quarta-feira, 27 de março de 2019

Hotel Lagache, Pelotas

Hotel Lagache, Pelotas

                                                                             A.F. Monquelat

Anúncio de abertura do Hotel Lagache

Em 23 de agosto de 1928, era anunciado que, com o nome de Hotel Lagache, o Sr. Joaquim Martins Filho, proprietário do conhecido restaurante Royal, abriria, dentro em breve, magnífico hotel no vasto “palacete”  à rua Voluntários, esquina da Andrade Neves, onde estivera o Hotel Gotuzzo.
O novo hotel seria dotado dos “últimos requisitos da arte”, tais como mobiliário fino, aparelhamento completo, nos dormitórios, com instalação de água corrente nos quartos, independente dos esplêndidos compartimentos de banhos em geral.
Também a cozinha, além de ter a assistência da família do proprietário, seria ocupada por um competente mestre da arte culinária que recentemente chegara do Prata.

As reformas

O jornal A Opinião Pública anunciava, nos primeiros dias do mês de setembro de 1928, que estavam sendo feitas as reformas internas do espaçoso prédio à rua Voluntários, esquina da Andrade Neves, onde funcionara o Hotel Gotuzzo, a fim de nele ser instalado o Hotel Lagache.
O seu proprietário, Sr. Joaquim Martins Filho, pensava inaugurar o novo estabelecimento até o dia 20 daquele mês, tendo já recebido numerosos pedidos de quarto.

A inauguração do Hotel Lagache

Conforme previra o proprietário, dia 20 de setembro de 1928, no espaçosos edifício à rua Voluntários, era inaugurado o moderno e confortável Hotel Lagache.
Era seu proprietário o competente profissional no ramo, o Sr. Joaquim Martins, o que, por si só, era garantia, dizia o jornalista, de que o novo estabelecimento seria atendido e dirigido com escrupuloso carinho.
Da visita que o repórter fizera, na véspera da inauguração, trouxe ele a melhor das impressões, já pelo cuidado que exerceram às diversas instalações, já pelo conforto que ofereceriam os seus aposentos.
Desde a entrada à cozinha, surpreendiam o bom gosto e o empenho do proprietário, em tornar o Hotel Lagache um estabelecimento de primeira ordem, “digno do progresso da cidade”.
Na saleta de espera, situada no longo corredor, coberto o assoalho com fino trilho aveludado, estava disposto confortável Maple [móvel de madeira] que convidava ao repouso.
A sala de refeições, ampla, clara, arejada, realçando a adequada decoração das paredes, recebia ar e luz em abundância de largas janelas abertas para uma agradável área.
Elegante mobiliário e um fino serviço de louças, cristais e christofle, completavam a magnífica dependência.
Todos os quartos eram amplos e ventilados, recebendo ar e luz diretos, princípio de higiene indispensável para a saúde, em especial nos estabelecimentos do gênero.
Eram providos de excelentes camas, fina mobília com roupeiros espelhados, pias, tapetes de veludo e outros itens, que recomendavam o modelar estabelecimento.
A cozinha era outro setor, instalada em uma grande e agradável peça, com luz e ar suficientes e que obedecia aos mais rigorosos preceitos de higiene.
Seria ela dirigida por competente profissional, que teria ao seu dispor outros elementos subalternos, também competentes.
O Hotel Lagache, que já tinha quartos ocupados, estava montado de maneira a corresponder satisfatoriamente a todas as exigências.
O ato de inauguração seria abrilhantado pelo jazz-band Chiquinho.
No ato da inauguração, foi solta uma girândola de foguetes.
Estiveram presentes muitas pessoas e representantes da imprensa, tendo o Sr. Joaquim Martins cercado a todos com muitas gentilezas, servindo no ato, sanduíches, doces e líquidos.
Durante todo o dia, o estabelecimento foi muito visitado, recebendo de todos ótima impressão, pelo conforto e elegância pela forma que estava montado.
À hora do jantar, novamente, se fez ouvir música, que durou até às 20 horas.

A morte do Doutor Saturnino de Britto, hóspede do Hotel Lagache

Aos 12 dias do mês de março de 1929, os jornais de Pelotas diziam ter repercutido dolorosamente o falecimento do Dr. Saturnino de Britto, ocorrido dia 10 daquele mês, no Hotel Lagache.
O eminente engenheiro foi surpreendido pela morte aos 65 anos de idade, quando se encontrava em viagem de observação aos trabalhos de saneamento da cidade de Pelotas, feitos pela empresa que dirigia.
O Dr. Saturnino de Britto era casado com a Sra. Alice Saturnino de Britto e, quando de sua morte, deixava os seguintes filhos: Francisco Saturnino de Britto, que se encontrava em Poços de caldas, Srta. Maria Alice Britto e o Sr. Augusto Saturnino de Britto.
Nascera o Dr. Saturnino de Britto em Campos, estado do Rio de Janeiro, a 14 de julho de 1864, formando-se em 1887 na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

A missa do 7º dia 

Aos 15 dias do mês de março de 1929, a família Saturnino de Britto convidava as pessoas de suas relações, para a missa do 7º dia que mandariam rezar, no dia seguinte, às 19 horas, na capela do Asilo de Mendigos, de Pelotas.

O Traslado dos restos mortais

De acordo com a vontade, testamentada, do eminente engenheiro Saturnino, a de que os seus restos mortais, após um prazo por ele determinado, fossem  repousar no Rio de Janeiro, no mesmo ataúde em que fossem dados à sepultura, vieram a Pelotas seus filhos e os fizeram embarcar, dia 12 de março de 1933, no paquete Itassucê.

Dr. Saturnino de Britto vira nome de rua em Pelotas

O Sr. coronel Joaquim Augusto de Assumpção, prefeito do município, aos 23 dias do mês de março de 1933, deu nome de Saturnino de Britto à rua que ligava a Manduca Rodrigues ao bairro Simões Lopes.
Prestava assim Pelotas a sua homenagem ao eminente engenheiro.
 
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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F. Monquelat
Revisão de texto e postagem: Jonas Tenfen

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