Confeitaria A Dalila, Pelotas
A.F. MonquelatPropaganda de A Dalila |
Ainda que não seja a confeitaria mais antiga a ser fundada em Pelotas, a confeitaria A Dalila em curto prazo tornou-se uma das confeitarias mais tradicionais, famosas e importantes da cidade.
E foi com esta denominação, A Dalila, que a imprensa local anunciava, para o dia 7 de setembro de 1916, a inauguração, à rua Marechal Floriano nº 5, de uma bem montada confeitaria, de propriedade do Sr. Domingos Souza Moreira.
A nova casa, em condições de receber a visita das famílias, dispunha de uma ampla e magnífica sala para o serviço de gelados, refrescos e toda a qualidade de bebidas e doces.
Todo o mobiliário fora confeccionado na conceituada Marcenaria Moderna, do Sr. Arthur Ignacio de Souza, que, segundo a imprensa, mais uma vez dava provas de seu bom gosto e competência.
A armação era composta por quatro elegantes bufês, completada por dois cristaleiros e dois mostradores, tudo em moderno estilo, “oferecendo magnífico aspecto”.
Na véspera da inauguração, à noite, o proprietário do novo estabelecimento faria uma exposição, para a qual recomendava o jornalista.
A circular distribuída à Imprensa
Às vésperas da inauguração, o Sr. Souza Moreira, proprietário da nova confeitaria, enviou à imprensa da cidade, a seguinte circular: “Ilmo. Sr. – O abaixo assinado, solicitando vênia a V. Sª., vem, por este meio, comunicar-vos que no dia 7 do corrente inaugurará nesta cidade, à rua marechal Floriano nº 5 (próximo à Praça da República) uma bem montada Confeitaria.
“Um estabelecimento de 1ª ordem, a qual receberá diretamente das principais praças nacionais e estrangeiras grande variedade de comestíveis e molhados finos, mantendo um completo sortimento em doces, folhados, bolos, biscoitos, pastilhas e bombons cristalizados, fabricados diretamente no próprio estabelecimento, para cujo mister conta com profissional competentíssimo.
“Certo de que V. Sª se dignará auxiliar este novel estabelecimento, subscreve-se, hipotecando-vos o mais profundo respeito, elevado apreço e imperecível gratidão o vosso humildíssimo criado. D. Souza Moreira”.
A inauguração vista pela imprensa
Ao ato de inauguração da confeitaria, dia 7 de setembro de 1916, estiveram presentes representantes da imprensa, Dr. Cipriano Barcelos, intendente do município, e grande número de convidados e famílias, os quais muito elogiaram o bom gosto com que estava montado “o elegante estabelecimento”.
O Sr. Moreira, auxiliado pelo Sr. Joaquim Louzada, foi incansável em gentilezas a todos servindo finos e delicados doces, acompanhados de champagne.
Falaram, fazendo votos de prosperidade à Dalila, os Srs. José Veríssimo Alves Filho e o reverendo Manoel Felix, representante do Lusitano.
O Sr. Moreira agradeceu, fazendo referência à independência do Brasil, para a qual teve carinhosas palavras.
Também foi muito cumprimentado o Sr. Felix Fanocchia, “hábil diretor da fabricação de doces”.
Mesma imagem, informações diferente |
À colônia italiana
Dias depois de inaugurada, o proprietário de A Dalila participava à distinta colônia italiana, bem como ao público em geral, ter recebido os seguintes gêneros: vinho espumante Lambrusco, vinho Marsala, vinho Lacryma, vinho Christi, vinho Capri (Scala), vinho Chianti, Ferro-quina de Bisleri, Arenghes, Accinghe salate, Tartufi, Funghi secchi, all’olio e AL naturale, Olio gambogi, Olive Pio Moro, etc.
Uma visita, pois, a confeitaria A Dalila.
A festa da Faculdade de Direito na confeitaria!
Dia 20 de novembro de 1916, às 14 horas, na sala da confeitaria, teve lugar a festa de despedida que os novos bacharéis da Faculdade de direito de Pelotas ofereceram a congregação desse estabelecimento.
Ao champagne, falou pelos que se despediam o Dr. Tancredo do Amaral Braga, respondendo pela congregação o Dr. Bruno Lima, lente do primeiro ano.
Saudou os alunos do 4º ano o Dr. França Pinto, agradecendo o advogado Álvaro da Silva.
Estiveram presentes à festa, que ocorreu na maior tranqüilidade, os Srs. Drs. Francisco Brusque, Albuquerque Barros, Bruno Lima, Alexandre Mendonça, Tancredo Braga, Luiz frança Pinto, Octavio Pitrez e acadêmicos dos diversos cursos daquela Faculdade, Álvaro da Silva, Edmundo Appel, Francisco da Mota Topin, Abdon de Mello, Pedro Vergara, Álvaro Appel e Clarimundo Rosa Nepomuceno da Silva.
O Sr. Dr. Luiz Mello Guimrães, lente do 5º ano, se fez representar por seu filho Luiz Teixeira Guimarães.
A comemoração do 1º aniversário de A Dalila
Comemorando o primeiro aniversário de fundação da conceituada confeitaria, o seu proprietário Sr. Domingos Moreira ofereceu um chá, na noite do dia 7 de setembro de 1917, às famílias e fregueses do estabelecimento.
Durante a reunião, fez-se ouvir um afinado terceto, sob a direção do Sr. Domingos Bandeira.
Os convidados e representantes da imprensa da cidade foram gentilmente recepcionados pelo proprietário.
A banda musical União Democrata esteve presente cumprimentando a casa aniversariante, executando várias peças de seu repertório, na frente da confeitaria.
Os músicos foram obsequiados fidalgamente com doces e líquidos.
A Dalila em seu 15º aniversário: 7 de setembro de 1931
A luxuosa confeitaria A Dalila, estabelecimento que viria a ampliar “o nosso comércio de especialidades e comestíveis”, sob a propriedade do Sr. Domingos de Souza Moreira que lhe dera, de início, uma direção firme e “modelada no progresso da cidade”.
Mais tarde, o Sr. Frutuoso Gonçalves, num louvável trabalho e para melhor corresponder à preferência dos clientes, associando-se ao Sr. Antônio Alves de Freitas, colocou a confeitaria num nível de destaque que, naquela data, tornara-se o ponto dileto “da aristocracia pelotense”.
A confeitaria, durante o dia, esteve repleta de clientes e pessoas do meio social pelotense, que foram levar seus cumprimentos dos dirigentes daquela casa.
O preferido ambiente, dizia o jornalista, apresentava lindo aspecto com sugestivas ornamentações de flores e bandeiras nacionais e rio-grandenses.
Em celebração, os Srs. Gustavo Teixeira, que passara a fazer parte da firma desde o 1º dia daquele mês, e o Sr. Freitas ofereceram chopes e sanduíches aos seus clientes.
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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F. Monquelat
Revisão de texto e postagem: Jonas Tenfen
Possuo um armário, com portas em cristal bisoté que meu pai comprou desta confeitaria quando ela fechou.
ResponderExcluirQue interessante! Herdei uma caixa de doces feita de madeira desta confeitaria.Era do meu bisavô
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