra "A"; Possui a lateral escamoteável liberando a visão interna de toda a sua mecânica, inclusive a madeira da coronha fica solta quando a lateral abre; Ele é cromado, usa balas curtas, tem uma confortável empunhadura jamais vista por mim n'outra arma; Tem a argola abaixo da coronha para passar um tento, amarrar e evitar que se perca ao cavalgar. Pelo q li neste artigo maravilhoso imagino q a fabricação da minha arma date entre o ano de 1900 e 1907, quando da morte do Sr. Leopoldo JOUCLA.
ResponderExcluirSeria de muita valia qualquer pista ou dado informado pelos amigos. heitor@areiasantaclara.com.br
Prezado Sr. Rovani Channel, lamento mas não tenho a menor ideia quanto as armas ou datas de fabricação dessas pela Casa Scholberg, é possível que o senhor consiga referências com colecionadores ou especialistas em armas, principalmente se tratando de uma casa tão famosa quanto foi a Scholberg. Abraço, e a sua disposição.
ResponderExcluirTenho um revólver que era do avô de meu avô dessa marca (Scholberg, Joucla & Silva Pelotas).
ResponderExcluirMiro: I have gun SW .44 model 2 from company Scholberg in excellent condition to sell if someone interested
ResponderExcluirTenho interesse
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