[Entrevista de Adão Monquelat concedida à
Equipe da Capelania da Universidade Católica de Pelotas, em 07 de julho de 2016. Este Convite à
Reflexão versa sobre a história e pré-história de Pelotas, sobre a cidade
"invisibilizada", sobre o livro "Pelotas dos Excluídos" e
"Desfazendo Mitos", entre outros temas.]
Convite à Reflexão - Aniversário de Pelotas
Capelania e Identidade Cristã
No
mês de julho é celebrado o aniversário da cidade de Pelotas. Mas qual Pelotas?
A da Freguesia ou a do Padroeiro?
Situada
na região sul do Rio Grande do Sul, a cidade ganhou grande prestígio social e
econômico através da produção do charque, uma atividade econômica realizada
pela exploração da mão-de-obra escravizada de afrodescendentes no território
brasileiro.
Conforme
o historiador Caiuá AL-Alam, “o grande destaque adquirido pelos grupos sociais
dominantes — uma aristocracia proprietária de charqueadas e escravos — leva a
cidade a ser vista como a Princesa do Sul, devido sua vida cultural sofisticada
e por sua intensa relação com a Europa".
A
Capelania oferece para a semana uma reflexão sobre outras Pelotas que
coexistem, ou que são invisibilizadas. Oferecemos uma entrevista realizada com
o pesquisador e escritor Adão F. Monquelat, que apresenta outras narrativas a
cerca da construção da cidade. A entrevista baseia-se em dois livros de
Monquelat: "Desfazendo Mitos - Notas À História do Continente de São Pedro",
de 2012, e Pelotas dos Excluídos – Subsídios Para Uma História do Cotidiano”,
2014.
Desejamos
uma boa leitura e reflexão.
Pelotas está de aniversário nesta semana. Qual
Pelotas? A da Freguesia ou a do Padroeiro?
São duas coisas diferentes. Primeiro, eu trabalho
com a ideia de que Pelotas gerou várias Pelotas, então tem uma Pelotas, vamos
dizer assim, “pré-histórica” que vem até a criação da freguesia, ali começa um
processo de urbanização, e tem uma outra Pelotas, dentre as várias, que é a
“Pelotas dos Excluídos”.
Adão Monquelat é pesquisador e apaixonado por
livros. Poderias abordar um pouco da tua trajetória e como surge teu interesse
pela história de Pelotas?
Me considerado um pesquisador e não um historiador
para não estar em exercício ilegal da profissão, se não o pessoal poderia me
cobrar, principalmente o pessoal da academia, como eu sou Telles (brincadeira
referente às escolas de samba do município).
Quando eu me dediquei a conhecer a história da
cidade, percebi que ela tinha uma série de pontos que eu questionei. O fato de
estar registrado para mim não significa que seja verdade. Pode ter uma outra
forma de ver essa mesma coisa. Acho que a verdade tem três faces: a minha, a
tua e a verdadeira, que pode ser a minha, a tua ou nenhuma delas inclusive, ou
pode ser uma fusão das duas. Então, comecei a ler e aprendi a paleografar, sou
um autodidata em paleografia. Andei nos arquivos de Montevidéu, comprei muita documentação
digitalizada, pesquisei os arquivos de Minas Gerias, São Paulo e Rio. Foi um
conjunto de coisas que foram se formando e isso fez com que eu começasse a
repensar a história da cidade. Comecei a procurar onde estava a origem dessas
lendas ou desses mitos. Sou apaixonado por desfazer mitos. Daí começo a ver o
seguinte, a primeira história sobre a cidade é religiosa, do Viera Pimenta,
pertencente à entidade do Santíssimo Sacramento, vinculada à Igreja Católica.
Ele faz uma narrativa religiosa, ele não tem a preocupação de um cronista do
seu cotidiano e ela nunca foi impressa. Então, passei a conhecer o que o Simões
Lopes Neto entendeu de interessante na descrição do Vieira Pimenta.
Aproximadamente em 1905 o Simões Lopes, que é nosso escritor maior sem nenhuma
dúvida, mas que é um péssimo historiador, tudo o que ele disse serve para
conferir e perceber que ele se enganou, mas não por má intenção, por falta de
documentação, de recursos. Ele fez com grande mérito a revista do primeiro
centenário, visando o centenário em 1912.
Há um grande consenso que Pelotas nasce por causa
de uma charqueada, isso não é verdade e está documentado. O Simões falava (e na
época ele não sabia) que o Pinto Martins não era cearense e sim português e que
ele é o terceiro de quarto irmãos. O Pinto Martins chega ao Brasil por volta de
1780 e tem a preocupação de se tornar um familiar do Santo Ofício (informante
da Igreja) para denunciar certas práticas não religiosas, de origem de
feitiçaria ou de ritos judaicos, e isso ajudava a ascensão econômica e social
de alguém se tivesse esse certificado. O Pinto Martins, entre 1780 e 1787, fica
envolvido nesse processo para saber se ele poderia ou não ser um “familiar”.
Duas coisas eram importantes para que isso fosse concedido: que ele não tivesse
sangue judeu nem negro e uma série de coisas. Tinha que ter um certa “pureza”.
O primeiro de quatro irmãos casou-se com a cunhada de um charqueador em Aracati
(CE). Depois vem o segundo e estabelece uma série de atividades como
charqueiro. Já com certo status econômico, eles fazem vir os dois últimos
irmãos, o “nosso” José e o Antônio, os dois que acabam em Pelotas (bem depois).
Os dois últimos da via marítima, entre os trechos Mossoró, Aracati e Recife. Em
Mossoró eles buscavam sal, descarregavam em Aracati, na charqueada dos irmãos,
carregavam para Recife e lá eles trocavam esse charque ou vendiam por outras
mercadorias porque também eram atacadistas. Isso acontece entre 1880 e 1887,
sendo que em 1887 ocorreu uma tragédia na charqueada, quando um escravo
enciumado pensava que sua mulher estava tendo um caso com o patrão e resolve
matá-lo, o Pinto Martins interfere e leva uma facada e vem a morrer em
consequência desse ferimento. Neste ano, morreram os dois irmãos mais velhos e
as viúvas, não querendo permanecer com os negócios, resolvem vender tudo e
fazem com que o José e o Antônio P. Martins tenham que estabelecer outro
negócio. Aí possivelmente eles tenham vindo para o Rio Grande já sabendo da
produção de charque aqui com o intuito de levar, pois viviam embarcados (essa é
uma hipótese). Se sabe que primeiramente eles teriam que estar em Rio Grande
porque era um centro onde os charqueadores pelotenses e de outras regiões
levavam o material para despacharem. Ainda se tem o José Pinto Martins como fundador
da cidade, mas a cidade não é fundada por uma única pessoa, é necessário vários
contextos para que ela nasça. Eu digo que Pelotas é uma invenção do charque e
da escravidão, não fosse isso ela seria uma cidade como outra qualquer dentro
da província.
Que Pelotas é essa invisibilizada, principalmente
os negros, desde o tempo das charqueadas e que ainda hoje estão marginalizados?
Uma dessas datas, extensão menor que uma sesmaria,
pertencia a Mariana Eufrades da Silveira, que é onde estamos. A potígua era de
um charqueador que vendeu ao Capitão Antônio dos Anjos. Daí nasce a freguesia,
a Igreja. Nasce o primeiro aforamento. Ele comprou a área de um charqueador, á
área que depois ele faz uma doação generosa para a Igreja Católica. Com isso se
começa a estabelecer os fregueses da Paróquia, da Igreja e é aí que se dá a
confusão. O distrito era Pelotas. Foi necessário realizar um processo pois a
maioria dos foreiros não queria mais pagar o aforamento. A criação da freguesia
se da em 31 de janeiro de 1812 através de um alvará assinado pelo príncipe Dom
João. O 07 de julho é a data da Igreja, do padroeiro. Alguns datavam distrito
ou freguesia de Pelotas; outros próximos a Igreja datavam São Francisco de Paula. Acabou prevalecendo
São Francisco de Paula. A cidade tem duas certidões de nascimento uma do civil
e uma do religioso que até hoje é comemorado.
Monquelat primeiramente abordavas a questão da
desconstrução do mito. Poderias apresentar o processo da chegada dos
descendentes de africanos em Pelotas?
O negro chega em Pelotas já no período colonial.
Nas fazendas e estâncias, com exceção das datas, havia escravos. Tudo era
produzido por mão de obra escrava. Talvez possamos pensar o seguinte: a vinda
do escravo, em tempo de castigo tenha sido mais amena nesse passado. Mas a
medida que a urbe começa a aumentar, é também maior o fluxo de venda do charque
como produto. Tem início um outro processo de feitura e uma mão de obra maior
pois a demanda começa a crescer. A produção em larga escala no Rio Grande do Sul
começa com João Cardoso da Silva, soldado que estabelece uma estância nas
ruínas do forte de São Gonçalo e a suas dispensas ele trás de Portugal um
técnico da salga, protegido pelo governador da época. Inicia-se o processo de
charqueação para outras instâncias que vão sendo estabelecidas. Foi em Arroio
Grande que nasceu a produção de charque. Há um buraco na história, porque não
há produção. Há um outro grupo de charqueadores que são os mais conhecidos. Mas
isso é mais tarde. Com o término da revolta, porque não chamo de revolução,
acontece a retomada da produção do charque. Tem um outro fator que é a cólera
que chega a Pelotas e dizimou principalmente os negros por causa das condições
precárias das senzalas, principalmente devido a umidade e sujeira. Nesse período
morreram escravos e a parte mais empobrecida da cidade.
Na década de 1860 Pelotas era uma cidade
extremamente pacata, quebrada pelos tropeiros que chegavam. Aí começa realmente
a ser construída a cidade que nós herdamos que é a Pelotas dos excluídos,
porque no final dessa década surgem quatro empreendimentos: a Companhia
Hidráulica Pelotense, a segunda a desobstrução da foz do São Gonçalo, terceiro
a Ferro Carril de Pelotas e por último a criação da Biblioteca Pública, já na
década de 70. O estabelecimento da companhia hidráulica privatiza a água na
cidade e os chafarizes que embelezam hoje a cidade, na época eram motivo de
espoliação, porque não era permitido retirar água se não fosse pago. Tudo era
vendido. Começa um desenvolvimento e um outro problema: a chegada na navalha
via porto trazida por imigrantes portugueses e se soma a outros instrumentos de
violência. Começa então a gestação de várias Pelotas. Uma delas oriunda da
região da Serra dos Tapes e São Lourenço, que é Pelotas do colono que e o traço
é a produção do seu trabalho, da agricultura para o abastecimento da cidade. A
outra é a Pelotas da barbárie, dos castigos… que é a Pelotas das Charqueadas,
uma outra acontece via fronteira que é a dos tropeiros e os oriundos do mar. Há
uma confluência, um conjunto de “tipos sociais” que começam a habitar, a se
desenvolver, a expandir principalmente a violência. Começa a partir daí os meus
personagens, que é essa gente toda a constar nas colunas policiais que são os
excluídos. Existe um comércio nas tavernas e tascas porque eram uma espécie de
motel. Elas eram uma espécie e iscas para os tropeiros que gastavam dinheiro
também devido ao álcool e ao jogo. Depois há uma proibição das mulheres
exercerem esse tipo de atividade e ocorre uma descentralização da prostituição,
e com isso um aumento da violência. Principalmente uma única quadra denominada
“encrencópolis, a canaã das facadas” que era a rua Vinte e Quatro de Outubro
que depois foi nomeada como Tiradentes.
Em 2014 escrevestes o livro “Pelotas dos Excluídos
(subsídios para uma história do cotidiano)”, publicado pela Editora Livraria
Mundial, o que abordas nesse livro?
No livro Pelotas dos Excluídos trago presente os
negros como também os pobres e migrantes da época.
Apresento as ocorrências publicadas pela imprensa.
Eu não mexo no texto, apenas acomodo a linguagem de hoje, mas não
descaracterizo. Não gosto de nada pronto e não entrego nada pronto para que o
leitor possa fazer as deduções. No Pelotas dos Excluídos a introdução é o meu
pensamento sobre a cidade, mas depois entrego as ocorrências.
No contexto
de exclusão da Pelotas aristocrática daquela época podemos citar o
marginalizado como o imigrante, colono, os descendentes de africanos, sobretudo
o pobre. A narrativa presente neste livro contribuiu com elementos para
(re)pensar a história de Pelotas. Atualmente, consegues observar quem são os
“excluídos” no município? Como enxergas Pelotas hoje?
No período colonial uma elite começa a se
estabelecer, uma aristocracia que através do poder econômico descentraliza e afasta essas pessoas. O
cortiço é um espaço muito importante e considerado insalubre. Conforme estes
lugares são comprados, essas pessoas ficam cada vez mais distanciadas do centro
e são os excluídos da história que vieram com uma expectativa e não foram tão
bem sucedidos. Em uma sociedade
basicamente de charqueadas, que estavam nas mãos dos “pataqueiros da
aristocracia do sebo” a possibilidade é muito menor. Outros são atraídos pela
riqueza que aqui circulava. Pelotas sempre foi uma mini-corte onde o modelo era
o Rio de Janeiro.
Os excluídos da Pelotas hoje estão na periferia e
aparecem em grandes eventos, por exemplo, se tu andas pelo centro da cidade
você encontra pouquíssimos negros em relação a proporção que eles existem, mas
se acontecer um evento como o carnaval aí começas a ver uma Pelotas que não se
conhece. A Pelotas da periferia… eles continuam sendo empurrados para mais
distante, pois quanto menor as condições de vida eles tiverem é melhor para o
núcleo urbano. Pelotas foi construída em cima de muito sangue, de muita
injustiça social que permanece.
Sempre houve muita discriminação e há uma
prepotência estabelecida por uma história aristocrática e oficial.
Houve um tempo em que se conviveu com a condição de
civilização e barbárie, e a segunda era a ponto dos negros confessarem crime
que não tinham cometido para terem um momento de sossego na cadeia, sob pena de
serem condenados, devido ao tipo de trabalho e castigos exercidos na
charqueada.
Como pesquisador abordas que “se teve durante muito
tempo uma história repetida e oficial, e uma linha de seguidores subservientes
a essa narrativa aristocrática”. O que pensas sobre isso?
Penso o seguinte: a construção de algo em mais de
um século não pode ser desfeita por alguém que aparentemente “chegou ontem” na
história. Existe uma construção dessa história desde 1912 através do Simões
Lopes que estabelece de certa maneira essas coisas que nunca foram investigadas
a ponto de serem desfeitas.
Quando faço essa crítica em relação a apologia a
elite, dos casarios por exemplo, Pergunto: - Alguém tem registro daquelas
casas, casebres no entorno das fábricas
que tinham em Pelotas? Me lembro de ver algumas construções onde a parede
externa eram latas de óleo abertas. Há
uma preocupação em preservar a memória de apenas uma parte da sociedade e isso
é muito complicado. Uma cidade conviveu, convive e conviverá com diversos
seguimentos, mas para entendê-la é preciso olhar o todo, se não seremos sempre
parciais
Como pesquisador da história de Pelotas quais
alternativas enxergas para superar essas desigualdades? O que tem sido feito e
o que ainda pode ser pode ser realizado para contribuir com a transformação dessa realidade?
Esse é um momento complicado porque vivemos uma
crise com alto índice de desemprego e isso é muito perigoso. O que vejo é que
Pelotas continua tratando do núcleo urbano, cada vez mais urbano. Todos esses
projetos de maior impacto são para favorecer a elite. Se não se priorizar
investimentos “periféricos” nós vamos continuar tendo um cinturão de miséria. É
preciso que se pare e comece a projetar obras realmente sociais na cidade.
Pelotas precisa parar de pensar só no miolo. Ela esta grande e cada vez mais é
aumentado seu cinturão de miséria. Isso é muito preocupante e gera injustiças.
Há todo um apelo midiático para o consumo e se não se tem dinheiro se dá um
jeito para conseguir aquilo que se quer.
Gostarias de acrescentar mais alguma coisa?
Eu estou trazendo a história das pensões e dos
cabarés até a década de 20 em um livro que terá seu primeiro volume lançado em
agosto “A Princesa do Vício e do Pecado” onde abordo a questão do jogo e da
prostituição em Pelotas. Espero ainda
terminar um projeto que dei início onde primeiramente gostaria de relatar uma
história de Curitiba até Pelotas, mas me dei conta que não teria tempo
suficiente, então comecei a fazer alguns cortes e a partir daí nasceu o
“Desbravamento do Sul e a Ocupação Castelhana” depois “Pelotas no tempos dos
Chafarizes”. Nesse segundo, percebi que poderia construir uma Pelotas como eu
concebo e precisar quando essa “Pelotas
gestada por outras Pelotas” começa a acontecer. As praças, por exemplo, eram um
espaço de muitos acontecimentos, inclusive de elitização. Cito um acontecimento
em seguida do 13 de maio de 1888, um negro bem vestido, conforme a construção
do jornalista da época, senta em um dos jardins da praça (ela era toda
arrendada pois tinha que dar lucro para a administração), pede uma cerveja e é
corrido. Inclusive chama-se a polícia. Ele achou que era realmente livre e que
tinha o direito de sentar ali como um cidadão e ter o prazer de tomar uma
cerveja. Não pôde. (...)
A documentação sobre as praças cresceu muito, logo
o trabalho terá dois volumes. Depois, pretendo trabalhar as “feiticeiras da
princesa” onde tratarei a questão do
feitiço, ou seja, como ele era visto no século XIX. Na verdade o que era
considerado feitiço era a religião de matriz africana, que a imprensa entendia
como feitiço e a polícia reprimia, apreendia o material e jogava no São
Gonçalo. Esse último é o livro que mais destinarei tempo porque terei que
aprender muito sobre as religiões de matriz africana para não cometer
atrocidades. Entendo que as feiticeiras do passado são os pai e mães de santo
hoje.
Por que se deter na história de Pelotas? Em uma
história em que abordas diferentes fatos através do “Desfazendo Mitos” e
“Pelotas dos Excluídos”. Por que “pegar com as mãos” essa outra história?
Uma cidade é construída por uma comunidade e não
por uma elite ou por um único grupo. Eu não sou “bem nascido” como costumam
dizer. Sou filho de imigrantes italianos e portugueses. Entendo que a história
de uma comunidade precisa ser contada, até para que o não “bem nascido” ou o
anônimo tenham um estímulo para pensar que seus antepassados foram realmente
importantes, embora eles não estejam no registro e na história oficial. Mas sem
eles essa Pelotas não existiria.
[Este entrevista está disponível no sítio eletrônico
da Universidade Católica de Pelotas,<
http://www.ucpel.edu.br/portal/?secao=noticias&id=7796>. O acesso ao
link da instituição foi feito em 13 de julho de 2016.]