quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Carlos Ritter e a contribuição industrial para Pelotas (parte 5)

Carlos Ritter e a contribuição industrial para Pelotas
(parte 5)



A.F. Monquelat
Jonas Tenfen

       
Postal do Museu de Ciências Naturais
(Acervo dos Autores)



       Dissemos na parte 2 deste trabalho que: as coleções de pássaros [empalhados] do Sr. Schaun, de São Lourenço, que também receberam medalha de ouro na mesma exposição em que o Sr. Carlos Ritter fora premiado, a Exposição Brasileiro-Alemã, bem como sobre o Sr. Schaun, falaríamos posteriormente. E, então, o que fazemos agora.
           Em matéria veiculada no Correio Mercantil no ano de 1890, sob o título de “Colleção ornithologica”, foi dito que: em visita a fábrica de cerveja dos honrados industriais Srs. Ritter & Irmão, para ver as coleções ornitológicas preparadas pelo Sr. Augusto Schaun, morador na colônia São Lourenço.
         Todos os pássaros que as compunham haviam sido apanhados na referida Colônia e tiveram o preparo segundo o método especial adotado pelo Sr. Schaun, palavras do jornalista que os visitou.
A ilusão era completa, dizia o jornalista, em uma clara alusão a perfeição do trabalho de taxidermia de quem o executara, Sr. Augusto Schaun.
         Os pássaros, de uma riqueza de cores deslumbrante, pareciam vivos aos olhos de quem os olhava. Notava-se-lhes aparente movimento, pela arte e cuidado da coleção, pela delicadeza do embalsamamento.
         Eram quatro as coleções: e cada qual, a mais variada.
         Entre outras, era notável a grande variedade de exemplares da classe popularmente conhecida pela designação de beija-flores, desde o de mais diminuto tamanho, até o maior e mais rico de plumagem.
         Havia nas coleções do Sr. Schaun pássaros raríssimos, alguns mesmo, talvez até, desconhecidos para a maioria da população da cidade, o que demonstrava a opulência da fauna sul-rio-grandense.
         As pequenas aves estavam dispostas com muito bom gosto, em arbustos enfeitados com musgos de delicados nuances, o que lhes dava ainda mais notável realce.
         Alertava o repórter que seria lamentável que tão bela e rica coleção saísse do Estado, pois era certo que seu proprietário, homem de poucos recursos e trabalhador, a pusesse a venda para dali tirar alguma compensação pelo trabalho e tempo empregado em organizar tão rico e precioso museu.
         Naquela visita, o Sr. Carlos Ritter teve a gentileza de mostrar ao jornalista um variadíssimo museu ornitológico, cujos exemplares haviam sido preparados pelo Sr. Augusto Schaun.
Pessoa habilitada e conhecedora do assunto afirmara ao jornalista que o museu organizado pelo Sr. Ritter era belíssimo.
        Não nos foi possível saber se a coleção do Sr. Augusto Schaun foi ou não adquirida pelo Sr. Carlos Ritter que a incorporou à sua, mas podemos com toda a certeza afirmar, embora não saibamos até quando, que o serviço de taxidermia do Sr. Schaun foi utilizado pelo Sr. Carlos Ritter, até pelo menos o ano de 1889. Pôde até ter sido prolongado ou até quem sabe o Sr. Schaun transmitiu sua técnica para o Sr. Ritter que a seguiu praticando. 

Garrafas especiais, com rolhas de coroa


         A cervejaria Ritter, em 19 de janeiro de 1897, prevenia aos seus clientes e ao púbico em geral, que daquele dia em diante, as suas marcas de cerveja Lager e Bock seriam engarrafadas em recipientes especiais, com rolhas de coroa, sistema do qual era possuidora do privilégio exclusivo para uso e venda no Estado do Rio Grande do Sul.
         Para identificar o modo pelo qual as garrafas assim fechadas seriam abertas, a Cervejaria forneceria, gratuitamente, aos compradores das suas cervejas um abridor especial acompanhado das respectivas instruções impressas.
         Com as rolhas de coroa, esclarecia o fabricante, desaparecia completamente o gosto de cortiça que costumavam deixar na bebida as outras rolhas.
       Prevenia também a Ritter  que as novas garrafas seriam cobradas dos clientes, que as não devolvesse a razão de 400 réis a unidade, sendo, porém as antigas recebidas na troca daquelas, acompanhadas da respectiva diferença de preço. 

Postal do Museu de Ciências Naturais
(Acervo dos autores)
                               

Nova visita à cervejaria Ritter


         Em meados de julho de 1899, o Correio Mercantil, dando continuidade a uma série de reportagens denominada de “Pelotas industrial”, a certa altura nos diz que havia observado o seu funcionamento para poder dizer, com natural orgulho, que Pelotas possuía uma das mais desenvolvidas, mais importantes e mais aperfeiçoadas fábricas de bebidas de todo o Brasil, que por si só era um atestado do seu progresso industrial. 
         A reportagem do jornal, chegando à fábrica Ritter, à Marques de Caxias [atual Santos Dumont], esquina da Marechal Floriano, sobre a ponte de pedra do arroio Santa Bárbara, e comunicando a intenção, foi ela gentilmente recebida por um dos sócios da indústria, o Sr. Frederico Ritter, que logo se prontificou a acompanhar os jornalistas fornecendo-lhes os dados necessários para que estes fossem fornecidos ao público leitor.
         Observou-se desde o momento em que a cevada, depois de quebrada, se encontrava em uma grande máquina de engenhosa combinação, a água, passando o produto obtido para a caldeira em que era cosido com o lúpulo, subindo dali para o imenso tanque de ferro, com a capacidade de 123 hectolitros, que era a unidade de cada fornada. Descendo ao aparelho onde esfriava a cerveja, passando para os largos tonéis, de proporções de 25 a 30 hectolitros, onde se dava a fermentação, demorando de 10 a 14 dias, feito a frio, fermentação baixa, garantia da pureza da bebida, da sua superioridade, o que tanto qualificava o produto e a fábrica.
Fermentada a cerveja, ia ela para outras câmaras frias, onde ficava depositada em outros largos tonéis, durante 3, 4 e até mesmo 5 meses, quando então, pronta para ser engarrafada e consumida, variando a temperatura das câmaras de 0 a 2 graus abaixo de zero.
         O líquido transitava de umas para outras secções em grossos tubos de borracha, ajustados nas condições favoráveis.

Continua...


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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo dos autores
Postagem: Jonas Tenfen

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