As
façanhas de Jacob Klaes (parte 2)
(Dedicado
aos amigos Jonas Tenfen e Sérgio Schwanz)
Antes de darmos continuidade à descrição da fábrica de fumos
de Jacob Klaes, queremos acrescentar que o Sr. Klaes era filho de Anna Maria
Klaes e nasceu na Alemanha, como já o dissemos, aos dois (2) dias do mês de
novembro de 1834.
No Brasil, recebeu sua carta de naturalização aos 28 de
agosto de 1867, em Minas Gerais, conforme Decreto Imperial de nº 1419.
O Sr. Jacob Klaes foi o primeiro industrial a estabelecer
fábrica de fumos na cidade de Pelotas. A fábrica estava situada à Rua Santa
Bárbara [atual Marechal Deodoro] nºs 44 e 46.
O maquinário da fábrica
em Pelotas
À entrada, estava o armazém de fumos beneficiados, prontos
para o consumo, estando à esquerda de quem entrava o escritório.
Ao fundo, ficava a passagem para os depósitos e oficinas.
Em primeiro lugar, vinha o depósito de fumos em folhas e
desfiados em um espaçoso armazém, seguindo-se um pátio enorme onde, em pequenos
mas regulares quartos, ficavam algumas oficinas.
Primeira – a oficina de cigarros tendo seis operários e
podendo fabricar mensalmente de quatrocentos a quatrocentos e cinquenta mil
cigarros.
Tinha também uma pequena máquina americana, movida a braço e
destinada a picar fumo pelo sistema de Havana [Cuba].
Segunda – oficina de enlatação e preparação de fumos
desfiados.
No centro da oficina, havia um imenso tabuleiro para o
enlatamento.
Ao lado, duas prensas destinadas ao fumo em corda e, do
outro lado, outro tabuleiro para o fumo desfiado.
Nesta oficina, trabalhavam três (3) operários.
No pátio próximo da casa das máquinas, ficava um
forno-caldeira, de cobre, destinado a abrir o fumo desfiado.
Terceira – oficina de máquinas. Um motor vertical marca
Lincoln, força de dois (2) cavalos, que movia os seguintes aparelhos: um tambor
de desfiar fumo, indústria nacional, fabricado em Rio Grande na fundição do Sr.
Joaquim José Dias; uma serra redonda, para serrar a lenha para o motor; e uma
importante máquina de cortar fumos, marca Robert Legós, que podia cortar
diariamente vinte arrobas de fumo.
Havia também uma máquina movida a mão, para picar fumo,
podendo picar diariamente onze arrobas.
Possuía ainda outra máquina, marca Robert Legós, uma das
mais aperfeiçoadas na época, também destinada a cortar fumo para desfiar.
Nesta mesma área, estava instalada a oficina de ferreiro,
para o conserto das máquinas quando necessário.
Naquela seção, trabalhavam três (3) operários.
Passando-se novamente ao pátio, encontrava-se, ao fundo, a
oficina de extrato, onde havia uma fornalha-caldeira, de ferro, para o extrato
que podia conter cinco (5) arrobas de mel.
Neste pátio, e próximo ao armazém, havia um depósito onde o
fumo era arejado.
Além dos fumos, aqui mencionados, o Sr. Klaes fabricava
também toda a qualidade de charutos e cigarros.
O Sr. Jacob e o trigo
No primeiro trimestre do ano de 1887, chegaram a bordo do
paquete Jaguarão e, a expensas do Sr. Jacob klaes, duas famílias de colonos
alemães, oriundas de Santa Catarina, onde estavam domiciliadas.
As famílias eram compostas de 11 pessoas, todas conhecedoras
da cultura do trigo.
Esses colonos foram instalados em terras do finado Serafim Gonçalves
Escobar, situadas entre as estações de Basílio e Piratini.
Dizia o jornal estar informado de que o Sr. Jacob Klaes
estava empenhado em mandar vir mais colonos para estabelecerem-se em “nossas
vastas regiões” para dedicarem-se ao cultivo do trigo e do fumo.
Tais notícias, que o jornal registrava com satisfação, eram
sempre prenúncio do progresso e do
futuro engrandecimento agrícola e industrial.
Honra, portanto ao Sr. Klaes que, dessa forma, tornava-se
credor do progresso agrícola e industrial pelotense e eram os votos do jornal
que não esfriasse em suas tão úteis e proveitosas iniciativas.
Os telhados de papelão
do Sr. Jacob Klaes
Aos 10 dias do mês de abril de 1887, foram convidados alguns
jornalistas da imprensa pelotense para visitarem a “lindíssima residência
campestre” do incansável e criativo empreendedor Jacob Klaes, situada em um dos
mais “pitorescos locais dos subúrbios” desta cidade, onde tiveram eles a
oportunidade de observar, entre várias coleções “artísticas de objetos que o
espírito do notável industrialista” se deleitava em criar e organizar, a
utilidade das telhas de papelão.
O telhado de papelão ainda não estava em uso “entre nós”,
entretanto, para galpões, meias águas, galinheiros e outras peças necessárias
em uma casa de comércio ou de residência, oferecia inúmeras vantagens, segundo
avaliação de um dos jornalistas presentes.
O telhado inventado pelo Sr. Klaes tinha a seu favor a
grande modicidade do preço, a leveza que permitia colocar estas telhas sobre
madeiramentos fracos ou de segunda mão, a duração e a consistência que não
possuíam as telhas comuns, sujeitas de quebrarem-se ao choque de qualquer
objeto.
A colocação das telhas, como visto foi, era facílima e pouco
trabalhosa. Dava-lhes a consistência e a impermeabilidade necessárias,
aplicando ao papelão sucessivas pinturas de alcatrão e camadas de areia fina.
Era um novo e barato sistema de cobrir galpões,
contra-feitos [puxados] e outras peças do interior das habitações, coisa que os
jornalistas, por primeira vez, viram posta em prática na propriedade do Sr.
Klaes.
Continua...
Fonte de consulta e imagens:
Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV
Revisão do texto: Jonas
Tenfen
Tratamento de imagem:
Bruna Detoni
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