Hotel Grindler, Pelotas (parte 2)
A.F. Monquelat
Novos melhoramentos no hotel
Sr. Grindler, no propósito de elevar o seu hotel à altura dos melhores estabelecimentos no gênero existentes no Estado, comunicava aos interessados, em fins de julho de 1898, recém terminar a construção de cômodos e modernos banheiros, bem como efetuar outras reformas e melhoramentos de alta relevância, não só na vasta e bem cuidada área, para o fim de deixá-la própria para o serviço de refeições no verão, como também promovera reformas no interior do prédio.
Este, que já contava com um salão especial para visitas, seria dotado de quartos para noivos, sala para leitura e outros aposentos, todos confortáveis e cômodos.
Inauguração de salão ao ritmo de orquestra de jovens
Dia 29 de outubro de 1899, foi inaugurado no hotel do Sr. Carlos Grindler o seu novo e espaçoso salão denominado de salão São José, que fora decorado com “muito gosto e vistosamente pelo habilidoso artista Sr. Rosales (Y)”.
O aspecto do salão era agradabilíssimo e muito adequado, em vista da distribuição das armações, que haviam sido reformadas, bem como os móveis que o decoravam.
Durante o dia, a frequência ao novo e atraente ponto de reunião foi numerosa, tornando-se muito movimentado e festivo.
Havia muitos vasos de flores espalhados pelo ambiente.
À noite, por volta das 20 horas, estando o salão iluminado fartamente a lâmpadas e venezianos [acreditamos tratar-se de um tipo de espelho], surgiu então uma excelente orquestra, composta por jovens do comércio local, deleitando os presentes, dentre as quais inúmeras senhoras, com seleto e harmonioso repertório.
Nessa ocasião, foi servida uma taça de “champagne” aos presentes, momento em que o Sr. Carlos Grindler recebeu uma amistosa e eloquente saudação do oficial do exército Sr. tenente Tito Villalobos, assim como o cumprimento de outras pessoas ali presentes.
Agora, dizia o jornalista, que o Hotel Grindler concluiu com perseverança e trabalho de seu ativo proprietário as benfeitorias que se havia proposto, cumpria-lhe desejar prosperidades e agradecer as gentilezas que até então lhe tinham sido dispensadas.
Jovem “crioulo” tenta o golpe do bilhete no hotel
Um jovem “crioulo”, de 16 a 18 anos de idade, trajando regularmente e desconhecido, apresentou-se dia 13 de novembro de 1899 no Hotel Grindler pretendendo, por meio de um bilhete com a assinatura falsa, do médico na cidade Dr. Calero, obter do proprietário do hotel a quantia de 31$200 (réis).
Pressionado que foi pelas perguntas que lhe foram feitas, o espertalhão fugiu.
O Sr. Carlos Grindler comunicou o fato ao Dr. Calero, que, por sua vez, o levou ao conhecimento da polícia.
No ato de apresentar o falso bilhete no hotel, o “crioulo” escolheu-o dentre outros papéis que portava, o que fez supor que ele tencionasse aplicar o golpe em outros locais.
Seria o José, o autor do roubo das panelas?
Entre as noites de 17 para 18 de janeiro de 1902, os gatunos foram à residência do Sr. Carlos Grindler, proprietário do Hotel Grindler, e penetrando pelo quintal, na cozinha da casa, que ficava anexa à do Sr. José Inácio do Amaral, no extremo da rua Manduca Rodrigues [atual Marcílio Dias], suspenderam com panelas, e mais apetrechos, que puseram em dois sacos, dos quais despejaram o milho que ali estava.
A polícia deteve, para averiguações, um empregado do Sr. Carlos Grindler, de nome José Francisco Abreu.
Em comemoração ao aniversário de 7º ano de fundação do hotel
Que já se tornara um dos principais pontos de referência na cidade, e em sinal de satisfação e alegria, seu proprietário, o Sr. Carlos Grindler, o deixou vistosamente embandeirado, fato que foi comentado pela imprensa local.
O Sr. Grindler, por tal acontecimento, foi muito felicitado pelos seus amigos, vizinhos, hóspedes e fregueses.
O Arauto, semanário local, como merecida homenagem ao “perseverante trabalhador”, estampou, naquele dia, um retrato do Sr. Carlos Grindler, acompanhado de referências elogiosas a ele e ao seu hotel.
As felicitações pelo transcurso de outros aniversários de fundação do hotel se sucederam ano após ano por parte, não só da imprensa de Pelotas como por todos os amigos que o Sr. Carlos fizera desde sua vinda da cidade de Cachoeira, sua cidade natal, para Pelotas.
Janeiro de 1908, o Hotel Grindler anuncia nova ampliação
Pois, o Sr. Grindler desejando corresponder à animadora preferência que lhe vinha dispensando o público, tanto de Pelotas como de outras cidades do Estado, acabava de inaugurar, no espaçoso sobrado onde residira a Exma. família Joucla [o Sr. Joucla foi um dos sócios da Casa Scholberg] – junto ao prédio que, há dez anos, ocupava à rua Andrade Neves nº151 – novas e caprichosas instalações, as quais estavam montadas em condições de proporcionar aos Srs. hóspedes as confortáveis e higiênicas comodidades exigidas em uma casa de tal ordem.
Os novos quartos, entre os quais dois preparados exclusivamente para noivos, encontravam-se providos de modernos e luxuosos móveis, cortinas, finos aparelhos de “toillete”, espelhos, mosquiteiros e etecétera.
Tendo ainda salas para hóspedes, aposentos para Exmas. famílias, quartos para casal, dependência especial para mostruário de caixeiros viajantes, magnífico banheiro de chuva, grande área com soberbo caramanchão, quartos de banho para senhoras, enfim: tudo o quanto era necessário a um estabelecimento nas condições do Hotel Grindler que, desde a sua fundação, tinha mantido a seguinte divisa: Asseio – Conforto – Moralidade – Critério.
Ao final da comunicação feita pelo Sr. Carlos, notassem bem que: com essas reformas, ficou o Hotel Grindler com 19 janelas de frente, sendo 11 pela rua Andrade Neves e 8 pela rua Sete de Setembro.
Continua...
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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F. Monquelat
Revisão de texto e postagem: Jonas Tenfen
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