quarta-feira, 25 de abril de 2018

15 esquina 7: encontro do café com o cinema (parte 2 e última)

                                                                                                                                                                        A.F. Monquelat



       O café seria inaugurado em fevereiro e o cinema em fins de março de 1912. Dando-se, assim, a inauguração geral da casa.

A frente do prédio em que funcionaria o Ideal-Concerto estaria feericamente iluminada por dois grandes focos de luz elétrica, com a força de mil velas cada.

Um dos referidos focos seria colocado à Rua 15 de Novembro; e o outro, à Rua Sete de Setembro.

Como bem poderia imaginar o leitor, afirmava um dos jornalistas, o Ideal-Concerto seria um estabelecimento importantíssimo, para onde convergiria, certamente, a elite da sociedade pelotense.

Em meados do mês de março, sem que tivesse acontecido a inauguração prevista para o mês de fevereiro, a imprensa local noticiava que em “mais alguns dias” estaria aberto ao público o Ideal-Concerto. Este seria, incontestavelmente, o primeiro estabelecimento, no gênero, do Estado e um dos primeiros do Brasil.

Para que a inauguração se realizasse, esperavam tão somente que fossem liberadas pela Alfândega as cadeiras destinadas ao salão de cinematógrafo, que haviam sido importadas da Áustria.

O Ideal-Concerto contaria também com um magnífico serviço de restaurante à la minuta, instalado em salão exclusivamente preparado para tal finalidade.

Os preparativos para a definitiva instalação daquele estabelecimento modelo prosseguiam ativamente, de modo que, dentro de poucos dias, acreditavam estivesse ele aberto ao público.

A seção de cinematógrafo, a cargo do Sr. João Salvi, mereceria especial cuidado da empresa Ideal-Concerto, a qual já contava com grande e seleto repertório de fitas, até então desconhecidas em Pelotas.

Era agente daquela empresa o Sr. Ignacio Accioly, que, na ocasião, estava na cidade e era o único distribuidor no Estado das fitas Dinamarquezas, Cines, Ambrosio, Ítala e outras.

Dia 25 de março de 1912, o Ideal-Concerto feericamente iluminado foi, à noite, visitado por um grande número de famílias pelotenses.

O estabelecimento, com todas as suas dependências iluminadas, apresentava um lindo aspecto.

Poucos dias após a visita daquele grande número de pessoas, a imprensa anunciava que estava próxima a hora da sociedade chique de Pelotas gozar a delícias de ver realizada uma grande expectativa, que a dominava desde que fora falado na fundação do Ideal-Concerto, e isso porque estava definitivamente marcada para dia 30 daquele mês a abertura do importante estabelecimento.

A inauguração dar-se-ia à noite. À frente do prédio onde estava instalado o Ideal-Concerto, uma banda de música abriria os festejos.

Os homens encontrariam no Ideal-Concerto, além de atraentes diversões, um serviço completo, bem atendido, a tempo e à hora, de café, bar, cigarraria, restaurante, engraxataria, etc.

Dia 30, após a abertura, haveria no amplo salão destinado às diversões cinematográficas, o primeiro espetáculo, com programa composto de fitas completamente desconhecidas em Pelotas.

A Inauguração do Ideal-Concerto
Conforme fora anunciado, dia 30 de março do ano de 1912, à noite, por volta das 19 horas, deu-se de maneira oficial a inauguração do grande estabelecimento Ideal-Concerto, instalado à Rua 15 de Novembro, esquina Sete de Setembro.

Dizer o que era o Ideal-Concerto, afirmavam os jornalistas, seria repetir o que por muitas e muitas vezes haviam dito e o que, portanto, já era de conhecimento do público, que aquela noite invadiu o novo estabelecimento, logo que suas portas foram abertas. 

O Ideal-Concerto, que se manteve repleto de famílias e cavalheiros até altas horas da noite, era um estabelecimento modelo e que fazia jus à cidade de Pelotas.

As sessões cinematográficas, realizadas na noite da inauguração, tiveram avultada e seleta concorrência.

Sábado, dia 31 de março, às 15 horas, os proprietários do Ideal-Concerto ofereceram aos representantes da imprensa, às autoridades e demais convidados, inclusive algumas famílias, uma sessão especial de cinema, sendo exibidos três filmes, entre os quais se destacou, pelo empolgante efeito dramático contido, o filme intitulado “Gioconda”.

Após aquela sessão cinematográfica, foram servidos, na sala da frente do Ideal-Concerto, doces, sanduíches e champagne, a todos os convidados.

Dia 1º de abril, domingo, seriam realizadas sessões corridas com o seguinte programa, “realmente chic”: “Pathé Journal nº 139 B”, Um senhor metódico” e “Amor de Príncipe”.

Ideal-Concerto e Ponto Chic

Em agosto de 1912, a empresa proprietária do Ideal-Concerto, em virtude do registro, que a mesma acabara de fazer na Junta Comercial do Estado, o seu salão de diversões, que até aquela data (18 de agosto de 1912) adotara o nome de Ideal-Concerto, passaria a chamar-se Ponto Chic. Este título seria usado daquela data em diante em todos os seus cartazes, anúncios e programas.

O Café-Concerto de propriedade da mesma empresa, e situado à Rua 15 de Novembro, esquina Sete de Setembro, ao lado do salão acima referido, também em virtude de registro feito, continuaria a denominar-se Ideal-Concerto.

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Fonte de pesquisa: Bibliotheca Pública de Pelotas/CDOV
 Revisão do texto e postagem: Jonas Tenfen
Tratamento de Imagem: Bruna Detoni

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