quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Confeitaria A Dalila, Pelotas

Confeitaria A Dalila, Pelotas

                                               A.F. Monquelat

Propaganda de A Dalila

Ainda que não seja a confeitaria mais antiga a ser fundada em Pelotas, a confeitaria A Dalila em curto prazo tornou-se uma das confeitarias mais tradicionais, famosas e importantes da cidade.
E foi com esta denominação, A Dalila, que a imprensa local anunciava, para o dia 7 de setembro de 1916, a inauguração, à rua Marechal Floriano nº 5, de uma bem montada confeitaria, de propriedade do Sr. Domingos Souza Moreira.
A nova casa, em condições de receber a visita das famílias, dispunha de uma ampla e magnífica sala para o serviço de gelados, refrescos e toda a qualidade de bebidas e doces.
Todo o mobiliário fora confeccionado na conceituada Marcenaria Moderna, do Sr. Arthur Ignacio de Souza, que, segundo a imprensa, mais uma vez dava provas de seu bom gosto e competência.
A armação era composta por quatro elegantes bufês, completada por dois cristaleiros e dois mostradores, tudo em moderno estilo, “oferecendo magnífico aspecto”.
Na véspera da inauguração, à noite, o proprietário do novo estabelecimento faria uma exposição, para a qual recomendava o jornalista.

A circular distribuída à Imprensa

Às vésperas da inauguração, o Sr. Souza Moreira, proprietário da nova confeitaria, enviou à imprensa da cidade, a seguinte circular: “Ilmo. Sr. – O abaixo assinado, solicitando vênia a V. Sª., vem, por este meio, comunicar-vos que no dia 7 do corrente inaugurará nesta cidade, à rua marechal Floriano nº 5 (próximo à Praça da República) uma bem montada Confeitaria.
“Um estabelecimento de 1ª ordem, a qual receberá diretamente das principais praças nacionais e estrangeiras grande variedade de comestíveis e molhados finos, mantendo um completo sortimento em doces, folhados, bolos, biscoitos, pastilhas e bombons cristalizados, fabricados diretamente no próprio estabelecimento, para cujo mister conta com profissional competentíssimo.
“Certo de que V. Sª se dignará auxiliar este novel estabelecimento, subscreve-se, hipotecando-vos o mais profundo respeito, elevado apreço e imperecível gratidão o vosso humildíssimo criado. D. Souza Moreira”.

A inauguração vista pela imprensa

Ao ato de inauguração da confeitaria, dia 7 de setembro de 1916, estiveram presentes representantes da imprensa, Dr. Cipriano Barcelos, intendente do município, e grande número de convidados e famílias, os quais muito elogiaram o bom gosto com que estava montado “o elegante estabelecimento”.
O Sr. Moreira, auxiliado pelo Sr. Joaquim Louzada, foi incansável em gentilezas a todos servindo finos e delicados doces, acompanhados de champagne.
Falaram, fazendo votos de prosperidade à Dalila, os Srs. José Veríssimo Alves Filho e o reverendo Manoel Felix, representante do Lusitano.
O Sr. Moreira agradeceu, fazendo referência à independência do Brasil, para a qual teve carinhosas palavras.
Também foi muito cumprimentado o Sr. Felix Fanocchia, “hábil diretor da fabricação de doces”.
Mesma imagem, informações diferente

À colônia italiana

Dias depois de inaugurada, o proprietário de A Dalila participava à distinta colônia italiana, bem como ao público em geral, ter recebido os seguintes gêneros: vinho espumante Lambrusco, vinho Marsala, vinho Lacryma, vinho Christi, vinho Capri (Scala), vinho Chianti, Ferro-quina de Bisleri, Arenghes, Accinghe salate, Tartufi, Funghi secchi, all’olio e AL naturale, Olio gambogi, Olive Pio Moro, etc.
Uma visita, pois, a confeitaria A Dalila.

A festa da Faculdade de Direito na confeitaria!

Dia 20 de novembro de 1916, às 14 horas, na sala da confeitaria, teve lugar a festa de despedida que os novos bacharéis da Faculdade de direito de Pelotas ofereceram a congregação desse estabelecimento.
Ao champagne, falou pelos que se despediam o Dr. Tancredo do Amaral Braga, respondendo pela congregação o Dr. Bruno Lima, lente do primeiro ano.
Saudou os alunos do 4º ano o Dr. França Pinto, agradecendo o advogado Álvaro da Silva.
Estiveram presentes à festa, que ocorreu na maior tranqüilidade, os Srs. Drs. Francisco Brusque, Albuquerque Barros, Bruno Lima, Alexandre Mendonça, Tancredo Braga, Luiz frança Pinto, Octavio Pitrez e acadêmicos dos diversos cursos daquela Faculdade, Álvaro da Silva, Edmundo Appel, Francisco da Mota Topin, Abdon de Mello, Pedro Vergara, Álvaro Appel e Clarimundo Rosa Nepomuceno da Silva.
O  Sr. Dr. Luiz Mello Guimrães, lente do 5º ano, se fez representar por seu filho Luiz Teixeira Guimarães.

A comemoração do 1º aniversário de A Dalila

Comemorando o primeiro aniversário de fundação da conceituada confeitaria, o seu proprietário Sr. Domingos Moreira ofereceu um chá, na noite do dia 7 de setembro de 1917, às famílias e fregueses do estabelecimento.
Durante a reunião,  fez-se ouvir um afinado terceto, sob a direção do Sr. Domingos Bandeira.
Os convidados e representantes da imprensa da cidade foram gentilmente recepcionados pelo proprietário.
A banda musical União Democrata esteve presente cumprimentando a casa aniversariante, executando várias peças de seu repertório, na frente da confeitaria.
Os músicos foram obsequiados fidalgamente com doces e líquidos.

A Dalila em seu 15º aniversário: 7 de setembro de 1931

A luxuosa confeitaria A Dalila, estabelecimento que viria a ampliar “o nosso comércio de especialidades e comestíveis”, sob a propriedade do Sr. Domingos de Souza Moreira que lhe dera, de início, uma direção firme e “modelada no progresso da cidade”.
Mais tarde, o Sr. Frutuoso Gonçalves, num louvável trabalho e para melhor corresponder à preferência dos clientes, associando-se ao Sr. Antônio Alves de Freitas, colocou a confeitaria num nível de destaque que, naquela data, tornara-se o ponto dileto “da aristocracia pelotense”.
A confeitaria, durante o dia, esteve repleta de clientes e pessoas do meio social pelotense, que foram levar seus cumprimentos dos dirigentes daquela casa.
O preferido ambiente, dizia o jornalista, apresentava lindo aspecto com sugestivas ornamentações de flores e bandeiras nacionais e rio-grandenses.
Em celebração, os Srs. Gustavo Teixeira, que passara a fazer parte da firma desde o 1º dia daquele mês, e o Sr. Freitas ofereceram chopes e sanduíches aos seus clientes.

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Fonte de pesquisa: CDOV – Bibliotheca Pública Pelotense
Imagens: acervo de A.F. Monquelat
Revisão de texto e postagem: Jonas Tenfen

2 comentários:

  1. Possuo um armário, com portas em cristal bisoté que meu pai comprou desta confeitaria quando ela fechou.

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  2. Que interessante! Herdei uma caixa de doces feita de madeira desta confeitaria.Era do meu bisavô

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