quarta-feira, 3 de julho de 2019

Carlos Ritter e a contribuição industrial para Pelotas (parte 3)

Carlos Ritter e a contribuição industrial para Pelotas
(parte 3)



A.F. Monquelat
Jonas Tenfen

         
Ponte no Santa Bárbara
          
          Dali, voltava-se para os subterrâneos [é provável que estes subterrâneos, aos quais se refere o jornalista, tenham dado origem aos mitológicos túneis pelotenses, que até hoje povoam o imaginário da cidade] passando para a casa de lavar garrafas, onde, em uma máquina de pedal da marca Boldt & Vogel, Hamburgo, podia um único operário lavar trezentas e tantas garrafas por hora.
      Nestes serviços, eram empregados quatro operários: dois lavavam as garrafas exteriormente e os outros dois lavavam-nas interiormente, na máquina.
          Depois, passava-se para a primeira adega onde estavam três tonéis, podendo caber, em cada, de mil a mil e duzentas garrafas, e cinco tonéis menores, com capacidade cada para seiscentas garrafas.
          Esta adega era destinada ao engarrafamento da cerveja, para o qual tinha uma máquina de fabricação Boldt & Vogel, que podia encher quatro garrafas por vez; e outra, do mesmo fabricante, para arrolhá-las.
          Logo após a visita na adega, o Sr. Ritter mostrou ao jornalista uma segunda adega, destinada à fermentação da cerveja.
        Esta adega era a mais importante e a que mais cuidados exigia.
     Sobre pilares de pedras estavam colocadas seis tinas de madeira, comportando cada qual mil e duzentas garrafas; em frente, achavam-se três tonéis iguais aos da outra adega, e oito menores.
          Ao fundo, estava uma máquina pneumática que conduzia a cerveja desta adega para a outra.
        Havia ainda outra máquina Boldt & Vogel, destinada a conduzir a cerveja de um tonel para outro.
          Perto da porta, tinha um bom termômetro centígrado que marcava a temperatura da adega. 
        Por um corredor, chegava-se aos depósitos de cerveja engarrafada.
          Os dois depósitos tinham capacidade para armazenarem cinquenta mil garrafas de cerveja.
          O corredor e os depósitos possuíam trilhos de ferro onde, sobre um carro, eram conduzidas as garrafas para as carroças da fábrica.
          A estes depósitos, seguiam-se outros dois: um destinado às garrafas vazias e outro para barris, onde era transportada a cerveja para a campanha.
          Daquele local, o repórter e o S. Carlos Ritter deram um passeio pelo jardim, que, segundo o jornalista, era bem delineado, com algumas flores mimosas, produzindo uma ótima sombra.
          Por todo o jardim havia mesas e bancos onde, à sombra, se podia usufruir de um ar fresco e agradável.
          Uma rampa conduzia às cocheiras e ao depósito das carroças.
      A fábrica possuía duas carroças e empregava quatorze operários.
          Encerrando a visita, dizia o jornalista que por toda a fábrica ele presenciara uma limpeza e ordem impecável.
          O produto fabricado na cervejaria e a amabilidade com que a todos recebia o simpático Sr. Carlos Ritter era um bom exemplo para aqueles que se dedicavam ao trabalho industrial.
          A cerveja Ritter fora premiada na exposição Brasileira-Alemã, com a medalha de prata.

Concertos musicais no Jardim Ritter


Ponte no Santa Bárbara

          Pelo menos desde o ano de 1881, o jardim Ritter tinha por hábito promover concertos musicais, como foi o caso daquele concerto executado na tarde de domingo, dia 13 de março de 1881.
          Tal ato, divulgado pelo Correio Mercantil, informava que, naquela tarde, na importante fábrica de cerveja do Sr. Carlos Ritter, à ponte do arroio Santa Bárbara, a banda de música alemã, que recentemente havia chegado de Porto Alegre, executaria algumas das melhores peças de seu repertório.
          Na capital da província, aquela música fora muitíssimo apreciada e aplaudida.
        Portanto, recomendava-se ao público aquela agradável diversão.
          Dois dias depois do concerto, o Correio Mercantil, dando notícia, dizia que a excelente banda de música alemã, que atualmente se encontrava nesta cidade, efetuara dia 13, de tarde, no bonito jardim do Sr. Carlos Ritter, próximo à ponte do arroio Santa Bárbara, um concerto instrumental, atraindo grande público, no qual se destacavam muitos das principais famílias da localidade.
          O local escolhido para a recreativa diversão não poderia ter sido melhor, dizia o jornalista.
          A banda de música era composta por 14 músicos de reconhecido talento e, que foram além da expectativa. Todas as peças executadas, do seu vastíssimo repertório tinham a marca da perfeição, e recebera, ao término, gerais salvas e palmas dos presentes.
          Segundo a opinião de profissionais, Pelotas até então nunca teve em seus quadros uma banda de música tão bem organizada e de componentes tão habilitados.
          A diversão prolongou-se até as 23 horas, conservando sempre um grande público.

          E, no Jardim Ritter, a música continua


          Como se poderia ver, dia 9 de novembro de 1884, na reabertura daquele local de diversão, depois deste ter sofrido uma reforma e ter sua área ampliada, pois ali:

Há bancos para todos
Ninguém ficará de pé,
Salvo o impaciente
Ou tomador de rapé.

Alerta!
- brada a sentinela.
Quem vem lá?
Insiste ela.
É de paz...é Lager Bier,
Deixai passar o progresso,
E se me quereis provar
No jardim tereis ingresso

         Aproveitando a reabertura, o Sr. Carlos Ritter participava ao respeitável público que incorporara mais uma marca de cerveja às já conhecidas de sua fábrica: a Lager Bier, que seria apresentada e ele esperava que fosse ela bem recebida pelos apreciadores, naquela tarde.
          Informava também ser a Lager Bier de muito bom preço, pois pela garrafa só seria cobrado 600 réis pela garrafa e 3.600 réis pela dúzia.


Continua...


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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F. Monquelat

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