quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Hotel Grindler, Pelotas
(parte 4 e última)
Coronel Zeca Neto se
hospeda no Hotel Grindler
O jornal O Rebate, em 10 de março de 1919, noticiava estar
hospedado no Hotel Grindler o prestigiado chefe político de Camaquã, Sr.
coronel Zeca Neto.
O “ilustre patrício”, que gozava de alto conceito naquele
município, bem como em todo o Estado, era um fervoroso adepto da candidatura do
egrégio senador Rui Barbosa à presidência da República.
“Saudemo-lo”.
![]() |
General Zeca Neto |
Participação de
falecimento e comunicação de nova razão social
Aos 28 de setembro de 1927, era
participado à imprensa o falecimento do “amigo e sócio” André D. Raupp e,
conforme distrato da Junta Comercial do Estado, dissolvida razão social de
Konrad & Raupp.
Tendo o Sr. Konrady assumido todo o passivo da extinta
firma, continuaria ele com o mesmo ramo de negócio, Hotel Grindler, esperando
que todos dispensassem à firma individual André Luiz Konrady a mesma confiança
e preferência com que sempre distinguiram aos proprietários anteriores.
Nominata das pessoas
que fixaram residência no Grindler
Em princípios de maio de 1937, o Diário Popular publicou a
Nominata de pessoas que, dado o bom trato que o Hotel Grindler dispensava aos
seus hóspedes, para lá haviam fixado residência, fato que comprovava a
excelência do acreditado hotel, que passara às mãos do Sr. Ascendino Canez,
desde meados de janeiro daquele ano de 1937.
A nominata:
Dr. W. Bivar; Dr. Clarindo Severo e família; Dr. Cesar
Campos; Sr. Francisco Morales; Tenente Hugo Claro; Tenente Acácio C. da Rocha e
esposa; Sr. A. Krauer e esposa; Sr. José B. da Rosa; Sr. Luiz B. da Rosa; Sr.
Luiz Ramalho e família; Sr. Carlos L. Pinto e família; Sr. Antônio Sanches; Sr.
Salomon Nianchowac; Sra. Marina Leon e família; Sr. Antônio Nobre; Sr. Libargue
Nunes; Sr. Hugo Antônio Augusto; Sr. Eurico de Souza; Sr. Hélio Luz; Sr.
Domingos Rocha e família; Sr. Wolnei Ferreira; Sr. Dario do Estreito; Major
José Afonso da Rocha; Sr. Dirceu Peres; Sr. Dilon Dias; Sr. Rodolfo Martins;
Sr. Dimosman Gomes e Sr. Genes Bento.
Breve histórico do
Hotel Grindler
Uma folha local em meados de janeiro de 1938 publicou um
ligeiro histórico do afamado Hotel Grindler, na época, de propriedade do Sr.
AscendinoCanez, no qual foi dito que o atual administrador, dedicado, atencioso
e competente, tinha mantido, com alta visão comercial, o bom nome do
conceituado estabelecimento, cuja fama se irradiara por todo o Estado.
O histórico
Carlos
Grindler, um trabalhador esforçado, vindo de Cachoeira, fundou em Pelotas, em
1897, logo após cessado o rumor revolucionário, o Hotel Grindler, para onde
vinham sempre, atraídos pela sua fama, forasteiros de todos os municípios
vizinhos.
Carlos
Grindler, muito relacionado no interior, canalizou para sua casa, cujo nome
ascendia no conceito público, a admiração de todos os viajantes.
Em
1919, o Hotel passou a ser administrado, por motivos de saúde do Sr. Grindler,
pelos Srs. André Luiz Konrady e André Raupp, cuja sociedade durou até 1927,
ficando dessa data em diante, o estabelecimento, sob a exclusiva direção do
Sr.André Konrady.
Aos
17 de janeiro de 1937, adquiriu-o por compra o Sr. Ascendino Canez e este,
segundo um jornal da época, era um espírito dinâmico e adiantado, que soube
mantê-lo com alta dedicação o renome do grande estabelecimento.
O
Hotel vinha sofrendo, desde então, sensíveis melhoramentos, como sejam
pinturas, adaptações, compra de material, novo mobiliário e muito maior
iluminação.
Com
70 quartos, amplos e arejados, era um estabelecimento altamente recomendável ao
público.
Nele
residiam com todo o conforto, 11 famílias e 41 pensionistas, inteiramente
radicados no ambiente sadio e familiar do Hotel.
Mesa
farta, serviço atencioso, tratamento cavalheiresco, elegância e distinção, tudo
revelava no conceituado estabelecimento,
a sua direção e a solicitude do seu pessoal.
O
Hotel, concluía o jornalista, era um grande elemento de aproximação social, e
nele se relacionavam os indivíduos e as famílias, e se estudavam, com
informações fidedignas, as mais afastadas regiões do Estado.
Ainda
que não esgotado, encerramos aqui nossos apontamentos sobre o Hotel Grindler.
Ao fundo, prédio onde funcionou o Hotel Grindler |
Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F.
Monquelat
Revisão de texto: Jonas
Tenfen
Postagem: Bruna Detoni
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
O célebre baile das cozinheiras
(parte 2)
Pois bem: qual não foi a surpresa do jornalista quando,
sexta-feira (15-04-1932), pela manhã, recebeu a notícia de que o Baile das Cozinheiras
funcionara no dia anterior e, como de costume, se verificara, ali, formidável
desordem.
Do sururu resultou ruir um muro, um soldado da patrulha do
exército ser conduzido para a Santa Casa, ferido, uma mulher ficou bastante
lesionada e duas meretrizes serem presas.
Não atinava, por mais tratos que desse à bola, com a causa
de tal tolerância em virtude da qual era permitido que, em Pelotas, se
assistisse a cenas degradantes como as que se desenrolavam no Baile das
Cozinheiras.
Diziam, o que lhe custava acreditar, que o Baile tornara a
funcionar depois de já ter sido proibido, simplesmente porque andara metido na
questão certo advogado que, muito facilmente, conseguira a revogação da ordem
da prefeitura.
A ordem para o fechamento, segundo o Diário Popular: “As cozinheiras
não dançarão mais?”, era a chamada do jornal para logo abaixo dizer que em
virtude de constantes reclamações que lhe foram encaminhadas, o Sr. Cherubim
Queiroz, subprefeito do 1º distrito, mandou fechar a sede do Clube Recreativo 3
de Outubro, mais conhecido por Baile das Cozinheiras, situado à Praça Piratinino
de Almeida e dirigido por Egydio Smiraglia.
Vejamos agora o que é que o Sr. Egydio Smiraglia tem a dizer
disso tudo. Na Seção Livre do jornal O Libertador, sob o título de “Acusação
injusta”, diz a seguir o Sr. Egydio que os reiterados e injustos ataques ao
funcionamento do modesto “Club 3 de Outubro”, desta cidade, e sob minha
direção, obriga-me a esta resposta: Não acuso a divulgação dessas notícias,
porque, faço justiça aos nobres sentimentos dos homens componentes do corpo
redatorial desse conceituado jornal, que, nessas notícias, são vítimas da sua
boa fé.
Evidentemente, o repórter, na sua faina de informar os seus
clientes e na afobação de notícias tendenciosas, mostra-se portador e veículo
de tais notícias.
Desafio, pois, a quem quer que seja que prove que, nesses
meus bailes, se reúne pessoal arruaceiro, que promovem algazarra e proferem
palavrões pornográficos, atentatórios da moral e dos bons costumes, antes, pelo
contrário, a frequência se não se pode classificar de seleta, é, contudo, uma
frequência boa, ordeira e moral, na qual predominam elementos conhecidos na
sociedade de Pelotas.
De fato, na última noite em que se realizou baile nessa
sociedade, houve a queda de um muro que divide uma área da minha casa de uma
cocheira infecta, que, contra as posturas municipais e higiênicas, está ali
localizada.
E que, a queda foi acidental, basta acentuar que a mesma se
deu para o interior do meu prédio, logo, se fosse por atos ou manobras dos
frequentadores de minha casa, a derrubada se teria dado em sentido inverso,
isto é, para o interior do referido prédio ou cocheira.
Salvo obra diabólica, não se encontra explicação para o
fenômeno!
Se prisão houve, foi fora dos muros da casa, e, logo, sem
responsabilidade direta do signatário.
Finalizando devo acrescentar que a única proteção que minha
casa desfruta é a que lhe dá e outorga a Lei, tutela dos humildes e garantia
dos...deserdados da fortuna.
Pelotas, 16/4/32 Egydio Smiraglia (A firma estava
reconhecida).
Por
sua vez, o proprietário do local que o Sr. Egydio Smiraglia chamou de “cocheira
infecta” usando de seu direito de resposta fez, no dia seguinte, uso desta e: À
vista de uma declaração feita na “Seção Livre” deste jornal pelo Sr. Egydio
Smiraglia, acerca do “Baile das Cozinheiras”, cumpre-me explicar o seguinte: o
muro de minha propriedade resistiu a chuvas e temporais; entretanto, esperou
que se realizasse um baile para cair...
Os tijolos, solidários com a imprensa, querem hostilizar o
suposto clube.
Relativamente aos escândalos que se verificaram no Baile das
Cozinheiras, a que o Sr. Smiraglia deu agora o nome de Clube 3 de Outubro, não
sei se por política, é inútil gastar palavras.
Os escândalos têm sido narrados pela imprensa e têm dado
grandes incômodos à polícia.
A minha cocheira, a que se refere o Sr. Smiraglia, obedece às
prescrições da Diretoria da Higiene.
Pelotas, 18 de abril de 1932. José Maria Simões.
Também em meados de abril daquele mesmo ano, o jornal O
Libertador publicou um “A pedido”, assinado por alguém que se denominou de
“Cozinheiro”, com o seguinte teor: Doutor Victor Russomano, / Que foi legalista
rubro, / Num gesto bastante humano, / Fechou o Club Três de Outubro. / Teve a
coragem precisa / Que faltou ao doutor Py, / Fez a devida pesquisa / E chamou a
tarefa a si / Mostrou que manda quem pode, / Sem consultar a ninguém; / Se ali
medrava o pagode, / Fê-lo acabar... e fez bem. / Os sócios com os polícias / Às
voltas, sem pré em idílio, / Davam-se a mútuas carícias, / À moda de João
Pompílio. / O resultado é sabido, / Sempre o eterno alvoroço: / Alguém tombava
ferido, / Quebrando a cara ou o pescoço, / Doutor Victor Russomano, / Não
agindo em pura perda, / não teve o menor engano; / Fechou sem ouvir a esquerda./
Fechasse acaso o Getúlio, / O Três de Outubro de lá, / Teria
o apoio hercúleo, / Do Rio Grande ao Pará. / Como aqui na Prefeitura, / Que
encontrou um Russomano, / O Catete está na altura / De ter um chefe espartano.
/ Mas assim com panos quentes, / Como andou o doutor Py, / Os nossos jovens
tenentes / Não dão o fora dali. / Fosse outro o ditador, / De certo pra fora os
punha, / Mostrando força e vigor, / Sem arranhar uma unha, / Sem os bater com
uma flor. / Talvez...o Flores da Cunha.
Dia 26 de abril de 1932, O Libertador informava aos seus
leitores ter recebido um ofício no qual lhe era comunicado de que o celebérrimo
Club 3 de outubro, ex Baile das Cozinheiras, a partir de então passava a
denominar-se Sociedade Recreativa Beija-Flor.
Prosseguindo na informação, dizia que aquele suposto clube,
na realidade casa de bailes públicos, frequentado por mulheres também públicas,
tinha inclusive estatutos e diretoria constituída, que era a seguinte:
presidente Egydio Smiraglia; vice-presidente, Alberico Pereira; secretário,
Joaquim Boa-nova e, tesoureiro, Feliciano Rodrigues Penteado.
Concluía a informação acrescentando que o paraíso dos
beberrões e arena do pugilato continuava instalado à praça Piratinino de
Almeida nº 56.
Continua...
Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F.
Monquelat
Revisão de texto: Jonas
Tenfen
Postagem: Bruna Detoni
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