No
rastro do cabaré Balalaika
(parte
2)
pelotasdeontem.blogspot.com
A.F.Monquelat
Dando continuidade ao nosso texto, “No rastro do cabaré
Balalaika”, e
diante do anúncio publicado no jornal A
Opinião Pública de 27 de novembro de 1941, que foi o primeiro e mais antigo
que conseguimos localizar, podemos nos permitir especular sobre alguns tópicos além
da estranha grafia para designar a atividade de bar: ora, pensar que um bar.
Ora , pensar num bar que, em nosso entender era na realidade uma casa noturna
que abrigava um restaurante, com pratos grelhados, e pudesse ( pelo menos era o
anunciado) todas as semanas promover novas estréias procedentes do Rio de Janeiro,
São Paulo, e outras localidades, não nos parece muito viável dado os custos que
sem dúvida deveriam ser bastante elevados.
É também bastante possível supor que naquele
dia, 27 de novembro de 1941, dia da estréia do “notável sambista” DE’O COSTA, não estivesse muito
distante a data de inauguração do Balalaika.
Admitindo que sim e ainda conforme o mesmo anúncio pode-se
estabelecer, como primeiro local de instalação do Dancing, a Rua Marechal Deodoro, “quasi esquina Floriano”, contrariando assim todas
as informações que obtivemos quanto a outros locais de localização do cabaré
Balalaika.
No entanto, e mesmo diante de uma prova impressa quanto à
localização, não aceitamos a hipótese do meu pai ter apontado para a esquina
errada, a da Rua Barão de Santa Tecla, ou de eu ter sido assaltado por uma
falsa memória; assim continuamos procurando por novos rastros.
Já no ano posterior, 1942, vamos encontrar novos anúncios
nos quais o endereço permanecia o mesmo para o “Baar Balalaika”, mas, como se pode observar,
as apresentações haviam sido enriquecidas com novas atrações. Agora, além do “notável sambista De’O COSTA”, havia também a presença e
participação das bailarinas NADIA E BLANCO BRANCA bem como a bailarina IVONE DE
CORDOBA.
Tal anúncio perdurou em pelo
menos um dos jornais da época, ainda por algum tempo até que em dado momento o
dito Baar Balalaika desaparece por completo das páginas dos órgãos de imprensa
da cidade.
Acreditamos
então que nesse ínterim tenha ocorrido a mudança de local e de nome, já que o Baar
Balalaika dera lugar ao “dancing
Balalaika”,
agora instalado no sobrado da Rua Barão de Santa Tecla esquina de Marechal
Floriano, local que ainda vive na memória de alguns, como pude verificar após a
publicação da primeira parte deste artigo aqui no DM e que entraram em contato
comigo, se dispondo não só a me darem informações quanto ao dancing assim como
sobre alguns que ali atuaram de diversas maneiras; e aqui aproveito para
agradecê-los.
Nosso
reencontro com o rastro do Balalaika volta a ocorrer, na continuidade da nossa
pesquisa, através da coluna “FATOS
DO DIA”publicada
no jornal A Opinião Pública, dia 23 de agosto do ano de 1948, onde é dito que
às 3 horas da madrugada daquele mesmo dia, o plantão da Delegacia de Polícia,
inspetor Maio, foi chamado pelo cabo Noé Fagundes, para que fosse aplacar os ânimos no interior do “dancing” Balalaika, à Rua Barão de
Santa Tecla, local no qual um dos freqüentadores, depois de várias libações,
promovia desordens.
Junto
ao local, o inspetor constatou que um dos freqüentadores, o Sr. Jorge Farah,
tinha se excedido a tal ponto em suas provocações aos freqüentadores presentes,
que a dona da casa resolvera fechá-lo, em virtude de terem abandonado o salão
todos os que ali se encontravam.
Abordando
o turbulento, o inspetor intimou-o a moderar-se, tendo sido obrigado a detê-lo,
momentos depois, no Restaurante Gago, situado à Rua Marechal Floriano, já que
ali continuaram as suas ameaças e provocações aos que se encontravam no
restaurante.
Deve
ter percebido o leitor, por certo, mas queremos reforçar o fato do Balalaika,
pelo menos naquela época pertencer a uma mulher, como se pode observar na
notícia: “a
dona da casa resolvera fechá-lo”.
Outra
observação que julgamos pertinente salientar é a da já existência do famoso
Restaurante Gago, na Floriano entre Deodoro e Santa Tecla, restaurante, se não
me falha a memória, diurno e noturno, sendo a noite um dos locais preferidos da
boemia pelotense e que também servia de ponto de embarque e desembarque de
passageiros em especial oriundos do Uruguai ou indo para este.
O
Restaurante Gago, juntamente com os restaurantes 35 e o Restaurante Recreio
Pelotense, sendo o 35 na Rua 15 de Novembro
esquina Cassiano e o Recreio Pelotense na Andrade Neves esquina da Cassiano,
eram o porto de encontros e desencontros dos amantes da noite pelotense, sendo
que tanto um quanto outro tinham no seu interior, recantos reservados com o
intuito de evitar olhares curiosos dos transeuntes e até mesmo de outros freqüentadores.
Continua...
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Fonte de pesquisa:
Bibliotheca Pública Pelotense-CDOV
Tratamento de imagem:
Tatiele B. Moro
Revisão do texto: Luiz Roberto C. P. da
Conceição